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Dezembro 20, 2010

Combate ao narcotráfico?

Site da Revista Caros Amigos

Por Flavia Alli
Os problemas enfrentados pelas comunidades do Complexo do Alemão e Vila Cruzeiro são anteriores à invasão das forças armadas e não acontecem somente naquela localidade. As ações repressivas da polícia – desde a última semana de novembro, o descaso do poder público que não garante direitos essenciais e a espetacularização da mídia contribuem para a criminalização da pobreza em curso no Brasil. A avaliação desta conjuntura foi o foco do debate “Combate ao Narcotráfico ou Criminalização da Pobreza?”, que refletiu sob diferentes eixos um problema que transcende as favelas do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 16/12, no Sindicato dos Previdenciários (Sindisprev-rs), em Porto Alegre.

O evento reuniu cerca de 200 pessoas e fez uma avaliação crítica sobre os recentes acontecimentos na cidade fluminense. Ante a necesidade de combater o tráfico de drogas, o Estado arranjou um pretexto para entrar nas favelas brutalmente, numa “operação” em que brasileiros matam brasileiros. A diretora da Associação de Moradores da Vila Operária de Duque de Caxias do Rio de Janeiro, a Leninha, relata que esta situação ocorre há décadas em todas as favelas da cidade e para além das fronteiras da capital fluminense. “O que aconteceu no Rio de Janeiro é uma política nacional, que acontece em todas as comunidades do País. Esse é o tipo de Estado é que queremos?”, indaga. Um Estado que entra somente com a “segurança”, não garante os direitos essenciais das comunidades, como educação de qualidade, saúde, transporte e moradia.

“É preciso que os moradores tenham condições para trabalhar, educação digna que ensine dentro da realidade deles. Mas, se o Estado der educação, sabe que terá o dobro de gente para fazer esse mesmo debate que estamos fazendo e isso não vai ser bom para eles”, contesta Leninha. Esta lacuna a ser preenchida é tática para promover a desinformação e a desarticulação social.

A desinformação é reforçada pelos meios de comunicação – um dos oligopolios brasileiros mais essenciais ao sistema de governo e acumulação de riquezas por poucos -, e outra fonte de investida que oprime estas comunidades.  Segundo a jornalista e editora do site Caros Amigos, Débora Prado, os falsos consensos apresentados pela mídia sobre este tipo de operação nas favelas são forjados por meio da desinformação. “O Rio tem adotado um modelo cidade que atua como empresa, competindo com outras cidades pelos fluxos de capital. E para isso, ela precisa esconder tudo o que não é bonito, aquilo que prejudica sua competitividade. E como fazer isso? Criminalizando e oprimindo. Primeiro a mídia bombardeia a população com o medo, o terror, dá uma super dimensão as ações do tráfico. E depois vem uma cobertura ufanista em relação ao BOPE, tratado como herói. Sem a denúncia do outro lado, dos abusos cometidos, das dificuldades de quem mora na favela, não há como se ter um verdadeiro consenso”, descreve Débora.

Nos anos de chumbo, os militares propagavam “Brasil, ame-o ou deixe-o”; hoje, este cenário também resulta em um maniqueísmo, onde o favelado é obrigado a concordar com a força repressiva que se instala na comunidade.  Para Débora, o grande desafio é desconstruir este falso consenso produzido pela mídia, ampliar o debate com a população e apontar  os direitos essenciais a que a população deve ter acesso. A favela, quando vista apenas como o palco do tráfico de drogas, é também criminalizada, acelerando o processo de criminalização da pobreza, onde os consumidores de informação estão a favor das ações policiais, porém não sabem o porquê, são pouco informados e não debatem de forma consciente as implicações sociais desencadeadas por tal viés.

O morador da Favela da Rocinha e funkeiro MC Leonardo, da Associação dos profissionais e Amigos do Funk (Apafunk), alerta para os efeitos desta “repressão do asfalto sobre as periferias”. “É mentira quando as emissoras falam que a favela tomou um lado. Nenhum morador gosta de ter uma quadrilha na porta de sua casa com uma metralhadora. Queremos as polícias nas favelas como estão no Leblon, e não no Haiti, que enxergue o filho do pobre como o do rico”, rebate o MC. Conforme a visão do funkeiro, a guerra contra as drogas é uma guerra fracassada: “Matar não adianta nem prender. O Estado tem que entrar com todas as secretarias na favela, não é só com a de segurança”.

O combate ao tráfico é o pretexto que o Estado precisava para defender os intereses das empreiteiras na reurbanização da “cidade maravilhosa” para a Copa e as Olimpíadas, proceso que oprime ainda mais o pobre, o favelado, o negro. “A Copa vai acabar e vai resultar uma revolta imensa”, destaca o MC.
Flavia Alli é jornalista
www.twitter.com/flaviaalli

*Nota: O Delegado de Polícia do Rio de Janeiro Orlando Zaccone, convidado para o debate, não pode comparecer, pois estava no auxílio de quatro funkeiros foram presos no último dia 15. Os músicos foram enquadrados por cantar letras que retratam a atual situação do Comando Vermelho após a ocupação no Complexo do Alemão, sendo criminalizados por apologia ao crime.

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