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Setembro 06, 2011

Nova seção DISCODÉLICOS estreia falando de Primal Scream

O DAR inicia hoje sua nova seção, “Discodélicos”. Falaremos aqui de álbuns que tenham algum tipo de relação com as drogas. Seja pela sonoridade buscada pela banda, seja pelo consumo que os artistas faziam durante a gravação, seja pela junção disso tudo. Trata-se de uma lista previamente selecionada de discos, mas que não é imutável. Como toda boa lista, essa também foi feita para deixar alguém de fora e gerar discordâncias.

È bom deixar claro aqui que não estamos quantificando nada. Não pretendemos estabelecer o ranking dos “melhores discos doidões da história”. Tampouco estamos catalogando “os álbuns mais birutas já feitos”. Não, nada disso. A lista reflete apenas aquilo de que conseguimos nos lembrar no momento que surgiu a ideia da série.

Assim, por esse motivo, que é não ter exatamente um motivo, começamos a série com o álbum Screamadelica, dos escoceses do Primal Scream. Poderíamos dizer que essa escolha presta uma homenagem aos 20 anos de lançamento do disco que se completam agora em 2011. Também caberia a resposta de que o disco foi eleito porque seu nome também traz um trocadilho com psicodelia, tal qual nossa série. Ou ainda, que numa viagem muito doida de ácido ao som do danado tivemos a inspiração para fazer isso aqui.

Escolha sua versão favorita e vamos em frente.

Screamadelica é o terceiro álbum do Primal Scream, e ganhou todos os prêmios possíveis – fato que não tem importância nenhuma pra gente. O que importa mesmo é a fusão de rock, acid house, tecno e cultura rave que caiu como uma bomba no mainstream britânico. A surpresa fica maior ainda porque, antes desse disco, a banda fazia um rock voltado para o passado-hard-rock-setentista que não é digno de nota, com discos enfadonhos e repetitivos.

A carreira do grupo pode ser entendida como uma síntese do indie rock britânico nos anos 80 e 90. Bobby Gillespie formou a banda em meados dos anos 80, buscando um som que se opusesse aos góticos do Jesus and Mary Chain (banda da qual Gillespie era baterista) e do Cure. Disso, evoluíram (?) para algo que se assemelha ao punk, até que se reinventaran nos anos 90, com ajuda da dance music e seguindo os passos que fundiam pop e acid house de bandas como Stone Roses e Happy Mondays.

Com Screamdelica, não só enterraram de vez seu passado pouco inspirado, como solaparam seus predecessores no estilo e transcenderam para outra dimensão, mas voltaram de lá para nos contar como é a música por aquelas bandas. Diferente de tudo que fizeram antes, construíram um arco-íris sonoro que induz até o mais desconjuntado a dançar nas ondas psicodélicas. “Eu era cego, agora vejo”. Recado, relato de uma brisa, confissão de alguém tocado pelo LSD, conclusão, essa é a frase que abre o disco.

A fagulha incial de Screamadelica está numa mixagem do DJ Andrew Weatherall – que viria a ser o produtor da maioria das faixas do disco – para a música I’m Losing More Than I’ll Ever Have. Ele limou a instrumentação original da banda, inseriu um baixo pesado, elementos de dub e rebatizou a canção de Loaded. Daí para fazer o rock ganhar as pistas e dar uma nova direção a uma banda que não tinha nenhuma só foi preciso apertar o ‘play’.

Se o LSD fosse um disco, ele seria o Screamadelica. É um dos casos mais bem acabados de música alucinógena e, como tal, capaz de produzir distorções no funcionamento do seu lindo cérebro. Tanto com o docinho quanto com o disco o script é o mesmo: os efeitos variam de acordo com o organismo que está ingerindo a droga e de acordo com o ambiente em que ela está sendo consumida. Sendo assim, se o ouvir numa festa, numa viagem, num rolê de vários dias pela praia, tem grandes chances de tocar as estrelas. “Won’t you won’t you trip me? Lift me, ride me to the stars”, canta a banda.

Já se você puser pra tocar no som do carro, durante uma detestável tarde de trânsito, a incessante repetição de elementos, as idas e vindas das camadas sonoras e a voz semiembriagada podem te trazer euforia, pânico, tristes ilusões ou dores de cabeça. Na verdade, não recomendamos que você o ouça nessa situação pra não ficar com uma impressão errada do disco. (Sempre lembrando que nada disso é definitivo, previsível ou mesmo irrefutável).

Ao longo das faixas temos a nítida sensação de que tudo ao redor está sendo distorcido. Formas, cheiros, e situações são agora como paredes que escorrem e cores que podem literalmente ser ouvidas. Audições mais empolgadas podem perfeitamente lhe dar a sensação de que você é capaz de fazer coisas impossíveis. E afinal de contas, para que serve uma música senão para isso?

A diferença substancial entre o disco e o LSD fica por conta do flashback, que por muitas vezes atormenta alguém que se cansou da viagem já, mas ainda sente um efeito ou outro. Nesse caso, depende exclusivamente de você colocar o disco para tocar de novo e tentar repetir a onda. Ou então ir para outro lugar, desconhecido, e ao qual você nunca mais voltará.

Como costumeiramente acontece com as músicas que são feitas com o intuito de levar as pessoas a dançar, Screamadelica é totalmente ligado a seu tempo e lugar – só relembrando: início dos anos 1990, Reino Unido, febre rave da maneira como conhecemos o termo hoje – mas, ao mesmo tempo, transcende isso tudo com uma potente imaginação, daqueles momentos criativos que só uma alteradinha na consciência traz para você.

O passo foi grande demais, e o tombo consequente também. A banda nunca mais conseguiu fazer algo com tanta força e inventividade. Mas não estamos aqui para discutir a carreira de Primal Scream, e sim sua obra prima. Sigamos, então. Antes de isso acontecer, as inovações do disco já tinham ocupado seu espaço na música pop.

Existe a chance de você não gostar do disco numa primeira audição. Geralmente, isso acontece com os melhores discos. Mas, ao dar uma nova oportunidade para ele, o que há de brilhante ali ficará aparente, te provocando a buscar mais e mais detalhes dentro das camadas sonoro-psicodélicas que vão se desdobrando na sua frente, como um caleidoscópio, que nunca repete suas fascinantes imagens.

Hit-doideragem: Come Together

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=ZUjW82je_38&ob=av2n[/youtube]

Baixe o disco aqui.

 

***

Aproveitamos a criação desta nova seção para dedicá-la aos parceiros do Hempadão, ativistas da cultura canábica que conseguem invejavelmente manter um monte de seções no site, coisa que adoraríamos conseguir fazer. Tamujunto.

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