Marcelo Godoy e Ocimara Balmant
O principal câmpus da PUC, na Rua Monte Alegre, ficará fechado nesta sexta-feira em São Paulo. O reitor, Dirceu de Melo, suspendeu as aulas e todas as atividades administrativas para impedir a realização do Primeiro Festival da Cultura Canábica, organizado pelo Facebook, que, até ontem à noite, já tinha mais de 6 mil confirmados. Assim que a nota de Melo suspendendo as atividades foi divulgada, os organizadores começaram a se mobilizar, no próprio Facebook, para que o evento não seja cancelado.
“Eu tenho que considerar a situação em função do que acontece. Quando soube do objetivo e do alcance desse evento, achei que fechar o campus era o mais apropriado. Se insistirem, terei de tomar outras providênciasâ€, diz Melo.
Alunos criticaram a decisão do reitor. “A decisão mostra o conservadorismo da instituição. Se falar sobre a descriminalização da maconha fosse apologia, tem ex-presidente brasileiro em conta com a justiçaâ€, disse uma aluna. Outros, pediam que todos comparecessem para que fosse organizada uma invasão.
Há outros, no entanto, que não aprovam a festa. “Lugar de discutir legalização não é na PUC com uma festa para 6 mil pessoas fumando e bebendo a vontade. PUC virou sinônimo de baderna por causa de pessoas assimâ€, postou uma estudante de direito.
Para Stefano Wrobleski, 21, aluno do 3.º ano de jornalismo e membro do centro acadêmico, “perder aula só para que a festa não aconteça é um absurdoâ€. “O pior é que isso abre um precedente para que isso aconteça outra vez. Essa festa não foi organizada pelo diretório, mas o que vejo é que a diretoria quer uma PUC sem festas. E isso não está certo. Universidade não serve só para aulas, mas também é um lugar de convivência.”
O delegado Wagner Giudice, diretor do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), afirmou que os organizadores do festival da cultura canábica serão investigados pela PolÃcia Civil. “Um inquérito vai apurar, e seus organizadores terão de prestar esclarecimentosâ€, afirmou.
Em tese, além do crime de apologia ao uso de drogas, os organizadores podem ser acusados de associação para o tráfico de drogas, crimes punidos com detenção de 3 a 6 meses e com 3 a 10 anos de prisão, respectivamente. Em seu ato, o reitor da PUC afirma que um inquérito foi aberto pela polÃcia e diz ainda que a universidade vai prestar esclarecimentos sobre as providências tomadas para evitar o festival.
No ato que publicou, o reitor afirma que a decisão da suspensão das aulas considera outros problemas que têm ocorrido com frequência. Ele afirma que as festas nas noites das sextas-feiras ganharam proporções inadmissÃveis por conta do barulho, duração até a madrugada e uso “não dissimulado de bebidas alcoólicas e entorpecentes, afora outras condutas reprováveis.†Dirceu diz também que tem havido reclamações dos vizinhos, alunos e pais de alunos e que, recentemente, até a encenação de um espetáculo no Tuca, o teatro da universidade, foi prejudicada pelo barulho. / COLABOROU CEDÊ SILVA, ESPECIAL PARA O ESTADO
UOL Da Redação
Em São Paulo
O reitor da PUC-SP (PontifÃcia Universidade Católica), Dirceu de Mello, decidiu suspender as aulas e atividades administrativas dessa sexta-feira (16) no campus Monte Alegre, no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo, por conta do “1º Festival de Cultura Canábicaâ€. O evento está sendo organizado por estudantes e foi marcado para acontecer entre 16h de amanhã e 4h de sábado (17).
Os praticantes da cultura canábica defendem a descriminalização do uso da maconha (cannabis sativa) e cultuam objetos produzidos com a erva. Segundo os organizadores, o festival serve para propagandear as duas causas.
O evento foi divulgado em redes sociais, e só no Facebook mais de 6.000 usuários confirmaram presença. Nos convites, os organizadores pedem para os convidados não consumirem maconha na festa porque suspeitam que haverá polÃcia no local.
Na programação do festival há cinco bandas alinhadas à causa, DJs, um desfile para eleger a “Miss 4:20†(4:20 significa consumir maconha), além de um concurso de culinária para premiar o melhor “lariqueiro†–no vocabulário dos “canábicosâ€, uma espécie de chef habilidoso em preparar lanches e pratos improvisados para saciar a fome resultante do consumo de maconha.
A suspensão das aulas no campus Monte Alegre foi determinada pelo reitor em ato publicado nesta quinta-feira (15). Dirceu de Mello também interditou toda área do campus para impedir a realização do festival.
Para justificar sua decisão, o reitor afirmou que nas festas realizadas às sextas-feiras na PUC há consumo de drogas e bebidas alcoólicas em pleno campus, além de barulho excessivo. O reitor citou ainda uma interpelação dirigida à universidade pelo Ministério Público e uma notificação do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) da prefeitura.
Após a divulgação do festival, Mello pediu abertura de inquérito no 23º DP (Perdizes).