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Agosto 13, 2010

Angeli diz fumar maconha diariamente e defende legalização

Em entrevista à revista Trip, o cartunista Angeli abordou a questão das drogas, violência e outras questões interessantes, que podem ser conferidas abaixo. O texto completo está disponível aqui.

Angeli

Ele não é de oposição nem de situação. É contra a politicagem e o politicamente correto
icone postado
09.08.2010 | Texto por Fernando Luna Fotos Nelson Mello

Angeli encontra Bob Cuspe em Paris, 1986

Angeli encontra Bob Cuspe em Paris, 1986

Voltando à sua presidência, e o casamento gay?
Sou a favor, tenho amigos gays, são pessoas que merecem casar, adotar filhos… Não quero mais ser dirigido por um bando de velhas corocas de direita.

E quanto à taxação de grandes riquezas…
Tenho problema com grandes riquezas, tem que taxar sim. Tem gente que construiu tudo em cima de um objetivo muito vazio, que é o enriquecimento próprio. Tudo que é muito pode ser dividido. Sou um proletário, né?

Legalização das drogas?
Fiz até charge sobre isso, quando uns traficantes queimaram uns ônibus lá no Rio. Era uma cena de anarquia, ônibus pegando fogo e tal… Aí um cara falava: “Como você pode ser a favor da legalização? Está querendo que a gente viva numa anarquia?”… A gente já vive na anarquia, só que é anarquia de direita. Traficantes são de direita, querem que as coisas continuem assim para sempre, é o negócio.

Quando experimentou maconha?
Tinha uns 12 anos. Um primo tinha uma baganinha… Lembro que experimentei e ficava olhando no espelho pra ver se minha cara mudava ou entortava… Não entortou. Acho que é por isso que fumo diariamente até hoje…

Você usou muita cocaína.
Consumi todo dia por uns dez anos, tenho tendência a viciar nas coisas. Parei há muito tempo, mas de vez em quando parece que ainda sinto o cheiro…

Teve alguma overdose?

Já achei que tava tendo um ataque cardíaco. Morei dois anos com um cara que sempre tinha uma pacoteira de pó. Ele ia viajar eeu assaltava a gaveta dele. Uma vez, fui lá e mandei uma fileira enorme. Gelou meu corpo inteiro, garganta, peito, tudo. Falei, fodeu! Achei que era um ataque mesmo. Fiquei ali parado um tempão, passando mal. Era xilocaína, o cara ia misturar. Quando passou, tomei um banho e fui na verdadeira.

Como conseguiu parar?
Tava há umas três noites virado, uma caveira ambulante. Meu filho, com 4 anos, acorda todo feliz: “Vamos na pracinha?”. Fui e passei muito mal, queda de pressão, suor… Meu filho me puxando e eu sem energia nenhuma. Achei degradante ver ele brincando sozinho e o pai assim mal. Decidi que nunca mais usaria. Consegui parar sem a dificuldade que todo mundo dizia que seria. Pra me defender, desenvolvi um discurso.

Qual?
Que cocaína é de direita e maconha é de esquerda. Maconha é socializante, todo mundo fuma no mesmo baseado e dá risada depois. Cocaína, não. É de quem tem, e você se submete a esse poder pra cheirar uma fileirinha no cantinho do mármore do banheiro.

“A cocaína me debilitou um pouco. Maltratei meu pulmão mais que um simples fumante”

Heroína?
Experimentei uma vez, esfregando na gengiva, não bateu… Tenho problema com agulha… Existia um negócio chamado Pervitin, uma ampolinha que toma nos canos, lá na Casa Verde todo mundo tomava. Como tenho medo de injeção, tomei pouquíssimo, nunca foi o meu barato. Já estava meio contra essa ideia de drogas desse tipo, que encampam você todo e você não consegue reagir.

Tipo ácido, ayahuasca?
Devo ter tomado uns 15 ácidos na vida. Tive viagens maravilhosas, nenhuma bad trip. Mas tenho essa coisa de virginiano, parece que nada me pega por completo, não me deixo levar. Tomei Daime uma vez, porque o Glauco era ligado a isso. Não senti absolutamente nada. Uma vez, tava com ele e mais umas pessoas, à noite numa praia. Todo mundo tinha tomado. O Glauco falava: “Olha isso…”. E eu: “Glauco, isso já tá aí faz tempo, essa Lua é bonita com ou sem essa porra!” [risos]. Ele ficava puto.

Deve ter sido difícil perder um amigo tão próximo.
Tem coisas que só o Glauco sabe que vivi [o cartunista Glauco e seu filho Raoni foram assassinados em março deste ano]. A gente correu o Brasil juntos, lançando revistas, entrando em cada furada… Um amontoado de bebedeiras, palhaçadas, sexo malfeito e drogas. Ele era praticamente padrinho dos meus filhos, vi nascer os filhos dele, participei de tudo isso. Criou um buraco na minha história.

Qual foi a última vez que você encontrou o Glauco?
No começo de 2009, numa reuniãozinha que a gente fez pra escrever uns roteiros para uma animação de Los 3 Amigos [série de quadrinhos desenhada a seis mãos por Angel Villa, Glauquito e Laerton].

Por causa do Los 3 Amigos, parece que vocês estavam sempre juntos.
Tinha uma época que era assim. Principalmente eu e o Glauco, que também tinha essa sede de noite, mulheres, se drogar… O Laerte sempre foi mais brando. Mas quando o Glauco entrou nessa coisa da igreja, de Daime, aquilo tomou conta da vida dele.

Arquivo Pessoal

Los 3 Amigos em 1987: Laerte, Angeli e Glauco

Los 3 Amigos em 1987: Laerte, Angeli e Glauco

Como ficou sabendo da morte dele?
Tocou o telefone de manhã, mas não atendo porque faço a tira. Abaixei o volume da secretária eletrônica e não escutei quem era. Era o Adão [Iturrusgarai]. Na mesma hora, eu tava ligando o computador e apareceu a cara do Glauco na primeira página. Não acreditei… Fui sentir mesmo a morte dele quando fiquei em frente ao caixão.

O que você lembra do enterro?
Não lembro muito do entorno, de quem estava lá… Vou direto naquilo que me dói. Foi muito forte ver o Raoni no caixão, o filho dele… [emocionado]. Ele adorava o tio Angeli, era um garoto doce, inteligente. Na verdade, ainda não sei explicar muito bem o que senti. Tem momentos em que penso em alguma coisa e falo “ah, vou ligar pro Glauco”, aí lembro que o cara morreu…

Você acredita em Deus?
Não, nunca acreditei… Mas cheguei a ser coroinha, por um dia.

Um dia?
É, quebrei aquela merda em que coloca incenso. Foi sem querer, eu tinha que virar o negócio, virei muito rápido e, pow!, pulou cinza no meio da missa. O padre ficou puto.

Como está sendo envelhecer?
Tem coisas muito legais, como não se importar mais com coisas pequenas, não dar importância pro que não tem. A parte ruim é que me sinto com menos energia. Um dia fui numa padaria com a Carol e fiquei sentado esperando ela comprar alguma coisa. Quando ela voltou, eu tava cochilando…

Alguma consequência do uso intensivo de drogas?
A cocaína me debilitou um pouquinho. Maltratei meu pulmão mais que um simples fumante. Porque você fica mais tempo acordado, fuma muito mais e bebe bastante pra baixar a bola da cocaína.

Tem medo de morrer?
Não sei se tenho medo de morrer… Acho que tenho é pouco tempo pra fazer as coisas que quero. Sou pretensioso em relação ao que vou deixar. Olho muito o trabalho do Millôr, de pessoas que já morreram, como [os desenhistas] Raul Pederneiras e J. Carlos, e vejo o que eles deixaram.

Como quer ser reconhecido?
Não tenho reclamação. Tenho o reconhecimento que mereço e, às vezes, até o que ainda não mereço. Ouvi coisas como “você é gênio”… É impossível eu ser gênio, sei das dificuldades que tenho.

Conhece algum gênio?
O Laerte é gênio.

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