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Abril 22, 2014

Bruno Paes Manso: Marcha da Maconha já é um dos grandes eventos políticos de SP

Bruno Paes Manso

Não, não se trata dos jovens escapistas estigmatizados no filme Tropa de Elite I, defendendo questões etéreas como a paz no mundo a partir de Foucault. Para quem deseja contestá-los, será preciso esticar o chiclete e caprichar nos argumentos durante o debate. Também não cola mais a acusação de que eles são jovens chapados de cabelos cumpridos, vestindo batas e batas fazendo apologia ao crime. Não senhor. A discussão que eles trazem para as ruas é muito mais instigante e complexa. Segue abaixo a lista de pelo menos cinco motivos para afirmar que a Marcha da Maconha, que ocorre neste sábado a partir das 14 horas na Avenida Paulista, já conquistou espaço no calendário dos eventos políticos e culturais de São Paulo mais importantes feitos pela nova geração de jovens urbanos que continuam a surpreender e a estimular a discussão na cidade.

1)  Os jovens de coletivos como Desentorpecendo a Razão e É de Lei, que desde 2007 ajudam na organização da marcha, foram presenças chaves no processo que desencadeou as jornadas de junho em São Paulo. Junto com o Movimento Passe Livre (MPL), os coletivos que se agrupam em torno da Marcha da Maconha estão entre os que mais experiências acumularam nas ruas nos últimos anos. Na marcha ocorrida em 2011, que acabou depois da intervenção violenta da polícia, os manifestantes encerram o ato com o clássico “amanhã vai ser maior”, que ficaria famoso em junho nas ações do MPL. Se o Passe Livre lança mão da ação direta e da desobediência nas ruas, a Marcha é mais festiva, justamente por lidar com um tema que por si só já é criminalizado. Nesse sentido, para evitar conflitos politicamente improdutivos, abusam da chamada tática pink bloc.

2) Desde junho de 2011, o Supremo Tribunal Federal definiu que a Marcha da Maconha pode ocorrer nas ruas da cidade brasileira. Se a Constituição parece clara no que diz respeito ao direito à livre manifestação, entre 2007 e 2011, liminares e ações judiciais tentaram barrar o evento no Brasil inteiro produzindo uma enfadonha discussão jurídica em torno da apologia ao crime, que acabava monopolizando o debate. As liminares, como aquela que proibiu o evento de maio de 2011, acabavam provocando ações repressivas da polícia e desmobilizando as marchas. Os organizadores aproveitaram a decisão da Corte Suprema para promover uma semana de intenso debate em torno do tema (ver calendário abaixo).

3) Em dezembro de 2013, o Uruguai legalizou a produção, a distribuição e a venda de maconha sob controle do Estado. Nos Estados Unidos, que possui uma lei federal rigorosa contra as drogas, legislações estaduais de Colorado e Washington liberaram a venda da erva, que começou a ser comercializada em lojinhas locais. Se, há menos de dois anos, a meta da legalização parecia uma utopia, a pauta entrou no radar político de um grupo cada vez maior e mais influente de apoiadores.

4) O tema deste ano da Marcha da Maconha em São Paulo é “cultivar a liberdade para não colher a guerra”. Curiosamente, não se trata de uma bandeira “esquerdista”. A defesa da liberalização das drogas para diminuir a violência do comércio ilícito já era defendida por ícones do liberalismo como o prêmio Nobel norte-americano Milton Friedman e a revista inglesa The Economist. De acordo com os liberais, a regulação e a formalização do comércio ajudaria no controle do crime decorrentes das disputas sangrentas por mercado.

5) Formuladores de políticas de segurança pública de países como Estados Unidos, com a maior população prisional no mundo (mais de dois milhões de presos), e Brasil, o quarto no ranking (mais de 500 mil presos), já perceberam que lidam com uma armadilha. Caso as regras sejam mantidas, por mais que aprisionem, haverá sempre novas prisões a construir. Muitos dos presos são pequenos traficantes, que acabam lotando as prisões e sendo cooptados por quadrilhas mais perigosas para a prática de crimes mais graves. Para os críticos, a liberalização das drogas ajudaria a desarmar essa armadilha. E se justificaria porque, de acordo com essa visão, a venda de drogas não é um crime violento. Se no roubo o ladrão usa uma arma para conseguir o que quer da vítima, o traficante atende a clientes que o procuram. As prisões deveriam priorizar a punição contra criminosos violentos.

Concluindo, independentemente de concordar ou não com esses argumentos, o debate ganhou peso político nos últimos anos. Se já era um assunto importante para a atual geração de jovens que vive nas cidades, conquistou também a atenção de pais e avós, como o ex-presidente Fernando Henrique. Não se pode mais fechar os olhos, já que o consumo de drogas aumentou e praticamente deixou de ser uma atitude underground e contracultural. Está cada dia mais associada aos valores do establishment. É consumida nas baladas, vendida na Rua Augusta, fumadas nos grandes shows. Representa a valorização dos prazeres de curto prazo, uma espécie de felicidade a ser comprada e consumida, assim como o sexo por diversão e o consumo ostentação.

Justamente por ser cada vez mais pop, não é mais possível discutir as drogas com a hipocrisia de antigamente.

Abaixo, o calendário de eventos de debates para esta semana em SP. Na quinta-feira, dia 24, participo de debate na Cásper Lìbero com os jornalista Laura Capriglione, Tarso Araújo e Júlio Delmanto.

 

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