COLETIVO DAR
Nesta terça-feira, 6 de novembro, serão realizadas as eleições presidenciais nos Estados Unidos, e neste dia também eleitores estadunidenses podem estar decidindo o futuro da guerra à s drogas. Não que uma vitória do moderado Obama ou do ultraconservador Romney possam mudar as polÃticas proibicionistas impulsionadas pelo paÃs há um século: é que neste mesmo dia os estados de Colorado, Oregon e Washington votarão plebiscitos sobre a legalização da maconha. E o cenário é animador: em 2 deles o SIM está vencendo nas pesquisas.
Num paÃs em que o mercado regulamenta praticamente tudo, as pesquisas de opinião não são lá muito confiáveis, seus resultados variam bastante de acordo com os interesses dos que promovem as enquetes. Mas tudo indica que nos estados de Colorado e Washington há grande chance da legalização da maconha ser aprovada.
Apoiada pelo Partido Democrata e combatida pelo prefeito da capital Denver, a proposta do Colorado – 22º estado mais populoso do paÃs, com cerca de 5 milhões de habitantes -, conhecida como Emenda 64, é considerada a favorita entre as três. Segundo o Denver Post, pesquisas indicam por enquanto um cenário de 51% de aprovação ao SIM, com apenas 40% para o NÃO.
Colorado já é um dos 17 estados do paÃs que permitem acesso à maconha medicinal, havendo por lá cerca de 500 dispensários legais que gerariam aproximadamente 4 mil empregos diretos. Mais de 100 mil moradores do estado estão registrados para acessar esse benefÃcio, a maioria deles vive na região metropolitana da terra dos Denver Nuggets. Esse mercado já gera 11 milhões de dólares por ano em impostos, e estima-se que mais 22 milhões poderiam ser arrecadados com a legalização completa do mercado.  A legalização traria ainda aos cofres públicos uma economia de 60 milhões de dólares gastos atualmente em repressão e burocracia.
No estado de Washington – não confunda com a capital Washington DC, o estado está no extremo norte e no extremo oeste do paÃs, e sua cidade mais famosa é Seattle – todas as principais pesquisas apontam vitória do SIM para a Iniciativa 502. As diferenças estão nos números: a Elway Research aponta vitória por 48% a 44%, já a Strategies 360 mostra 54% a 38%, a Survey USA 55% a 36% e a feita pela Universidade de Washington 47% a 44%.
Já no Oregon, a situação é distinta para a Medida 80. Diferentemente de Washington, onde foram arrecadados 4 milhões de dólares para a campanha, e do Colorado, que levantou 1 milhão, neste estado o grupo que organiza a defesa do SIM conseguiu apenas quatro mil dólares– depois de pagar os 350 mil necessários para cadastrar a iniciativa e ter direito a disputar o plebiscito.  Grande parte desse dinheiro foi pago por um empresário de maconha medicinal e antigo ativista da legalização chamado Paul Stanford.
Slogans como “Você não precisa fumar. Só precisa bom sensoâ€, “Sua escolha: Policiais podem perseguir maconheiros. Ou criminososâ€, “Nós somos o único paÃs industrializado sem uma indústria de cânhamo. Deve ser porque não precisamos de dinheiro†ou “Ataque os cartéis, ajude nossos fazendeiros†parecem não estar sensibilizando a população, que em sua maioria apóia o NÃO: 41% contra 37%. A boa notÃcia é que 22% se declararam indecisos.
Além de impulsionador e promotor da guerra à s drogas, os Estados Unidos são também o principal consumidor de drogas ilÃcitas do mundo, e essa hipocrisia está sendo cada vez mais colocada em discussão pela opinião pública do paÃs, que ao menos no caso da maconha está disposta a lidar com a alteração de consciência em marcos distantes da criminalização. Segundo pesquisa publicada pelo Huffington Post, quando questionados se gostariam que a marijuana fosse tratada legalmente como álcool, 51% dos entrevistados disseram defender a legalização com taxas, além de 8% que defendem a legalização mas sem taxação. No total, portanto, 59% são a favor de regulamentação. Apenas 26% foram contra, e 15% não têm certeza. Quando o assunto é maconha medicinal, a vitória é ainda mais flagrante: 64% são a favor e 23% contra, sendo que as pessoas que têm entre 45 e 64 anos 74% são a favor.