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Maio 19, 2015

Nota assinada por diversos coletivos repudia machismo na Marcha da Maconha do Rio de Janeiro

Empoderamento feminista no Jardim de Alah, apologia ao estupro no Arpoador: a trajetória da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro está em disputa.

DOS FATOS

No dia 9 de maio, às 14h20, 8 mil pessoas fomos às ruas exigir a legalização da maconha. Nessa ocasião, participantes de uma das maiores manifestações canábicas do país perceberam a gritante contradição em relação aos referenciais políticos que norteiam nossa atuação.

No início houveram várias manifestações de empoderamento feminista, com mulheres, pela primeira vez na história da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro, ocupando metade das falas em favor da legalização da maconha, de outras drogas e pelo fim da guerra aos pobres. Ao fim da Marcha, no entanto, o que se viu e ouviu foi um espetáculo de violência contra as mulheres. A festa que aconteceu ao fim da trajetória da Marcha optou por colocar em seu repertório músicas que faziam apologia ao estupro e reproduziam a violência contra as mulheres.

Neste momento algumas pessoas se dirigiram ao indivíduo organizador (Raoni Mouchoque Teixeira, proprietário da Rádio Legalize e da festa CLAPS) para questionar o conteúdo machista das músicas e apontar a contradição deste com os ideais libertários da Marcha da Maconha. Sua resposta à crítica foi a reprodução de outra música onde se destacava um verso de evidente apologia ao estupro: “arrebenta, arrebenta a buceta dela”.

O imperativo “vai mamar soldado” é verso de uma das músicas reproduzidas pelo organizador da festa e remete às consequências inadmissíveis da guerra as drogas, duplamente sofrida pelas mulheres: ao serem colocadas em situação de vulnerabilidade perante uma estrutura de poder hierarquizada e machista que caracteriza as organizações do tráfico, as mulheres além de serem inferiorizadas na divisão sexual do trabalho do varejo ilícito, também são vítimas de sistemáticas violações ao corpo, incluindo o estupro por parte de soldados traficantes ou soldados do Estado quando estes, com a desculpa de uma guerra as drogas, viola quaisquer direitos humanos, violentando mulheres nas periferias e favelas do país.

ESCLARECIMENTO E REPÚDIO

Nós, militantes da Ala Feminista da Marcha da Maconha, da Organização Positivamente, do Movimento pela Legalização da Maconha e outrxs organizadoras e organizadores da Marcha da Maconha do Rio de Janeiro viemos por este meio repudiar os responsáveis pelo conteúdo misógino da festa que se pretendeu encerrar nosso ato político e aproveitamos para esclarecer as disputas internas da organização da Marcha da Maconha que culminaram nesse desastre violento e revoltante.

A organização da Marcha da Maconha no Rio de Janeiro se deu através de periódicas reuniões em universidades e demais espaços públicos da cidade. Nessas reuniões estabelecemos comissões responsáveis por tarefas como comunicação, finanças e festa. Desde o início, a comissão de festa, aberta e democrática, se reunia para organizar o evento de Fechamento Cultural. O evento coletivamente decidido já contava com uma programação prévia da atividade a ser realizada no Arpoador incluindo uma batalha de rep com a participação dos companheiros de Magé, quando, na reta final, Raoni (que havia organizado outras marchas da maconha, mas que não esteve em qualquer momento da organização da Marcha da Maconha 2015), com apoio de alguns outrxs organizadorxs, decidiu atropelar as decisões coletivas e democráticas e anunciar que faria sua festa particular, também no Arpoador, ao fim do ato.

Com apoio de alguns amigos, Raoni fez sua festa chamada CLAPS, mas esta nunca foi uma decisão da organização da Marcha da Maconha. Mantendo a decisão coletiva, no dia da Marcha da Maconha também realizamos a festa democraticamente organizada pelo coletivo. Levamos nossxs convidadxs e equipamentos da organização, conseguidos com poucos recursos, mas mal conseguimos ligá-los diante do som estrondoso que Raoni levou para coroar seu autoritarismo com o evidente propósito de silenciar a organização coletiva, as feministas da Marcha da Maconha, e os MCs que vieram de Magé para compartilhar com a coletiva seu rep e sua arte.

O racismo acontece de várias formas, uma delas é o silenciamento. A partir do momento que impossibilitaram a apresentação dos reps, silenciaram reppers negros da periferia, os levando ao sentimento de frustração e humilhação e reproduzindo o que o Estado tenta fazer todos os dias nos espaços de expressões culturais de periferia. É importante destacar que o quê se tentou calar foi a música de RESISTÊNCIA.

Assim, a tentativa de silenciamento promovida pelo atropelamento autoritário de Raoni, tem caráter de gênero, de raça e de classe e foi um testemunho do que o dinheiro pode fazer, mas nossa resistência, então e agora, é também sintoma de que não vamos retroceder.

Sabemos quais os desdobramentos que ocorrem dessa confusão entre público/ coletivo e o privado/individual. Uma festa particular não responde a concepções coletivas, mas sim única e exclusivamente ao seu proprietário. Quando Raoni se usa de seus equipamentos de som para veicular uma enxurrada de discursos que restringem a liberdade das mulheres, que ignoram o consentimento feminino e incitam violência sexual contra estes corpos, ele deveria estar respondendo apenas por seu próprio machismo. Acontece que seu oportunismo em atrelar sua iniciativa privada à Marcha da Maconha e a inabilidade da nossa organização para responder a este fato em concreto, permitiu que se confundissem o público e o privado fazendo com que o consenso libertário conquistado pelas feministas antiproibicionistas, tenha sido afrontado de maneira tão violenta ao fim da nossa Marcha.

REPUDIAMOS VEEMENTEMENTE QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES COMO AS REPRODUZIDAS POR RAONI MOUCHOQUE TEIXEIRA EM SUA FESTA PARTICULAR CLAPS AO FIM DA MARCHA DA MACONHA E NOS COMPROMETEMOS A LUTAR PARA QUE NENHUMA VIOLÊNCIA MACHISTA SEJA REPRODUZIDA EM NOME DA MARCHA DA MACONHA E QUE, NUNCA MAIS, AS INICIATIVAS PRIVADAS SE SOBREPONHAM ÀS DECISÕES COLETIVAS EM NOSSA ORGANIZAÇÃO. ESTA FESTA NÃO REPRESENTA NOSSOS IDEAIS.

Não somos aliadas e aliados de agressores machistas que buscam a liberdade de seus corpos e mentes enquanto violentam ou incitam a violência contra o corpos femininos. Ninguém é livre até que todxs sejamos: alguém que defende a sua própria liberdade com base na violência contra outras não está defendendo a liberdade, mas sim sua própria posição de privilégio baseada na opressão das outras pessoas. É alguém que não quer ser livre: quer licença para agredir impune e indiscriminadamente. Em sentido oposto, acreditamos que a maconha e nenhuma outra droga deve ser legalizada por meio de discursos que violentam e restringem a liberdade das mulheres.

Para quem entende as mulheres como objeto, a organização e o fortalecimento feminista dentro e fora do movimento é uma ameaça. Isto pode ser visto pela escalada de violência misógina deste indivíduo. A postura nos revolta, mas também é sinal de que a concepção de uma legalização de fato libertária está crescendo, nosso fortalecimento e nosso grito ecoam cada vez com mais força.

SE CUIDA, SE CUIDA, SE CUIDA, SEU MACHISTA! A MARCHA DA MACONHA VAI SER TODA FEMINISTA!

PS. EVIDENTEMENTE somos a favor de quaisquer expressões artísticas que não reproduzam a violência machista, racista, homotransfóbica e de classe. Entendemos que o criminalização do FUNK, assim como das drogas são perseguições classistas e seletivas, facetas da mesma guerra aos pobres. Além disso, existe uma vasta gama de FUNK PUTARIA que não reproduz a violência contra as mulheres e, inclusive empodera a nossa liberdade sexual. Mas o DJ preferiu reproduzir as músicas que fazem apologia ao estupro em intencional afronta às feministas do movimento e a todas as mulheres.

Ala Feminista – Marcha da Maconha RJ

Ala Psicodélica – Marcha da Maconha RJ

Movimento pela Legalização da Maconha

Organização Positivamete – OPM

Marcha da Maconha – Campinas

Marcha da Maconha Niterói.

Coletivo Dona Finazinha

Marcha da Maconha Curitiba

Marcha da Maconha UERJ

Marcha da Maconha Baixada Santista

Liga Brasileira de Lésbicas

Marcha da Maconha Ilha do Governador

Cultura Verde – Coletivo Antiproibicionista e Antimanicomial

RUA – Juventude Anticapitalista

Coletivo DAR – Desentorpecendo a Razão

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