• Home
  • Quem somos
  • A razão entorpecida
  • Chame o DAR pra sua quebrada ou escola
  • Fale com a gente
  • Podcast
  • Quem somos
  • A razão entorpecida
  • Podcast
  • Chame o DAR pra sua quebrada ou escola
  • Fale com a gente
Agosto 06, 2013

Rede 2 de Outubro: A LUTA PELO FIM DOS MASSACRES NÃO CABE NOS TRIBUNAIS

Na madrugada do último sábado, foi proferida a condenação de 25 policiais da Rota pela execução, em 2 de outubro de 1992, de 52 homens presos no 3º andar da Casa de Detenção do Carandiru.

Apesar de se tratar de notícia importante, que revela a confirmação por júri popular, ainda que mais de 20 anos depois, do Massacre do Carandiru e a responsabilização de parte dos policiais participantes da chacina, não podemos, ingenuamente, achar que a “justiça foi feita”.

Como já afirmamos em nota publicada quando do início do julgamento da primeira leva de policiais (abril), é preciso lembrar que esse mesmo Estado, ora chamado a “fazer justiça”, é peça fundamental na estrutura social que permitiu a ocorrência do Massacre do Carandiru e de tantos outros massacres que marcaram (e ainda marcam) a nossa história.

Enquanto os 25 policiais da Rota, 20 anos depois da maior chacina da história do sistema prisional brasileiro, eram julgados no subterrâneo do Fórum da Barra Funda, nos dois andares superiores centenas de jovens, pobres e pretos eram sumariamente condenados ao cumprimento de longas penas em prisões onde ficarão apinhados em celas superlotadas, sem qualquer estrutura para acolher seres humanos, em verdadeiros moinhos de massacrar gente.

Tanto esses jovens como os policiais da Rota fazem parte, em graus diferentes, da mesma seletividade que caracteriza o sistema penal: enquanto os policiais são julgados sem a presença de seus mandatários, o Governador da época, Luís Antônio Fleury Filho, e o Secretário de Segurança, Pedro Campos, as centenas de milhares de jovens que superlotam os presídios brasileiros são alvo de um sistema que ignora amplamente a criminalidade cometida pelas classes sociais mais abastadas ao passo que persegue e criminaliza implacavelmente as classes mais pobres.

Obviamente, as semelhanças param por aí: enquanto os policiais da Rota tiveram e terão a “colher-de-chá” de responder o processo em liberdade até o julgamento do último recurso, a juventude pobre e preta alvejada pelo sistema penal começa a cumprir pena desde a prisão em flagrante, independentemente da presunção de inocência, garantia constitucional que deveria, em tese, ser observada em ambos os casos.

Vale ainda lembrar que entre os policiais condenados está Salvador Modesto Madia, até pouco tempo comandante da Rota nomeado pelo Governador Geraldo Alckmin. A Rota, apesar de não chegar a corresponder a 0,5% de todo o efetivo da Polícia Militar, é responsável por cerca de 20% dos homicídios cometidos por essa corporação. A manutenção desse destacamento e a nomeação para o seu comando de um dos principais responsáveis pelo massacre do Carandiru são demonstrações claras de que política de genocídio da população pobre e preta segue em pleno vigor.

Assim, apesar da importância da responsabilização pública desses policiais e dos mandatários do Massacre (que, vergonhosamente, participaram do processo como meras testemunhas), não nos iludimos com as possibilidades de se fazer justiça dentro do sistema penal, que é nítida e inescapavelmente voltado à manutenção e ao aprofundamento das desigualdades produzidas pelo sistema capitalista.

Seguimos na lida cotidiana pelo fim dos massacres, com a clareza de que as lutas para incidir nas estruturas que permitem massacres como o do Carandiru, como, por exemplo, pela desmilitarização das polícias, pelo fim dos extermínios policiais e pela reversão da política de encarceramento em massa, não cabem nos tribunais.

Como já nos manifestamos outrora: a derrocada dessa ordem que se sustenta a partir do extermínio do povo pobre e negro, nos dois lados do muro, e no dia a dia, e da qual o Massacre do Carandiru é produto e expressão, somente se dará com a organização e a luta popular contra esse Estado Penal e contra as classes abastadas que dele se valem para manter seus domínios.

 

REDE 2 DE OUTUBRO

PELO FIM DOS MASSACRES

 

Comments

comments

Nos ajude a melhorar o sítio! Caso repare um erro, notifique para nós!

Recent Posts

  • NOV 26 NÓS SOMOS OS 43 – Ação de solidariedade a Ayotzinapa
  • Quem foi a primeira mulher a usar LSD
  • Cloroquina, crack e tratamentos de morte
  • Polícia abre inquérito em perseguição política contra A Craco Resiste
  • Um jeito de plantar maconha (dentro de casa)

Recent Comments

  1. DAR – Desentorpecendo A Razão em Guerras às drogas: a consolidação de um Estado racista
  2. No Grajaú, polícia ainda não entendeu que falar de maconha não é crime em No Grajaú, polícia ainda não entendeu que falar de maconha não é crime
  3. DAR – Desentorpecendo A Razão – Um canceriano sem lar. em “Espetáculo de liberdade”: Marcha da Maconha SP deixou saudade!
  4. 10 motivos para legalizar a maconha – Verão da Lata em Visitei um clube canábico no Uruguai e devia ter ficado por lá
  5. Argyreia Nervosa e Redução de Danos – RD com Logan em Anvisa anuncia proibição da Sálvia Divinorum e do LSA

Archives

  • Março 2022
  • Dezembro 2021
  • Setembro 2021
  • Agosto 2021
  • Julho 2021
  • Maio 2021
  • Abril 2021
  • Março 2021
  • Fevereiro 2021
  • Janeiro 2021
  • Dezembro 2020
  • Novembro 2020
  • Outubro 2020
  • Setembro 2020
  • Agosto 2020
  • Julho 2020
  • Junho 2020
  • Março 2019
  • Setembro 2018
  • Junho 2018
  • Maio 2018
  • Abril 2018
  • Março 2018
  • Fevereiro 2018
  • Dezembro 2017
  • Novembro 2017
  • Outubro 2017
  • Agosto 2017
  • Julho 2017
  • Junho 2017
  • Maio 2017
  • Abril 2017
  • Março 2017
  • Janeiro 2017
  • Dezembro 2016
  • Novembro 2016
  • Setembro 2016
  • Agosto 2016
  • Julho 2016
  • Junho 2016
  • Maio 2016
  • Abril 2016
  • Março 2016
  • Fevereiro 2016
  • Janeiro 2016
  • Dezembro 2015
  • Novembro 2015
  • Outubro 2015
  • Setembro 2015
  • Agosto 2015
  • Julho 2015
  • Junho 2015
  • Maio 2015
  • Abril 2015
  • Março 2015
  • Fevereiro 2015
  • Janeiro 2015
  • Dezembro 2014
  • Novembro 2014
  • Outubro 2014
  • Setembro 2014
  • Agosto 2014
  • Julho 2014
  • Junho 2014
  • Maio 2014
  • Abril 2014
  • Março 2014
  • Fevereiro 2014
  • Janeiro 2014
  • Dezembro 2013
  • Novembro 2013
  • Outubro 2013
  • Setembro 2013
  • Agosto 2013
  • Julho 2013
  • Junho 2013
  • Maio 2013
  • Abril 2013
  • Março 2013
  • Fevereiro 2013
  • Janeiro 2013
  • Dezembro 2012
  • Novembro 2012
  • Outubro 2012
  • Setembro 2012
  • Agosto 2012
  • Julho 2012
  • Junho 2012
  • Maio 2012
  • Abril 2012
  • Março 2012
  • Fevereiro 2012
  • Janeiro 2012
  • Dezembro 2011
  • Novembro 2011
  • Outubro 2011
  • Setembro 2011
  • Agosto 2011
  • Julho 2011
  • Junho 2011
  • Maio 2011
  • Abril 2011
  • Março 2011
  • Fevereiro 2011
  • Janeiro 2011
  • Dezembro 2010
  • Novembro 2010
  • Outubro 2010
  • Setembro 2010
  • Agosto 2010
  • Julho 2010
  • Junho 2010
  • Maio 2010
  • Abril 2010
  • Março 2010
  • Fevereiro 2010
  • Janeiro 2010
  • Dezembro 2009
  • Novembro 2009
  • Outubro 2009
  • Setembro 2009
  • Agosto 2009
  • Julho 2009

Categories

  • Abre a roda
  • Abusos da polí­cia
  • Antiproibicionismo
  • Cartas na mesa
  • Criminalização da pobreza
  • Cultura
  • Cultura pra DAR
  • DAR – Conteúdo próprio
  • Destaque 01
  • Destaque 02
  • Dica Do DAR
  • Direitos Humanos
  • Entrevistas
  • Eventos
  • Galerias de fotos
  • História
  • Internacional
  • Justiça
  • Marcha da Maconha
  • Medicina
  • Mídia/Notí­cias
  • Mí­dia
  • Podcast
  • Polí­tica
  • Redução de Danos
  • Saúde
  • Saúde Mental
  • Segurança
  • Sem tema
  • Sistema Carcerário
  • Traduções
  • Uncategorized
  • Vídeos