Seminário PolÃtica sobre Drogas: Avanços e retrocessosÂ
Na última quinta-feira (23), a ONG Viva Rio e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) promoveram o seminário PolÃticas sobre drogas: avanços e retrocessos. Realizado na sede da FIERJ, no centro do Rio de Janeiro (RJ), o seminário fez parte da programação preparatória para a 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (Conseg), que acontecerá em agosto com o objetivo de definir princÃpios e diretrizes da polÃtica nacional de segurança pública.
A abertura do seminário foi feita por Rubem Cesar Fernandes, diretor-executivo da ONG Viva Rio. Houve ainda falas dos representantes do Ministério da Saúde, Madalena Libério, do Ministério da Justiça-Conseg, Luciane PatrÃcio, e da Secretária Nacional de PolÃticas sobre Drogas (SENAD), representada por  Paulina Duarte. Também estiveram presentes  José Mauro Bráz, da UFRJ, e Margarida Pressburguer, da comissão de Direitos Humanos da OAB.
Para Rubem Fernandes, não há consenso na ONU sobre o rumo das polÃticas de drogas no campo internacional. Para exemplificar, ele citou a UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime e a UNGASS (UN General Assembly Special Session) , cujas conclusões apontam para o fracasso das guerras à s drogas, a expansão do mercado ilegal e o crescimento do dano coletivo relacionado à proibição.
 “Na prática nada acontece de novo. As mortes e as violações de Direitos Humanos continuam. A juventude é quem mais sofre com as mortes violentas no Brasilâ€, ressaltou  Margarida Pressburguer, da UFRJ, que acha que as mudanças na polÃtica de drogas precisam acontecer o mais rápido possÃvel. Segundo ela, as mortes violentas no paÃs são fruto direto da proibição das drogas. “Precisamos de práticas urgentes†completa.
Para José Mauro Braz, a “universidade não pode ficar fora da discussão†das polÃticas de drogas, uma vez que a academia  forma os futuros profissionais e possui o papel de apresentar uma genealogia das drogas.  O discurso foi reforçado pela representante do SENAD, Paulina Duarte, que afirmou acreditar que “a legislação e a polÃtica se modernizam a partir do conhecimento cientifico e dos movimentos da sociedade civilâ€
Já a representante do Ministério da Saúde, Madalena Libério, acredita que o “paradigma de um mundo sem drogas é impossÃvel†e que a polÃtica de drogas do Brasil deve ampliar o acesso ao tratamento e a redução de danos. Para Madalena, é necessário que haja uma mudança no estigma do usuário de drogas e que ele deve ser atendido em seu mais amplo contexto. Defendeu, ainda, que o tratamento moral tem que dar lugar a um atendimento complexo.
Contexto internacional e experiências estrangeiras
A primeira mesa de discussão do Seminário teve como  tema principal “A polÃtica de drogas no cenário internacional†e foi composta por Ricardo Soberón, do TNI (Transnacional Institute), Graciela Touzé, da ONG Intercâmbios, e Glenn Greenwald, da Cato Institute. Mediada por Paulina Duarte, da Secretária Nacional de PolÃticas sobre Drogas (SENAD).
Durante o debate, foi apresentado o contexto da polÃtica de drogas no Peru,  na Venezuela, na Colômbia e na Argentina. A experiência da Argentina e o contexto das polÃticas de drogas naquele paÃs foram apresentados por Graciela Touzé. Segundo ela, o debate mundial sobre polÃtica de drogas encontra uma constante na oposição entre penalização e despenalização. Apresentando um histórico das leis que tratam de drogas, Graciela conclui que existe uma confusão jurÃdica em vigor na Argentina, onde o debate está em pleno curso. Diversas decisões favoráveis e contrárias a penalização do porte para uso pessoal foram feitas nos últimos anos no paÃs vizinho. “Existem condições oportunas para uma revisão da atual polÃtica de drogas no mundoâ€, completa Graciela.
Histórico das leis sobre drogas na Argentina
1926 – Primeira lei sobre estupefacientes
1968 – Reforma do código Penal. Agrava a conduta do tráfico e descriminaliza porte para uso pessoal.
1974 – Primeira lei especifica sobre drogas. Porte é penalizado.
1978 – Questão das drogas passa a ser “Segurança Nacionalâ€.
1986 – Maior conselho de justiça declara a inconstitucionalidade da penalização do porte para uso pessoal.
1989 – Lei 23.737. Penaliza novamente.
A experiência portuguesa
A inovadora experiência portuguesa de descriminalização das drogas foi reportada por Greenwald, a partir do relatório “Drug Decriminalization in Portugalâ€. Greenwald fez uma pesquisa para analisar os 8 anos da polÃtica portuguesa de descriminalização das drogas. Segundo o pesquisador, o debate sobre drogas deve ser baseado em evidências empÃricas, a fim de eliminar as fantasias que dificultam o olhar cientifico.
Em 1999, o governo português iniciou um amplo debate, visando o crescente problema do uso de drogas injetáveis e de crack. Para livrar o debate das influencias polÃticas e morais, uma comissão foi criada com especialistas do setor de saúde. Depois de 18 meses pesquisando e compilando dados sobre o uso de drogas, a comissão conclui que somente a descriminalização de todas as drogas poderia resolver dois problemas básicos. O primeiro seria causado pela prisão e criminalização, que cria medo e afasta o governo da população. O segundo teria origem na grande quantidade de  dinheiro investido nas prisões, no sistema jurÃdico penal, na policia, e pouco sobra para saúde e educação.
“O que antes era um motivo de debates acalorados e defesas energéticas, divergências quase religiosas, virou um amplo consenso†diz Glenn sobre a atual leitura portuguesa sobre a experiência. “A policia também entendeu que este é o melhor modeloâ€, completa.
PrincÃpios e diretrizes necessários para uma mudança no paradigma da polÃtica de drogas
Em atividade realizada durante o Seminário Temático, os participantes tiveram a oportunidade de reunidos discutirem sobre quais seriam os princÃpios e as diretrizes necessárias para que haja uma mudança no paradigma da polÃtica de drogas. O resultado pode ser conferido abaixo.
São princÃpios:
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São diretrizes: