Chimamanda Adichie é uma jovem escritora nigeriana. No vÃdeo que indicamos como DDD desta semana, ela parte de sua experiência de garota de classe média estudando nos Estados Unidos para refletir sobre os perigos das diferentes histórias de povos e culturas serem reduzidas a um só discurso pelo poder.
Lembrando de seus primeiros contatos com sua colega de quarto estadunidense na universidade, que a encarava do alto de sua “piedade paternalista bem intencionada”, Chimamanda reflete sobre a visão deste grande paÃs chamado Ãfrica, na visão criada e alimentada pelo Ocidente através dos séculos. “Depois de ter passado vários anos nos EUA como uma africana, entendi que se eu não tivesse crescido na Nigéria, se tudo qu eu soubesse da Ãfrica fosse de imagens populares, eu tabém pensaria que Ãfrica é um lugar de lindas paisagens e animais, e pessoas incompreensiveis, lutando guerras sem sentido, morrendo de pobreza e aids, incapazes de falar por si mesmas e esperando ser salvas por simpáticos estrangeiros brancos”.
A escritora vai além, e identifica essa concepção que, nas palavras de Rudyard Kipling, encara os africanos como “metade diabos, metade crianças”, no seio do poder. Cita o termo “nkali’, que pode ser traduzido como “maior que o outro”, como base desse pressuposto que leva o poder a impor e definir a história alheia, reduzindo-a e filtrando-a de suas especificidades e desejos próprios. “Poder é a habilidade não só de contar a historia de uma outra pessoa, mas de tornar essa historia definitiva”.
Indicamos o vÃdeo, de 18 minutos, não só para uma reflexão sobre colonização e ideologia, mas também como provocação para uma nada difÃcil transição deste tipo de perigo para a realidade das nossas nigérias encravadas nos morros e periferias brasileiros e latino-americanos. Confira o vÃdeo clicando aqui.