Em 13 de maio de 1888 o Brasil consolidou-se como um dos últimos paÃses do mundo a abolir a escravidão. Grande avanço, mas ainda não totalmente concretizado. Os negros sem trabalho e sem acesso à terra, amontoaram-se nas favelas, e gradualmente também nas prisões. O racismo segue presente em nosso dia-a-dia, desde os mortos pela polÃcia aos menores salários para funções iguais no mercado de trabalho, passando pelos “macacos” e similares ouvidos nos jogos de futebol e nas ruas da cidade.”A carna mais barata do mercado é a negra, a carne mais marcada pelo Estado é a negra”.
Como forma de lembrarmos não só essa importante libertação ocorrida 122 anos atrás, mas também como tentativa de colocar mais uma voz no coro das que proclamam a necessidade de outra libertação que ponha fim na escravidão de uma vez por todas, o DDD desta semana é especial sobre cultura negra. Indicamos dois clipes e dois álbuns para download, com a esperança de difundir a reflexão do papel do racismo em nossa sociedade. Hoje todos que estudam História olham para Grécia e não conseguem entender como um sistema polÃtico pode ser definido como “Democracia” se compactua com a escravidão. Esperamos que o que vivemos hoje seja também passageiro, e que no futuro possamos também olhar para nosso mundo de hoje sem entender como chamávamos de democracia um sociedade que impede que uma enorme parte de sua população tenha acesso a direitos básicos, a começar do respeito do restante dela.
O primeiro disco indicado é Holocausto Urbano, álbum de estréia dos Racionais MC’s. Lançado em 1990, este talvez seja o disco mais politizado do grupo, com a maioria de suas letras voltadas à discussão da negritude. Apesar dos deslizes machistas (permanentes na obra do grupo), letras omo a de “Racistas otários” e “Júri racional” trazem reflexões sobre a cultura e a auto-estima negra em nossa sociedade. Faça download aqui.
O outro álbum que indicamos é da sambista carioca Clementina de Jesus, que em O Canto dos Escravos reuniu um pouco da riquÃssima cultura de resistência que os africanos trouxeram ao Brasil, com seus batuques, capoeira e nossa querida diamba. O download pode ser feito com um clique aqui.
Indicamos dois vÃdeos também. O primeiro é do rapper brasiliense GOG, cantando “Carta à  mãe Ãfrica”, que deve ser ouvida e re-ouvida com extrema atenção e reverência à s palavras do poeta das ruas. Logo abaixo, “Haiti”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil questiona o “silêncio sorridente de São Paulo” diante da chacina do Carandiru, e a forma como tratamos os pretos e os quase pretos de tão pobres. O vÃdeo é de um show de 1993.
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