Terminou neste domingo o 15º Congresso da UJS (União da Juventude Socialista) que neste ano teve uma mesa especÃfica sobre drogas. Segue abaixo uma colagem com a declaração do novo presidente da entidade sobre o tema e uma reportagem publicada originalmente no UJS-CAMPOS.
“Entrevista com o novo presidente da UJS André Tokarski
Houve uma polêmica, durante a votação das propostas na plenária final, sobre a questão da legalização das drogas. Qual o saldo desse debate?
Primeiro, é importante dizer que a mesa de debate sobre as drogas foi uma das mais concorridas e qualificadas deste Congresso da UJS. Nosso objetivo é ampliar a discussão em torno do tema não apenas da legalização da maconha, mas sobre as drogas como um todo. Este problema, claro, diz respeito a toda a sociedade, mas, principalmente, aos jovens. Haviam três resoluções em votações. Uma dizia que a UJS deveria lutar pela descriminalização da Maconha, outra falava sobre a Legalização. A proposta aprovada, no entanto, foi a de realização no primeiro semestre do ano que vem de um seminário para ampliar o debate sobre o tema. A resolução da UJS avança no sentido da nossa entidade cobrar do Estado e da sociedade um debate sem hipocrisia. Vamos realizar este seminário e de lá sairemos com um proposta mais elaborada sobre este assunto. Assim é a UJS, existe a diversidade, debate, constrói e unifica.”
André Tokarski – novo presidente da UJS
Da polêmica ao avanço: Debate sobre as drogas movimenta o Congresso
por Luiz Henrique Carneiro para o UJS-CAMPOS
Com muitas ideias, intervenções, propostas próximas ou contrárias, jovens discutem temas como a legalização da maconha
Um desafio foi lançado hoje (sexta), no auditório Oxalá 2 no Centro de Convenções de Salvador onde acontece o Seminário Nacional Juventude, Participação e PolÃticas Públicas, atividade realizada pelo CEMJ em parceria com o Congresso Nacional da UJS. Ao final da mesa “A atual polÃtica de drogas e seu impacto na vida juvenilâ€, uma pergunta feita pelo coordenador da Marcha da Maconha, Renato Cinco, aos jovens participantes, mostrou por onde esse debate deve passar, no atual momento do Brasil.
Cinco questionou se a questão das drogas deve ser tratada do ponto de vista individual e da saúde do sujeito ou do ponto de vista do problema social do tráfico e da criminalização das minorias. Além de deixar a reflexão no ar, a pergunta resumiu em si os principais pontos que estiveram na pauta de um dos mais movimentados encontros do Congresso até agora.
Além de Renato Cinco, estiveram na mesa o psicólogo e mestre em saúde coletiva pela UFBA Milton Barbosa e o diretor da UNE Daniel Iliescu. O coordenador da Marcha da Maconha, que defende a discriminalização dos usuários e a legalização da substância, relacionou a proibição da maconha à perseguição racial no inÃcio do século XX: “O departamento de repressão ao uso era chamado ‘Departamento de Controle de Tóxicos e Mistificações’ e também pretendia acabar com as religiões afro-brasileiras, que muitas vezes utilizavam a maconha em seus rituaisâ€, disse.
Drogas e Capitalismo

Segundo ele, a polÃtica de controle, com origem racista, atualmente atende a uma postura de opressão à s classes menos favorecidas: “Se um adolescente rico é flagrado com algumas gramas da droga, é encaminhado para um clÃnica, tratado como vÃtima. Se um adolescente negro e favelado é apanhado com a mesma quantidade, é preso como traficanteâ€, exemplificou.
O professor Milton Barbosa, que mostrou-se menos simpático à ideia da legalização, trouxe para o debate o problema da dependência quÃmica e seus efeitos sobre o indivÃduo: “A sociedade capitalista se impõe através da sacralização do prazer e da sua transformação em consumo. Ela precisa criar dependências”, disse. Segundo ele, o principal avanço dessa questão, atualmente seria ampliar o debate sobre o que são as drogas e quais são os seus efeitos.


Propostas
Os jovens, que participaram ativamente com perguntas, opiniões e propostas, dividiram-se no que diz respeito à legalização. Alguns acreditam que o caminho, atualmente, passa apenas pela discriminalização do usuário. Outros entendem que a legalização da maconha pode ser o grande passo para evitar as mortes de milhares de jovens no paÃs, enfraquecendo o tráfico e regulando o uso da substância. Propostas diferentes sobre o tema foram encaminhadas à mesa para sistematização e devem ser contempladas durante a plenária final do Congresso neste domingo.