1. “Maconha faz malâ€: irrelevante. Toda substância pode causar dano à saúde. Os horrores do câncer, do infarto ou do vÃcio jamais serviriam para proibir legumes tratados com agrotóxicos, frituras ou remédios que provocam dependência. O argumento da saúde pública tem a mesma duração de um copo de cachaça.
2. “Efeito terapêutico não é comprovadoâ€: mentira. Procurem os trabalhos do Dr. Raphael Mechoulam, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Depois sigam suas indicações por experiências semelhantes no Canadá, nos EUA e em toda a Europa. Mas, afinal, acadêmicos não deveriam possuir esse tipo de informação?
3. Efeito terapêutico é obrigatório: mentira. A descriminalização da maconha é endossada por inúmeros argumentos, de várias disciplinas. O enfoque no uso medicinal da erva é armadilha retórica para limitar esses argumentos a apenas um, frágil e sujeito a endossos de “autoridades competentes†que têm interesses diretos na questão. Nenhuma substância legalizada precisa ser obrigatoriamente benéfica à saúde.
4. “Droga inseguraâ€: alguém conhece droga segura? Quem leva o assunto a sério sabe que existem dezenas de maneiras de minimizar os danos da cannabis. É possÃvel inalar fumaça fria, gerada por plantas controladas, com baixo teor de resÃduos tóxicos. E até saborear bolos de chocolate com cobertura de marshmallow…
5. “Nossa legislação já é liberalâ€: mentira. É tão repressiva e obsoleta que os brasileiros são impedidos pelo próprio Judiciário de questioná-la publicamente. Ou são imediatamente chamados de lobistas. Se alguém quiser conhecer leis avançadas, procure na Holanda, na Espanha, em Portugal, no Canadá e na Argentina, onde se permite o cultivo doméstico de maconha.
6. “A legalização disseminaria o usoâ€: mentira. Os governos dos paÃses acima possuem dados bastante claros a respeito, disponÃveis aos nobres doutores. Desde a Lei Seca, prevalece uma lógica imutável: o consumo só aumenta onde há proibição. Também a criminalidade, a corrupção policial e a marginalização do usuário.
7. O tal “lobbyâ€: uma tolice conspiratória. Talvez convenha a colunistas irados (como Ruy Castro) ou a governos repressores, mas não parece adequado em manifestações cientÃficas. O único lobby atuando nesse debate é favorável ao equÃvoco repressivo. Seu misterioso poder de convencimento pode ser aferido pela facilidade com que certos acadêmicos se dispõem a repetir bobagens que não passam no escrutÃnio mais benevolente. E, já que tocaram no assunto, uma pergunta singela: quanto os laboratórios farmacêuticos deixariam de lucrar com a legalização da maconha?