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Novembro 15, 2010

Entrevista Exclusiva sobre derrota da Proposição 19: “Perdemos por 500 mil votos, temos muito trabalho pela frente”

A SSDP (Students for a Sensible Drug Policy – Estudantes para uma política de drogas sensata, como eles mesmo traduzem para o espanhol) surgiu espontaneamente após a realização de um questionário que era parte da seleção para bolsas de estudos ter incluído uma questão sobre uso de drogas como critério de aprovação ou negação das bolsas nos Estados Unidos. De lá para cá, já são 130 núcleos organizados em escolas e universidades através do país que inaugurou a Guerra às drogas em escala local e global, e também ao redor do mundo. De acordo com o site da SSDP, a organização “mobiliza e incentiva jovens a participarem do projeto político, pressionando por políticas sensatas que atinjam um futuro mais seguro e justo, lutando contra as improdutivas políticas de Guerra às drogas, particularmente aquelas que atingem diretamente os jovens”.

Patrick Timmons é membro da direção nacional da SSDP, e responsável pelas relações internacionais da instituição. Morador de São Francisco, esteve diretamente envolvido na campanha pelo SIM no plebiscito que poderia legalizar a maconha na Califórnia, e comentou a vitória do NÃO em entrevista exclusiva ao DAR. Discordando de avaliações positivas como a de Ethan Nadelmann, para quem apenas o plebiscito em si foi uma vitória, Timmons acredita que “perdemos e perdemos grande. 500 mil pessoas ou mais votaram contra a iniciativa, temos muito trabalho se queremos que uma proposta de legalização vença”.

Para começar, conte um pouco sobre sua trajetória e a da SSDP.

Minha formação acadêmica é de historiador. Tenho três níveis de estudos superiores, um é da LSE de Londres, mestrado em Cambridge e doutorado na Universidade do Texas. Em cada lugar e nível estudei a história da América Latina, então em meu trabalho como articulador internacional posso utilizar minha familiaridade com a América Latina. SSDP, ou Estudantes para uma política de drogas sensata, é um movimento de base de estudantes em universidades e escolas em todo o mundo; temos grupos na Colômbia, Austrália, Reino Unido, Canadá e quase contamos com Irlanda e Polônia. Meu trabalho com a SSDP é de apresentar o grupo a estudantes para fora do país, vendo se eles podem formar um grupo. Agora estou enfocado na América Latina.

Na SSDP enfocamos a mudança da política de drogas, nos níveis locais, estatais e nacionais. É raro que ditemos quais as campanhas que um núcleo da SSDP tenha que apoiar, mas temos uma mesa diretiva e em termos gerais eles elegem as áreas de nossa atuação junto com o diretor executivo. Agora, e depois da derrota na Califórnia, estamos focados na defesa dos ganhos acumulados nos últimos 20 anos. Em alguns meses começaremos concretamente uma nova estratégia para a legalização. E não só na Califórnia: Massachusetts, Oregon, South Dakota, Rhode Island – todos estes lugares estão em jogo em 2012. Como temos visto, na política de drogas o rumo pode mudar drasticamente.

Como você vê a derrota da Proposição 19 na Califórnia?

Lamentável. Todos os erros que eu identifiquei e que podem mudar no futuro vêm da organização que dirigiu a campanha desde Oakland. Então, sabendo que muitos dos trabalhadores não entraram na política realmente, a derrota não me surpreendeu. Mas na realidade, lendo os resultados de cada condado, é possível ver os erros enormes e imperdoáveis que a campanha cometeu. Veja, quatro palavras são suficientes, em relação aos condados perdidos: Contra Costa e Santa Clara. Por quê? Ambos condados são centros da indústria de maconha medicinal. E ambos são urbanos e por isso um pouco mais liberais. Como perdemos nestes condados? Ninguém está explicando isso.

Mas quais são os pontos que foram fundamentais para este resultado?

Uma campanha desorganizada, a descriminalização de até uma onça de maconha que saiu algumas semanas da votação, confundindo a situação, a falta de uma voz carismática para proteger a imagem pública do voto, a ausência de equipes competentes no Sul da Califórnia para pedirem votos. E o mais importante: em termos de linguagem, esta campanha tinha pouca capacidade. Na próxima vez temos que pedir votos aos latinos em seu próprio idioma.

Acredita que a eleição teve aspectos positivos?

Neste aspecto estou com Orwell. Não devemos inventar algo que vá de encontro à realidade. Claro que houve pontos positivos: a abertura de um debate, o entendimento de que a guerra às drogas é uma nova guerra fria… Percebemos também que muita gente fora dos EUA tinha interesse no que aconteceu. Mas no fundo o que acontece é que perdemos. E perdemos por 500 mil votos.

A informação que chegou aqui no Brasil é que houve alguns grupos e pessoas que são contra a proibição mas que não estavam de acordo com a proposição 19, por que isso aconteceu? Acredita que este posicionamento pode ter sido importante para a vitória do NÃO?

Ainda que o processo de fazer as proposições e votá-las em referendos seja interessante e quase único no hemisfério, não há nenhuma garantia que as pessoas vão ler a proposição. No caso da 19, eram quase 8 páginas. Primeiro sofremos com isso, e em outros casos haviam críticas fortes: sobre as penalidades para o consumo e a venda para pessoas entre 18 e 21 anos. As outras críticas ou razões para votar contra foram totalmente equivocadas, por exemplo a que dizia que a 19 diminuiria a legalidade da maconha medicinal ou que grandes empresas de maconha entrariam no estado.

Você acha que o fato do governo Obama ter ameaçado bloquear uma possível vitória do SIM influenciou no resultado?

Talvez. Mas o que me estranha é que as pessoas dos EUA, especialmente na Califórnia, não têm medo de seu governo, então por que não desafiar ao governo federal neste aspecto? Debatíamos com conservadores que diziam que o governo federal é soberano. Mas todo mundo sabe que o governo federal não tem direito para dizer aos estados o que é legal ou ilegal.

Existe a possibilidade de outro referendo ser realizado em breve?

Virá em 2012 na Califórnia. Mas eu penso que devemos empurrar nosso esforço para outros lugares, como Massachusetts e Oregon. E depois voltar para Califórnia em 2016. Sim, sim, sei que é muito tempo, mas ninguém deu respostas aos nossos erros e à quantidade de 500 mil votos.

Como você avalia a participação de algumas grandes empresas e alguns grandes nomes das elites, como George Soros, na defesa da legalização?

Deram seu dinheiro tarde demais.

Houve participação de outros movimentos organizados, como operários e movimentos de direitos civis, na campanha do SIM? Foram importantes? Como é esta articulação entre os que defendem mudanças na política de drogas e outros movimentos nos EUA?

Sim, havia participação a favor da proposição de muitos grupos, e de uma diversidade que inclui grupos de igrejas, sindicatos, organizações lutando pelos direitos civis, como o NAACP, até médicos e muitos agentes ou ex-agentes de polícia. A lista pode ser encontrada aqui: http://yeson19.com/endorsements

E agora quais vão ser as próximas atuações do movimento pela legalização? Qual é a posição da SSDP para o próximo período?

Bom, para a SSDP e para mim o trabalho não termina, na verdade aumenta porque muita gente na América Latina está interessada no tema, no debate ou na resolução de grandes injustiças que surgem de seu contexto. E também porque a 19 estimulou interesses. Então para a SSDP, no âmbito internacional, estamos sempre buscando estudantes que querem trabalhar com a gente, para fazer a diferença. Algumas vezes a diferença é uma abertura de um lugar cômodo e seguro onde se pode trabalhar sua mente e com isto melhorar nossa democracia. A proibição está destruindo nossas democracias.

Não sabemos que vai acontecer com a legalização. Na próxima vez temos que estar prontos, mais preparados do que desta vez. Para mim, se não podemos provar que vamos trabalhar fora das áreas metropolitanas então não creio que vamos ganhar. Mas trabalhando em lugares rurais é preciso um conhecimento de espanhol, e dado que somos poucos agora, temos que mudar esta situação rápido!

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