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Novembro 25, 2010

Os sócios da droga estão em guerra no Rio

por Marcelo Migliaccio

A hipocrisia recomeçou. Toda vez que o sistema estabelecido se vê numa sinuca de bico, sai-se com uma pirotecnia dessas.

Toda a PM nas ruas, folgas suspensas, férias ameaçadas (“se você quer rir, tem que fazer rir”), operações em 15 favelas. Meia dúzia de gatos pingados foram detidos e uma porção de drogas igual à que Keith Richard tem no bolso, apreendida.

O tráfico está fulo da vida. Perdeu as bocas da Zona Sul e da Tijuca. E se há produtos procurados em bairros como Copacabana e Ipanema, são eles maconha e cocaína. Milhões em venda de drogas, bailes funk, taxa disso e daquilo foram perdidos. Agora, a venda é formiguinha. Equivale a fechar um hipermercado e abrir uma carrocinha de churros.

Aí, os bandidos das favelas ocupadas, agora acoitados em fortalezas como o complexo do Alemão (onde a PM não dá as caras há dois anos por causa do PAC) foram para as ruas queimar carros e esculachar a classe média. Que, como sempre, acaba pagando o pato nessas horas.

Basta um chefão do tráfico preso em Catanduvas ser mandado para a solitária que as ruas escuras do Rio viram uma roleta russa.

No fundo, todo esse enfrentamento que vemos agora nos telejornais, com helicópteros e caveirões a desfilar nas vielas, é uma grande cortina de fumaça, alimentada pelos dois lados da moeda. A polícia-poder-público de um lado e a marginália do outro. Esse confronto é apenas um curto-circuito num sistema simbiótico e corrupto. O ano inteiro a PM pega o arrego nas bocas de fumo. Isso está nos filmes Tropa de Elite, é corriqueiro, é rotina, é o sistema.

A grana da droga é muito alta. A demanda é crescente, porque, além da tradicional inquietude do ser humano, há um sistema de propaganda subliminar incentivando as pessoas a saírem do ar. Desde bebê, a criança assiste a propaganda de droga na TV. A introdução é sempre com o álcool, consumido dentro de casa pelos familiares e à venda em qualquer esquina. É droga, sexo ou dinheiro. Escolha sua opção de fuga!

Impunidade, corrupção, falta de emprego, miséria e má distribuição de renda, além de escolas sofríveis, completam o pacote de incentivo a que milhares de adolescentes mandem tudo pro inferno e mergulhem no entorpecente.

A maioria vai acabar numa clínica, sendo tratada como uma criança de 3 anos por mercenários de branco ou ocupando seu lugar no cemitério antes do tempo. Isso, talvez, depois de contribuir por alguns meses ou anos para a nossa supelotação carcerária.

E a bala comendo no asfalto e nas favelas. Lucro sensacional e crescente para os comerciantes de fuzis e granadas. Lucro para os que vivem da blindagem de carro, das câmeras de segurança, da segurança privada. Lucro para os que vivem do medo, como as emissoras de TV: fiquem todos bonitinhos em casa à noite, vendo a novela, porque sair às ruas é perigoso demais…

Aqui e ali, um ou outro já fala em legalizar as drogas (se o álcool é liberado, por que as outras são proibidas?). Já é um avanço. Países que liberaram viram a criminalidade despencar. Mas é difícil demais para algumas pessoas verem as outras se matando em praça pública. Para nós, brasileiros, ainda é melhor que se matem numa cracolândia imunda escondida numa favela do que na Praça General Osório.

Por isso, a proibição continua. E o faroeste também. Pela hipocrisia dos que querem colocar o problema embaixo do tapete, estamos no meio desse fogo cruzado entre os dois principais sócios da indústria da droga.

Não basta liberar a droga. O comércio deve ser entregue a esses mesmos que vivem da venda ilegal nos morros. Talvez com a receita do tóxico, entrem na legalidade e parem de nos atormentar. Temos que jogar essa mão de obra armada no mercado formal. Se tiverem suas barraquinhas legalizadas, esses vendedores não precisarão andar armados. A criminalidade e as máfias durante a Lei Seca nos Estados Unidos nunca foram tão avassaladoras.

Quanto aos viciados, isso se combate com educação, divisão de renda, famílias estruturadas e clínicas de recuperação. O crack é pesado? E a cachaça, cuja garrafinha vendida a R$ 2 no supermercado leva um homem a enfiar a cara na sarjeta?

Mas a ninguém interessa resolver o problema de uma vez.

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