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Novembro 22, 2010

Cartas na Mesa – Relato de uma usuária de maconha medicinal

“Me contem, me contem aonde eles se escondem?
atrás de leis que não favorecem vocês
então por que não resolvem de uma vez:
ponham as cartas na mesa e discutam essas leis” Planet Hemp

A seção Cartas na mesa é composta por opiniões de leitores e membros do DAR acerca das drogas, de seus efeitos político-sociais e de sua proibição, e também de suas experiências pessoais e relatos sobre a forma com que se relacionam com elas. Vale tudo, em qualquer formato e tamanho, desde que você não esteja aqui para reforçar o proibicionismo! Caso queira ter seu desabafo desentorpecido publicado, envie seu texto para coletivodar@gmail.com  e ponha as cartas na mesa para falar sobre drogas com o enfoque que quiser.


Nesta edição o Coletivo DAR tem a grande honra de dividir com o mundo a história da Isabela, uma companheira do movimento antiproibicionista, que teve uma experiência de uso de maconha medicinal que indubitavelmente é um incentivo para todos que seguem na luta pela legalização não só da maconha, mas de todas as drogas que poderiam ter seus usos terapêuticos desenvolvidos mas são nubladas pela razão entorpecida.

Me chamo Isabela Bentes, tenho 21 anos de idade, sou de Natal/RN, e atualmente resido em Campinas/SP. Sou membro-fundador do Coletivo Antiproibicionista Cannabis Ativa, que pauta a discussão acerca da legalização da maconha em Natal.

O que me traz aqui, porém, é uma experiência pessoal e que não tem qualquer vínculo com o fato de eu pertencer a esta organização política.

Aos 17 anos, ingressei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no curso de Ciências Sociais, e no segundo semestre do curso vivi um problema de ordem psicológica muito difícil de saber lidar, tanto para mim como para quem convivia comigo. Me vi, já aos 18 anos, vítima de transtorno depressivo. Me foi indicado o acompanhamento de um psicólogo quando atingi níveis desesperadores da minha desordem mental. Minhas idas à psicóloga do SEPA, da UFRN, fez com que eu fosse encaminhada para atendimento psiquiátrico devido a duas tentativas frustradas de suicídio.

Aliado a tudo isso, meu rendimento acadêmico declinou, minha relação com meus amigos tornou-se algo desestimulante e, do ponto de vista deles, era insuportável ter que conviver com uma pessoa depressiva.

Durante o tratamento com psiquiatra me foi recomendado, dentre tantos outros, o uso de fluoxetina, um antidepressivo, cujas reações em meu organismo eram demasiadamente desconfortáveis, devido às náuseas e à sonolência que me causavam.

Fui alvo do mito de que remédio bom é remédio químico, manipulado, fabricado, adulterado. É isso que vende, é isso que dá credibilidade para crença na cura.

Este período coincide com a época em que meu consumo de maconha aumentou consideravelmente, e fui percebendo que era uma coisa que me fazia bem, tanto fisicamente quanto mentalmente. A convivência com os outros era mais aprazível, as horas de riso e de conversas me deixavam em um estado de equilíbrio que nenhum remédio havia me proporcionado. O prazer inexplicável ao comer sem enjoar, o interesse em coisas do mundo que em mim já não despertava há tempos, dessa vez começam a reaparecer de forma completamente extasiante.

Fato é que parei com o uso de remédios controlados, não frequentei mais nenhum psiquiatra, assumindo até mesmo um risco – uma vez que quem faz uso dessas substâncias tarja preta precisa fazer o desmame, ou seja, a diminuição das dosagens dos remédios quando o organismo vai apresentando alguma melhora – e voltei algumas vezes na psicóloga para contar como eu vinha me sentindo. Troquei as terapias químicas por terapias naturais, como o uso de cannabis e musicoterapia.

Depois de 3 anos, me encontro perfeitamente equilibrada mentalmente, não mais tive recaídas de transtorno depressivo, e desenvolvo minhas atividades acadêmicas de forma plena. Optei por militar na Marcha da Maconha para lutar pelos direitos daqueles que sofrem de dores, sejam físicas ou  mentais, poderem utilizar remédios que não lhes causem efeitos adversos em seus organismos. Remédio que não causem seqüelas permanentes e danosas e que tenham maior efetividade. Luto pela causa daqueles que querem usar a maconha para uso lúdico-recreativo, para que não adoeçam da mente como eu adoeci, para que seja garantido o direito de plantar em casa, na rua, em qualquer lugar. Luto para acabar com a estrutura de tráfico e da guerra às drogas que chacina inúmeras pessoas em diversas sociedades. Maconha não mata, não fere, não violenta. Quem provoca isso é a sua proibição e todo o preconceito construído em cima da sabedoria milenar do uso de plantas para cura.

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