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Maio 21, 2011

Proibição é sempre violência ou como vencemos perdendo

COLETIVO DAR

Marchamos. Marchamos e marchamos. Os porcos soltaram bombas, gases e balas que multiplicaram nossa marcha, transformaram ela em muitas, por diversos lugares. Do alto dos prédios da Paulista, moradores alvejavam a repressão policial com objetos. Isso é solidariedade. É por isso que vencemos.

A marcha foi proibida. A maconha é proibida. A proibição é a concretização de muitas violências, contra corpos, mentes e gentes. A paz, pelo prisma da lei, conjura-se em agressão.

Uma marcha histórica. Milhares de pessoas saíram numa tarde de sol, caminhando pela Paulista. Antes disso, como parte da sessão “Só me faltava era essa”, alguns nazistas carecas quiseram tumultuar. Trouxeram panfletos, cantaram o hino e foram dispersados como fumaça, pelos gritos de “Plínio Salgado também fumava baseado”. A estupidez vence, mas não por muito tempo.

Saímos, acordados com a PM de que seria uma marcha pela liberdade de expressão. Censuramos nossos corpos, nossas camisas, nossos cartazes. Impossível censurar a massa, nem o seu pensar. Que bom que nem sempre a lei pode vencer a sociedade. A PM preparou o bote: ao invés de ajudar a organizar o ato, perfilou a Tropa de Choque atrás da manifestação. Ameaçava. Rogamos pelo diálogo. Por uma saída negociada.

O verme de um capitão negava-se. Dizia: “agora vocês querem conversar? Tira toda mundo da rua! Agora!”. O choque babava por sangue, por vingança contra crimes nunca cometidos, contra trabalhadores e gente que esta’ embaixo como eles, que seguem cegamente o que querem e manda os de cima. Vale dizer que muitos manifestantes já estavam presos. Assim, por serem.

Ver o choque em ação, por sinal, é um espetáculo dantesco. Correm, gritam. Fecham os olhos, batem. Contra nós. Que só queríamos andar e mostrar que pensamos. Disparam a esmo. Jornalistas atropeladas, gente machucada. É isso? É assim?

Mas não. Continuamos. A marcha continuou. Muitos se encontravam por outras partes, desciam outras ruas, seguiam o caminho. Faziam seus pequenos ajuntamentos e pensavam sobre a triste sina de viver no Brasil, em São Paulo, com a PM. O sangue da ditadura ainda pulsa forte nos comandantes dos homens de farda, programados pra matar por uma moral que e’ so’ deles . Irrita, cansa.

Ainda não. A marcha continuou. Seguida de perto pelo choque, se transfigurou na corrida da Maconha, na corrida da Liberdade. Era isso, pelo menos, que se ouvia aos berros. Conseguiram nos dividir, mas mantivemos o trajeto, às centenas, fugindo das bombas, desviando de balas e respirando gás de pimenta, só pra dar um animada. A PM as vezes parava de soltar seus impropérios gasosos, seus instrumentos de tortura coletiva e nós descansávamos antes da próxima corrida.

É isso: instrumentos de tortura coletiva. Mas chegamos, entre batucadas e estouros, aos muitos na praça Dom José Gaspar, no Anhangabaú. Reunidos, enfim, nós conosco.

Após falas e jograus, decidimos ir até o 78o DP onde muitos seguiam presos. Animamos todos e nos conscientizamos de quão é importante é nossa luta. Os poderosos podem proibir a flor, mas não conseguirão, nunca, ouviu, NUNCA, proibir a primavera. E ela chega. Nossa luta desafia o sistema estabelecido e esse statu quo corrupto e falido. Questiona a criminalização da pobreza, dos movimentos sociais e levanta mais alto que nunca a bandeira da liberdade. Por isso venceremos.

Estamos maiores, seremos maiores. Enfim, saímos, às 16h20 (YEAH!) da praça Dom José rumo à delegacia. Em marcha, novamente. Reprimidos, novamente. Um troglodita seguia nosso pessoal com bombas de gás e violência, spray de pimenta. Retirava pessoas que caminhavam pra prender. Outros, solidários, não deixaram. E assim seguimos em marcha pela augusta, depois de todo o dia de cansaço, de porrada e de luta, para lutar pela liberdade dos nossos amigos. Depois descobrimos que outros tantos estavam presos no 4o DP. À eles, nosso canto de luta, de guerreiros.

Reunidos na frente da delegacia, esperamos a libertação que veio, sob Termo Circunstanciado. Desobediência Civil, com orgulho. Enquanto a lei for signo do ódio, da morte e da violência, desobedeceremos com prazer.

Marcamos para quarta-feira, 19h, no MASP, uma reunião para discutir a Marcha e o ato que faremos no próximo sábado, contra a violência e pela liberdade de expressão, no MASP, às 14h. Quem não cala, comparece.

 

 

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