O DENARC de São Paulo mostrou apreensões, disse que estavamos sendo inundados por uma “nova droga”. Os proibicionistas denunciavam que depois da maconha geneticamente modificada, o próximo passo do usuário era o oxi.
VicÃa na primeira tragada. É mais forte. Tem mais cloridrato de cocaÃna. É mais barato. Bela propaganda!
É verde. É vermelho-sangue. É azul. Hulk, Capitão América, Super-Homem. Já havia até apelidos para a nova droga.
Foi preciso a PolÃcia Federal emitir uma nota. A fala da Secretária Nacional sobre Drogas Paulina Duarte não bastava.
Tudo para dizer o que as experiências nas ruas já mostrava.
O Oxi não é uma nova droga. O Oxi não existe…

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
DEPARTAMENTO DE POLÃCIA FEDERAL
superintendência regional em pernambuco
NOTA À IMPRENSA 054/2011
“PolÃcia Federal não considera o “OXI†como sendo nova droga e sim uma diferente forma de apresentação da cocaÃna e adotará tais padrões a nÃvel nacionalâ€.
“OXIâ€: UMA NOVA DROGA?
1 – INTRODUÇÃO
Informações recentes de várias fontes sugerem que uma nova droga ilÃcita, chamada de “oxiâ€, estaria se espalhando por todo o Brasil. Ela seria utilizada na forma fumada e seria muito similar à cocaÃna na forma de crack: pequenas pedras de amareladas a marrom-claro. Como foi divulgado pela mÃdia, a cocaÃna na forma de “oxi†seria diferente do crack por este conter sais carbonato ou bicarbonato, enquanto o “oxi†teria cal (óxido de cálcio) e querosene (ou gasolina) em sua formulação.
Este trabalho apresenta um estudo comparativo entre amostras apreendidas em condições de consumo (drogas de rua) pela PolÃcia Civil do Estado do Acre (PC/AC) e amostras apreendidas em condições de tráfico internacional ou interestadual pela PolÃcia Federal no Acre (PF/AC).
2 – MATERIAIS
Foram analisadas neste estudo 20 amostras de “oxi†da PC/AC e 23 amostras de cocaÃna da PF/AC. As amostras se apresentavam como pedras e grumos, com coloração variada (branca, amarelada ou marrom-claro).
3 – MÉTODOS
A análise de perfil quÃmico das amostras foi conduzida pelo PCF Ronaldo Carneiro da Silva Júnior (SETEC/SR/DPF/AC) no Serviço de Laboratório do Instituto Nacional de CriminalÃstica da PF, em BrasÃlia, com a colaboração com equipe do programa de Perfil QuÃmico das Drogas da PF (Projeto PeQui).
Foram utilizadas diversas técnicas para análise dos materiais, dentre elas destaca-se a espectroscopia na região do infravermelho (ATR-FTIR), análise termogravimétrica (TGA) e análises por cromatografia gasosa (GC), acoplando-se detectores de ionização de chamas (FID) ou espectrômetro de massas (MS) e injetores para soluções (ATS) ou de fase vapor (Headspace-HS). Análises elementares qualitativas também foram conduzidas segundo procedimentos clássicos de via úmida (determinação de cátions, ânions, açúcares).
Foram quantificados por GC-FID a cocaÃna, cis e trans-cinamoilcocaÃna (valores expressos como base) e fármacos adulterantes (benzocaÃna, fenacetina, cafeÃna, lidocaÃna, levamisol, hidroxizina e diltiazem), utilizando-se as metodologias do Projeto PeQui.
A classificação dos nÃveis de oxidação (refino) da amostra foi realizada através da aplicação dos critérios do DEA/EUA: amostras contendo menos que 2% de cinamoilcocaÃnas relativas ao teor de cocaÃna foram classificadas como “altamente oxidadasâ€; amostras com teores de 2-6% foram classificadas como “moderadamente oxidadas†e amostras com teores maiores que 6% foram classificadas como “não oxidadasâ€.
4 – RESULTADOS
As 23 amostras da PF/AC, todas contendo cocaÃna na forma de base livre, exibiram teores de cocaÃna na faixa de 50-85% (média de 73%), sendo compostas predominantemente de cocaÃna “não oxidadaâ€, isto é, na forma de pasta base de coca. As demais amostras foram refinadas (“moderadamente oxidadas†ou “altamente oxidadasâ€) e se encontravam na forma de cocaÃna base.
Para as 20 amostras de “oxiâ€, vindas das apreensões da PC/AC, foram observados teores de cocaÃna na faixa de 29-85% (média de 65%). Dentre elas, 04 amostras apresentavam menores teores de cocaÃna (29-47%) e quantidades significativas de carbonatos, sendo tÃpicos exemplos da cocaÃna na forma crack.
Outras 06 amostras se apresentavam na forma de cocaÃna sal cloridrato (57-85% de cocaÃna nestas amostras), que não são normalmente utilizadas na forma fumada e que, portanto, não foram consideradas como possÃveis amostras de “oxiâ€.
Os resultados obtidos por TGA, HS-GSMS e análises qualitativas revelam que não há quantidades significativas de cal (óxido de cálcio) e de hidrocarbonetos (como querosene ou gasolina) nas amostras de “oxi†apreendidas pela PC/AC. Isto é, os resultados deste estudo não confirmam a informação que tem sido vinculada na mÃdia que quantidades significativas destas substâncias teriam sido utilizadas na formulação da cocaÃna “oxiâ€.
Dentre as 10 amostras restantes de “oxiâ€, 07 eram compostas de cocaÃna “não oxidada†e, portanto, classificadas como pasta base de coca (55-85% de cocaÃna nestas amostras) e as últimas 03 amostras eram compostas de cocaÃna que passou por algum refino oxidativo e, portanto, classificadas como cocaÃna base (43-73% de cocaÃna nestas amostras).
O único fármaco adulterante encontrado nas amostras de “oxi†analisadas foi a fenacetina, encontrada entre 0,4-10% em 05 amostras da PF/AC e entre 0,4-22% em 07 amostras da PC/AC.
As tabelas e gráficos em anexo apresentam os resultados obtidos mais detalhadamente.
5 – CONCLUSÕES
A análise de perfil quÃmico das amostras de “oxi†apreendidas no estado do Acre indicam que não existe uma “nova droga†no mercado ilÃcito.
O que se observa são diferentes formas de apresentação tÃpicas da cocaÃna (sal, crack, pasta base, cocaÃna base) sendo arbitrariamente classificadas como “oxiâ€, sem que sejam utilizados para este processo critérios objetivos e técnicos.
As amostras de “oxi†analisadas neste estudo não podem também ser classificadas como uma “nova forma de apresentação da cocaÃnaâ€, uma vez que os componentes majoritários/minoritários e adulterantes encontrados são os mesmos encontrados nas formas de apresentação usualmente apreendidas para esta droga.
O trabalho também mostra que, além do crack e da cocaÃna sal (tradicionais formas de apresentação comercializadas na rua), os usuários estão consumindo diretamente pasta base (sem refino) e cocaÃna base (refinada) com elevados teores da droga (acima de 60% de cocaÃna), o que pode contribuir para gerar pronunciados efeitos estimulantes e psicotrópicos e aumentar a possibilidade de efeitos deletérios como overdose, por exemplo.
AUTORES
Ronaldo Carneiro da Silva Junior*, Cezar Silvino Gomes
SETEC/SR/DPF/AC
Adriano O. Maldaner*, Jorge J. Zacca, MaurÃcio L. Vieira, Élvio D. Botelho
SEPLAB/INC/DITEC/DPF
Recife/PE, 06 de junho de 2011.
Comunicação Social SR-PE
VÃdeo-reportagem sobre a não existência do Oxi
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=IuhAkl6Bg9Y[/youtube]