A violência policial é produto de um Estado que visa conter, e mesmo exterminar, setores cada vez maiores de sua população. Aqueles que Zygmunt Bauman chamou de “consumidores falhos”, aqueles que poderiam ser chamados, nos termos de Hannah Arendt, de “supérfluos”. Pobres, pretos ou quase pretos de tão pobres, inúteis até para o antigo exército de reserva, precisam ser contidos. Na marra, claro.
Violência que se volta também contra os que se revoltam contra isso. Já virou até clichê: criminalização dos movimentos sociais. “Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco” – foi pra rua, é borracha, porrada. A repressão desmedida e descabida da Marcha da Maconha em São Paulo, no dia 21 de maio, foi só mais um dos inúmeros exemplos.
E a cada exemplo, vemos que o efeito moral das bombas é muito mais do que moral. Machuca, corta, rasga, mutila. O gás lacrimogênio faz chorar mas também sufoca, tira o ar dos manifestantes e de quem está passando. E há muitos outros tipos de armas, chamadas de “não-letais”, apesar de poderem matar sim.
Já há algum tempo grupos como o Tortura Nunca Mais buscam que ao menos se tenha critérios para a utilização desse tipo de armamento em manifestações públicas e pacÃficas. Que se proÃba isto, veio dizer agora a Marcha da Liberdade. A Constituição garante o direito de livre manifestação, e para que ele seja efetivo esta liberdade não pode ser ameaçada pela violência e pelo despreparo da polÃcia.
A fim de conversar melhor sobre o tema, organizações da Marcha da Liberdade como o nosso DAR, Organização Popular Aimberé (OPA), Movimento Passe Livre (MPL), Tortura Nunca Mais, Rede Brasil Atual, Centro de MÃdia Independente (CMI) e outras se reuniram na Casa Fora do Eixo para um interessante debate. Confira abaixo o vÃdeo do evento, que foi transmitido ao vivo pela Internet.
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