Entrevista completa na Revista IstoÉ
ISTOÉ – Você pirou em algum momento?
Flausino – Tive uma fase, ali depois do “Oxigênioâ€, muito conturbada. Era o auge da música eletrônica e eu mergulhei mesmo, do jeito que tem de ser. E aà você fica meio confuso. O Jota Quest não me cobrava, sempre foi o meu porto seguro. Mas as noites e noites viradas começaram a atrapalhar. Isso rolou de 2001 a 2005.
ISTOÉ – Você está falando especificamente do quê? De usar drogas e cair na noite?
Flausino – É, de saborear esse movimento da mesma maneira que a geração dos 60 fez, depois a dos 70, e assim por diante. Aà eu falei: “Quero participar desse negócio.â€
ISTOÉ – As drogas chegaram a ser um problema para você?
Flausino – Não, foi bem. Sempre administrei muito bem essa parada de droga. Eu seguro a onda. Graças a Deus eu não tenho essa coisa de querer sempre mais. Para mim, é recreativo total. Eu sempre fui muito cauteloso, entendeu? Não uso para trabalhar, não uso para subir no palco. Aà é uma porcaria, me deixa confuso, acaba com a voz.
ISTOÉ – Você e o Jota passam uma imagem de bom-mocismo. Você chegou a pensar que esse estilo de vida era uma contradição?
Flausino – Teve um tempo que eu ficava pensando que tinham dois Rogérios, mas é um cara só. E ele tem que dar conta da parada toda. Seja quem você é. E tem uma coisa de personalidade, eu não tenho esse negócio de ficar tentando convencer as pessoas de que a minha opinião é a melhor.
ISTOÉ – Você já fez análise?
Flausino – Não.
ISTOÉ – Você participaria da Marcha da Maconha?
Flausino – No dia em que a policia desceu a borracha na Marcha da Maconha eu fiquei com vergonha. Agora, não sei se participaria. O moleque vai me ver lá e dizer: “Olha o Flausino falando que pode fumar maconha.†Não sei não, é muito complicado isso.
ISTOÉ – Você tem uma posição sobre a liberação da maconha?
Flausino – Acho que a gente poderia discriminalizar. Isso iria trazer uma certa leveza para a coisa do usuário inicial, não ia mandar tanto moleque para a cadeia. Tenho dúvidas sobre quem fala que a maconha é a porta de entrada para outras drogas. Fiz todo esse caminho, mas tenho do meu lado várias pessoas que se deram mal pra caralho e botaram a vida no saco.
ISTOÉ – Você ainda usa alguma droga?
Flausino – Eu bebo, como bom mineiro. E uso algumas coisas de forma recreativa, de vez em quando. Mas o alucinógeno não me interessa, definitivamente. Acho que a gente já vive um negócio tão hardcore, vê tanta merda social, que essa coisa da alucinação nunca mexeu muito comigo. Fica aquela confusão… Aà é melhor ter calma, vou pra minha casa com minha mulher, minha filha, meu pai e minha mãe. Vamos ficar na moral. E olha que até pouco tempo eu tinha vontade de tomar o chá de Santo Daime.
ISTOÉ – Você é um cara espiritualizado?
Flausino – Acho que sim. Sou de formação católica, mas gosto de me deixar influenciar por outras religiões, coisas que eu acho bacana. Mas o negocio do chá… Já tô velho demais pra isso.