Postos móveis vão acompanhar menores no centro de SP; projeto ainda não tem data
Usuários de crack ocupam área conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo
O Tribunal de Justiça vai implantar um posto móvel para atender crianças e adolescentes da Cracolândia, região central de São Paulo, para tentar diminuir o número de menores envolvidos com drogas. O projeto ainda não tem data para começar e objetivo seria oferecer atendimento público adequado aos usuários em ambiente de liberdade.
De acordo com o desembargador Antonio Carlos Malheiros, da Coordenadoria da Infância e Juventude, a ideia é ouvir essas crianças e adolescentes, junto da Defensoria Pública, do Ministério Público, além de técnicos da área social e da psicologia.
– Vamos querer saber quem são esses menores. Queremos saber onde as famÃlias deles estão e queremos que um ou outro volte para os familiares. Em todos os casos nós vamos estar ao lado do poder público e vamos exigir que a saúde abra vagas para tratamento.
Malheiros diz ainda que as formas como as crianças serão abordadas ainda estão sendo discutidas, mas todo o trabalho será acompanhado de um defensor público. O objetivo é tentar retirar os menores da rua. Ele diz ainda a internação deverá vir da vontade do próprio usuário, a não ser “em último casoâ€.
– Nós somos contra a internação compulsória. Ela ocorrerá somente quando a criança e adolescente estiverem colocando a sua vida ou dos outros em evidente situação de risco. Nesse caso, na falta da mãe e do pai, compulsoriamente nós vamos decidir pela internação.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, muitas questões que envolvem os usuários vão além da saúde e todo parceiro que possa complementar o trabalho é “bem-vindoâ€.
Por meio de nota, a Defensoria Pública afirmou que foi convidada pela Coordenadoria de Infância e Juventude do TJ-SP a colaborar com o desenvolvimento do projeto e que foram realizadas reuniões preliminares. E que o projeto não possui o escopo de promover a internação compulsória de crianças e adolescentes.
Para Júlio Delmanto, do coletivo Dar (Desentorpecendo a Razão), a ação coincide com a necessidade de retirar pessoas de rua da área para que o projeto de revitalização da área seja cumprido. Ele diz que o Estado tem que passar a ver o crack como um sintoma e não a causa do problema.
– As pessoas que estão na Cracolândia estão sem trabalho, sem estudo e vivendo nas ruas, sem nenhum contato com o Estado. Eles são frutos de problemas sociais complexos.
Padrinhos
A Secretaria de Saúde Municipal de Saúde também está sendo desenvolvido um projeto em que “padrinhos†vão acompanhar os viciados em drogas quando eles chegarem às clinica de recuperação da prefeitura. Ainda não há data para implantação do projeto.
De acordo com Rosângela Dias, coordenadora de Saúde Mental, Ãlcool e Drogas da Secretaria Municipal de Saúde, a ideia é que uma pessoa acompanhe os usuários que fazem tratamento e identifiquem as novas necessidades dele, como busca de trabalho ou reinserção na famÃlia.
– Hoje os Caps (Centro de Atenção Psicossocial) fazem um pouco desse papel, mas proposta é de ter equipe para fazer isso de uma forma mais robusta, em parceria com outros serviços da rede.