Marion Strecker
Em San Francisco
O cânhamo, planta que dá a maconha e as fibras têxteis resistentes usadas há milênios do Oriente ao Ocidente, é parte arraigada da cultura californiana.
Ao lado de San Francisco e Berkeley há uma cidade importante chamada Oakland, onde recentemente dois veteranos da guerra do Iraque, um de 24 anos e outro de 32 anos, sofreram sérios ferimentos quando a polÃcia forçou a dispersão do acampamento de protesto Occupy Oakland, criado à luz do Occupy Wall Street, de Nova York.
Em Oakland, além de uma cena musical fervilhante, estádios e teatros enormes, há um lugar conhecido como Oaksterdam, cujo nome presta homenagem a Amsterdam, a cidade holandesa famosa por sua polÃtica liberal quanto à s drogas, em particular à maconha e sua forma mais forte, o haxixe.
Em Oaksterdam, entre outras coisas relacionadas à maconha, há um museu e uma escola especializada no produto.
A chamada Oaksterdam University (www.oaksterdamuniversity.com) é uma escola particular criada em 2007, não reconhecida como curso superior. Ela se propõe a oferecer treinamento de alta qualidade nos diversos aspectos da indústria da cannabis. O objetivo é preparar os alunos para encontrar emprego em uma das mais de mil cooperativas, farmácias e/ou clubes da Califórnia. Ou a começar um negócio próprio.
Este é o caso de Jesus Hernandez, um rapaz de 21 anos que fez um curso de 13 semanas ali e agora está estudando negócios na DeVry University. Ele é americano e sua famÃlia é de origem mexicana. Nem o pai nem a mãe, que são separados, aprovam o seu plano de carreira. E ele nunca fuma maconha na casa do pai, onde mora.
Para Jesus Hernandez, que tem uma irmã no corpo de funcionários da Oaksterdam University, está mais do que claro que o negócio da maconha só vai crescer na Califórnia nos próximos anos. E ele quer surfar nessa onda.
O chamado Semestre Clássico da escola dura 13 semanas e custa US$ 700, o Semestre de Horticultura dura 10 semanas e custa entre US$ 700 e US$ 800, e um seminário de fim de semana custa US$ 300. Há também outros cursos de fim de semana e alguns eletivos, com preços variados. Os valores não incluem a bibliografia.
Os assuntos estudados vão das diferenças entre as leis federais e estaduais, os direitos e responsabilidades legais, a horticultura, os métodos de ingestão, incluindo extração, cozimento e vaporização, e aspectos econômicos do chamado Cannabusiness.
Ainda no Semestre Clássico são objetos de estudo a relação com os pacientes e como montar e operar um negócio.
O curso de Horticultura ensina o ciclo de vida da planta, sua propagação, os problemas relacionados ao uso de pesticidas, estratégias de agricultura e iluminação e segurança no uso de eletricidade, já que muitas plantações acontecem em espaços fechados.
Os alunos que obtiverem 75% de aprovação nos exames finais ganham diploma, usado para facilitar a empregabilidade nas farmácias e cooperativas.
“Marijuana Horticulture: The Indoor/Outdoor Medical Grower’s Bible”, de Jorge Cervantes |
“Marijuana Medical Handbookâ€, de Dale Gieringer, Ed Rosenthal e Gregory T. Carter |
“Marijuana Garden Saverâ€, de J.C. Stitch |
“Aunt Sandy’s Medical Marijuana Cookbookâ€, de Sandy Moriarty |
A Oaksterdam não é a primeira nem será a última escola a ensinar como lidar com a maconha enquanto negócio.
Seminários, congressos e palestras pipocam o tempo todo na Califórnia.
Um concorrente direto da Oaksterdam University parece ser a Budding Academy (www.buddingacademy.com/classes), que já distribui “flyers†(propaganda em papel) por aqui, tem um site em que afirma operar em 12 Estados americanos, mas quando tentamos informações mais detalhadas de qualquer local especÃfico, nada é informado no site.
Seminários de 12 horas de duração são oferecidos pela Budding Academy por US$ 199, incluindo taxas e material didático.
Deixando de lado a concorrência, que só aumenta, este ano, além da “faculdadeâ€, a cidade de Oakland também ganhou seu primeiro museu dedicado à maconha, o Oaksterdam Cannabis Museum (http://oaksterdamcannabismuseum.com).
Ali, podem ser vistos pés de Cannabis Sativa e de Cannabis Indica, lado a lado. Um é maior que o outro. Um tem folha mais largas que o outro. Há também fotos e objetos antigos, mostrando como a cultura do cânhamo e da maconha esteve e continua presente na história oriental e ocidental. Mas há também muito material de campanha, tentando envolver os visitantes nas batalhas polÃticas e judiciais pela liberação da erva.
Pelo que verifiquei até agora, nem todas as informações do site ou do pequeno museu são exatas ou comprováveis. O museu tem claramente um fim polÃtico, ativista.