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Novembro 27, 2011

Paz e lucros na Rocinha

Como já apontou texto recente no Outras Palavras, os interesses imobiliários surgem como um elemento ativo na implementação das UPP’s no Rio de Janeiro.

O Estado de S. Paulo, 18/11/2011

Casas Bahia, Caixa e Banco do Brasil são algumas das empresas que se preparam para expandir seus negócios na maior favela carioca, depois da pacificação promovida pelo governo do Estado.

Por Luís Artur NOGUEIRA

A segunda-feira 14, primeiro dia útil após a ocupação da favela da Rocinha pela forças policiais do Estado, começou com uma movimentação atípica em frente às imobiliárias da comunidade. Dezenas de pessoas procuravam informações sobre compra, venda e aluguel de imóveis residenciais e comerciais, num primeiro sinal de que os preços das casas iriam subir com a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Mais do que isso: os próprios moradores e “espiões de fora” já perceberam que, além da valorização dos imóveis, começam a surgir oportunidades de negócios com a saída dos traficantes. “Fomos expulsos da Rocinha pelos bandidos em 2009 e retornaremos nesta semana com um esforço de formalização dos micro e pequenos negócios”, diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae Nacional. A entidade já planeja o fomento do turismo, do comércio e de serviços, como lan houses, no bairro. Barretto observa que não é só quem mora na Rocinha que está vislumbrando essas novas possibilidades. “Todo comerciante do Rio quer a classe C que mora hoje na maior favela do Rio”, afirma. Com investimentos de R$ 100 milhões em infraestrutura previstos para os próximos três meses, o governo estadual do Rio de Janeiro tenta reativar a economia formal na Rocinha, que, até então, operava quase totalmente na ilegalidade. Nem mesmo os mototaxistas vão escapar da fiscalização. Em reunião com moradores na semana passada, o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tenente-coronel René Alonso, se negou a abrir exceções. “Não permitiremos o trânsito de motos sem documentação”, disse a uma plateia atônita. “Nem adianta, não tem conversa.”

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Emprego e renda: UPP na Rocinha e investimento público de R$ 100 milhões
em infraestrutura garantem a entrada de empresas na comunidade

Uma certa resistência inicial é esperada, porém, os especialistas ouvidos pela DINHEIRO são unânimes em apontar que os ganhos econômicos são uma consequência natural das ações de pacificação – que, por sinal, contam com o apoio financeiro do empresário Eike Batista (R$ 20 milhões por ano até 2014) e do Bradesco (R$ 2 milhões anuais). O professor do departamento de Economia da PUC-Rio, José Márcio Camargo, acredita que uma ocupação estruturada da Rocinha, que fica numa área privilegiada, na zona sul do Rio,  tende a transformar a favela num bairro de classe média. “Os preços vão começar a subir e os imóveis, a ser trocados de mãos”, diz Camargo. “As empresas verão oportunidades iguais às de qualquer bairro de classe média.” O Banco do Brasil e a Caixa já anunciaram a abertura de novas unidades na Rocinha. O Bradesco, que também tem agência lá, informa que “está estudando a possibilidade de expansão”. De olho em uma massa de potenciais correntistas – a favela tem cerca de 150 mil moradores –, o Santander avalia as oportunidades geradas com a presença da polícia.

O banco espanhol já está presente no Complexo do Alemão, na zona norte da capital, a 28 quilômetros da Rocinha, desde que uma ação de pacificação foi instaurada no local. “Estamos satisfeitos com o desempenho da agência instalada no Complexo, que tem metade dos funcionários formada por moradores”, disse à DINHEIRO Robson Rezende, superintendente de expansão de rede do Santander. Rezende, porém, não revela quanto a agência movimenta, embora garanta que está dentro do planejado. As oportunidades de lucros, na verdade, tendem a ser proporcionais ao tamanho das carências das regiões que passam a ser melhor assistidas pela iniciativa privada. Segundo um estudo divulgado na semana passada pelo pesquisador Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apenas 33,9% dos moradores da Rocinha são atendidos pelos Correios e somente metade da população tem acesso à iluminação pública.
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Luiza em Paraisópolis: Luiza Trajano vai inaugurar uma loja do Magazine Luiza
na favela paulistana em 2012. “Me sinto incompetente por não ter vindo antes”, diz
 A presença das forças policiais, segundo Neri, gera o ambiente ideal para que a iniciativa privada preencha essa lacuna. “A nova classe emergente será acessada pelas empresas com mais tranquilidade”, diz Neri, que prevê até ganhos de imagem junto à sociedade para as primeiras companhias que fincarem bandeira na Rocinha. Não são poucas as empresas que pretendem marcar presença nessa estreia. Antes mesmo da entrada das UPPs, a Casas Bahia já planejava abrir um centro comercial na região, nos mesmos moldes adotados há três anos em Paraisópolis, favela da zona sul de São Paulo,  com 100 mil habitantes. A maior rede varejista de eletrodomésticos do País confirma a inauguração da loja na favela carioca no primeiro trimestre do ano que vem. “A empresa demorou um certo tempo para achar um ponto comercial adequado, o que efetivamente se consolidou neste ano, independentemente das ações de pacificação no local”, diz a empresa por meio de nota.
Gilson Rodrigues, presidente da Associação dos Moradores de Paraisópolis, acredita que um movimento de atração de empresas acontecerá na Rocinha a exemplo do que ocorreu em sua comunidade, depois que uma ação policial isolou os traficantes do local. “Antes era impossível imaginar ter Casas Bahia, Banco do Brasil e Bradesco por aqui”, diz Rodrigues. “A vinda dessas redes gerou emprego e renda, e desenvolveu o comércio local, que já tem oito mil pontos.” O comércio de Paraisópolis já emprega 20 mil pessoas, a maioria, moradores da própria favela. Segundo o líder comunitário, a atração de negócios ajudou a elevar a renda da comunidade. Pelo menos 87% dos chefes de família da favela recebem de três a mais salários mínimos por mês. Com o crescimento do poder aquisitivo dos moradores, Rodrigues dá como certa a chegada, em breve, da TIM, da Vivo e do Magazine Luiza. “A Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, já olhou até um terreno que fica a poucos metros da Casas Bahia.” A empresária, que participou na quinta-feira 17 do lançamento do 1º Fórum Novo Brasil – Desvendando a Nova Classe Média, promovido em Paraisópolis, pelo instituto Data Popular,  confirmou à DINHEIRO o interesse.
“Me sinto incompetente por não ter vindo aqui antes”, afirmou. Presente no mesmo seminário, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, Wellington Moreira Franco, disse que a ação policial, como a promovida na Rocinha, tem como prioridade resgatar a cidadania dos moradores. “Num segundo momento, é claro, terá o efeito de atrair empresas para a região”, diz Moreira Franco. O sócio-diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, que há 10 anos estuda a evolução da nova classe média (pelo critério do instituto, são famílias com renda média de R$ 2.295), lembra que a classe C já representa 40% dos moradores das favelas brasileiras. “A população da Rocinha é maior que a de muitas cidades do País”, diz Meirelles. “É obrigação dos empresários olhar para esses locais.” Neri, da FGV,  concorda. “É um mar de oportunidades que surge exatamente como acontece quando há a abertura econômica de um país: abriram a economia da Rocinha”, afirma.
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