Blog coletivo do Outras Palavras
Grande popularidade e aceitação da droga no Brasil colocam paÃs como 2º do mundo em consumo e apontam para a complexidade de um problema que não se reduz à maconha
Apesar de um final “ideológico†– e portanto distorcido – uma matéria publicada no Valor Econômico desta semana traz aspectos interessantes tanto para os interessados no antiproibicionismo quanto praqueles preocupados com a América Latina e seus tantos imbróglios.  Assinado por Fabio Muraka, o texto traz dados relevantes sobre o mercado de drogas no Brasil e seus efeitos sobre a economia e a polÃtica. logo, sobre a vida, dos bolivianos.
Segundo fontes ouvidas, na esteira do crescimento do poderio econômico de um setor expressivo da população brasileira no pós-FHC cresceu também o consumo de drogas ilÃcitas no paÃs, substâncias que apesar de proibidas não deixam de ser antes de tudo mercadoria. O Brasil já seria o segundo maior consumidor de cocaÃna do mundo, ficando atrás apenas dos EUA – sim, aqueles que intervêm em outros paÃses acusando seus governos de negligência.
Este aspecto é interessante pois mostra o quão disseminado está o consumo de psicoativos ilÃcitos na sociedade brasileira, a despeito do que pensam o Estado e seus corruptos operadores. Além disso, é mais um Ãndice que faz refletir sobre a amplidão de um problema que não se resolve com o olhar voltado apenas para a maconha, como parecem pensar alguns.
Fundamentais também os dados que enfocam os efeitos do grande consumo brasileiro na BolÃvia, paÃs antigamente caracterizado sobretudo como produtor da matéria-prima coca para o refino em território colombiano ou peruano, e posterior distribuição nos EUA via México, e agora envolvido cada vez mais em outras etapas do circuito da cocaÃna, como refino e distribuição.
Se dentro da Colômbia a repressão a determinados grupos comerciantes de drogas – os ditos cartéis – gerou não o fim da oferta mas apenas uma fragmentação dos grupos vendedores, na BolÃvia o ataque à s organizações de Escobar e Cia. também teriam resultado no incentivo à efetivação de pequenas facções locais produtoras e comerciantes. Teoria do balão, você aperta de um lado o ar se desloca pro outro – o México se tornou o que é hoje também por conta da repressão na Colômbia.
Além disso, grupos brasileiros como PCC e Comando Vermelho, de São Paulo e Rio, respectivamente, estariam disputando territórios dentro da BolÃvia, como na região do estado de Santa Cruz, fronteiriço ao Brasil.
Mesmo tendo a frente do governo federal um partido e um presidente ligados a movimentos sociais e defendendo uma não criminalização da folha de coca não refinada, a BolÃvia de Evo segue reprimindo o comércio de drogas ilÃcitas em seu paÃs, não se sabe se por convicção ou apenas para atender interesses internacionais.