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Janeiro 17, 2012

Guerra às drogas no México: 27 mortos por dia

Da Carta Maior

A Procuradoria Geral da República do México divulgou esta semana os índices oficiais das vítimas da guerra envolvendo o narcotráfico no país. As estatísticas do ano passado são as seguintes: 27 pessoas mortas por dia, 819 por mês e 9.830 por ano, em um total de 47.515 homicídios contabilizados até o dia 30 de setembro de 2011. Senador da oposição diz que governo de Felipe Calderón vai chegar ao fim com mais vítimas dessa guerra do que os EUA tiveram no Vietnã.

Eduardo Febbro

Mais dois decapitados na porta de uma loja, uma média de 48 executados por dia ao longo de 2011 e um total de 12.903 mortos na chamada “narcoguerra” nos últimos nove meses. As cifras da violência que assola o México desde que o presidente Felipe Calderón lançou em 2006 a ofensiva contra os cartéis da droga revelam a amplitude permanente da narcoviolência.

A Procuradoria Geral da República (PGR) divulgou esta semana os índices oficiais dos “narcomortos”. As estatísticas globais podem ser assim traduzidas: 27 pessoas mortas por dia, 819 por mês e 9.830 por ano, em um total de 47.515 homicídios contabilizados até o dia 30 de setembro de 2011. As ONGs e os analistas estimam que os cálculos forem ampliados até dezembro de 2011 e se forem incorporadas às estatísticas a violência que impera em estados como o de Sinaloa e Morelos, onde os assassinatos aumentaram em 84 e 44%, respectivamente, o ano terminará com 17 mil vítimas da guerra cruzada entre os cartéis da droga e do Estado contra estes.

Segunda dados da mesma Procuradoria Geral da República, o narcotráfico está controlado por dois poderosos grupos: o de Joaquim Guzmán, El Chapo, chefe do Cartel de Sinaloa, e o de Osiel Cárdenas, chefe do Cartel do Golfo, para quem trabalha outra rede de assassinos chamados de “Zetas” que se converteram em um protagonista da narcoviolência. Mas essas são apenas as duas principais organizações criminosas. A PGR contabiliza sete cartéis operando no país: o Cartel do Golfo, o de Tijuana, o de Ciudad Juárez, o de Sinalou, o de Colima, o de Milenio e o de Oaxaca. A DEA norteamericana estima que existem 30 organizações criminosas de peso e a Subprocuradoria de Investigação Especializada contra o Crime Organizado do México (SIEDO) calcula que há mais 130 células de delinquentes estruturadas em território mexicano.

A DEA, obviamente, incorre nas hipocrisias de sempre. As estatísticas norte-americanas quase sempre excluem a enorme responsabilidade dos Estados Unidos no drama mexicano. Washington não só é o principal consumidor da droga que sai do México, como também é o país onde os “narcos” adquirem todas as armas que usam na guerra. As supostas “ajudas” dos EUA são ridículas comparadas com os números dos negócios do narcotráfico. A chamada Iniciativa Mérida, ativada pelo ex-presidente George W. Bush em 2008 para combater o narcotráfico e o crime organizado no México e América Central chega a 1,5 bilhões de dólares. É uma lágrima lançada em um incêndio perto dos 20 bilhões de dólares anuais que representa o narconegócio.

A grande maioria das vítimas está ligada ao conflito envolvendo o tráfico de drogas. Os dados do Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP), acrescidos aos da PRG permitem estabelecer que cerca de 75% dos homicídios estão relacionados com os narcos. Outro dado oficial desenha a geografia do crime: grande parte das execuções se concentra em 8 Estados dos 32 que compõem o México: Chihuahua, Coahuila, Durango, Nuevo León, Veracruz, Sinaloa, Tamaulipas e Estado do México. A PRG estima que nestes 8 Estados estão espalhados e enfrentando-se entre si os cartéis de Sinaloa, Juárez, Beltrán Levya, do Golgo, Zetas, La Familia e Los Caballeros Templarios (Cavaleiros Templários). O organismo oficial assegura em seu resumo que 2011 foi o ano no qual o percentual de homicídios resultou menos importante. No entanto, cabe observar que se trata somente de dados preliminares, faltando os números do último trimestre. Comparativamente, em 2010 ocorreram 15.273 homicídios.

A publicação desses números ocorre no contexto de uma dura polêmica entre os meios de comunicação e o Executivo. O jornal Milênio e o portal animipolitico.com sustentaram que o governo federal estava encobrindo os homicídios relacionados com o narcotráfico. O informe da Procuradoria é mais leve que os cálculos extraoficiais: estes falavam de 55 mil mortos nos seis anos de mandato de Felipe Calderón. Os dois partidos de oposição ao governista PAN, PRI e PRD, estimaram que o grande volume de vítimas expõe o fracasso da política de segurança implementada pelo chefe do Estado. O senador do PRI, Francisco Labastida Ochoa declarou que quando terminar “o mandato de Felipe Calderón, o país vai contar com um número de pessoas mortas na estratégia adotada contra o crime organizado superior às baixas que os Estados Unidos tiveram na Guerra do Vietnã”.

Trata-se, além disso, de mortos sem justiça. A justiça mexicana é praticamente incapaz de investigar e prender os responsáveis. Em novembro passado, a ONG Human Rights Watch denunciou o fato de que o aumento da violência não significou um incremento da quantidade de julgamentos. Muito pelo contrário, apenas “em uma fração desses casos foram iniciadas investigações”. 2011 terminou com um morto a cada meia hora e uma justiça que, embora tenha prendido milhares de pessoas, pronunciou muito poucas sentenças. Ciudad Juárez foi o município onde se registrou o maior número de vítimas em 2011. Não é um acaso geográfico. Ciudad Juárez é a plataforma estratégica de onde parte a droga para os Estados Unidos e, por conseguinte, uma zona de disputa central pelo controle desse território entre os cartéis da droga.

Tradução: Katarina Peixoto

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