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Janeiro 31, 2012

Princípio Ativo: Marcha no FST e novos caminhos do ativismo canábico

Princípio Ativo – Coletivo antiproibicionista de Porto Alegre

A Marcha da Maconha no Fórum Social Temático 2012 chegou ao Anfiteatro triplicando o número de pessoas que acompanhavam os shows de encerramento do evento, no último sábado (28/01). Ao longo da noite, entre os comentários feitos no palco, o assunto de maior resposta era, claramente, a legalização. A Bandinha Di Da Dó, mui coerentemente, usou uma das frases de efeito da Marcha, “Pequi, Feijão, Maconha e Educação!”, para deixar claro: Só feijão ou só maconha, sem educação, não é solução…

Saindo do Acampamento da Juventude, pessoas caminharam com faixas e cartazes pelas ruas, passaram pela polícia (que não chegou a reprimi-las), culminando no Anfiteatro Pôr-do-Sol, à beira do Guaíba, numa noite na qual o grande tom seria o movimento hip-hop. O mesmo de Dexter, que recentemente disse que a marcha da maconha era um movimento de playboys – no que não está totalmente equivocado, restando a pergunta: Por que é que um bando de playboys conseguem aderir à marcha enquanto muitas pessoas do movimento hip-hop, totalmente ligado ao desastre da guerra às drogas na periferia, não veem nela algo importante? Permanece como irresistível analisador desse distanciamento o quase arrastão ocorrido durante o show dos Racionais, que fechava a noite no Anfiteatro – com direito a pito de Mano Brown: “vão assaltar proletários?”…

Tempo de repensar os objetivos da marcha

O buraco parece estar mais embaixo. Faz não muito tempo, o jornal Brasil de Fato entrevistava o escritor Tariq Ali, no qual dizia que o Brasil, não tendo imagem muito conhecida pelas bandas do Oriente Médio, não deixava de simbolizar, com seus projetos de esquerdas capitalistas no poder, um “exemplo bom” diante do “mau exemplo” boliviano. Falando das primaveras árabes e das grandes ocupações das ruas por cidadãos e cidadãs (auto-intitulando-se como movimentos sociais ou não), o paquistanês avalia que o Fórum Social Mundial, agora com movimentos sociais debilitados e com ONGs que o “dominam totalmente”, não o tem mais atraído.

“Os (Fóruns Sociais) de Porto Alegre foram muito importantes, mas os que se levaram a cabo agora… converteram- se em uma espécie de simbolismo. Nada é feito. Só te faz sentir bem por dois ou três dias. E agora tampouco te faz se sentir tão bem. Muita gente pobre não pôde chegar aos fóruns organizados na África porque eram muito caros. Seus organizadores têm que se perguntar: “Para que estamos organizando isso? Qual é o objetivo do FSM?” Porque o mundo mudou desde os primeiros fóruns, para melhor em alguns casos, e creio que o mais importante agora é o fortalecimento regional, unir as forças progressistas (…)” – Tariq Ali, escritor paquistanês (Brasil de Fato – Dezembro).

Mas o que isso tem a ver com as marchas da maconha? E mais especificamente, o que tem a ver com a Marcha que ocorreu durante a programação do Fórum Social Temático?

Na entrevista ao Brasil de Fato, Tariq diz que ao menos nestes fóruns atuais, podemos nos sentir bem por dois ou três dias. Isso é bom: o mundo não deixa de ser o mesmo, ainda que pessoas que julguemos legais possam se encontrar. Estavam lá presentes ativistas pró-legalização de vários estados. Os debates realizados trouxeram alguma qualidade aos olhares críticos sobre a caretice em geral e as políticas de drogas brasileiras. Que mudanças as marchas trazem? Queremos uma legalização estilo coffee-shops, sem um mínimo de leitura quanto à realidade brasileira? Como ficará o cultivo para uso próprio? Teremos de ficar eternamente reféns da bênção de médicos e policiais para usar nosso próprio corpo? Uma coisa exclui a outra?

As velhas formas se aproximam na corrida pelo voto

Enquanto isso, os encontros entre ativistas das marchas gerou relatos também sobre a insistência do velho aparelhamento partidário, que vê na aglomeração de maconheiros e maconheiras seus dividendos em votos – o que é lícito e interessante, desde que com um mínimo de propriedade e vergonha na cara, visto que a riqueza das marchas vai muito além de qualquer estrutura formal de poder. A marcha, como as demais ocupações nas ruas, tem um poder que não pode ser diminuído pelo estabelecimento de comícios e pessoas medíocres querendo voto em pleno século XXI.

No meio da que ocorreu neste sábado, em um evento tomado por investimentos de interesse partidários e de governo, vimos ao longo da caminhada no FST o espetáculo engraçadíssimo e bizarro de alguns militantes partidários tomando as faixas do coletivo para tirar fotos, tudo com uma grande diversidade de sorrisos amarelos, expressões de indignação e punhos fechados (alguns com boas atuações, mas outros precisam ensaiar melhor a postura militonta diante do espelho – fica a dica). Pra não falar de um velho rapaz que, com crachá da juventude de algum partido esquecível, veio até as pessoas que estavam na concentração dizendo que havia saído de um debate sobre drogas, e que todas as pessoas ali estavam, agora, convocadas (por ele?) a fazer uma marcha. Passamos a ele o panfleto com a divulgação das várias atividades que rolaram durante a semana, com uma marcha que já estava para acontecer – e ele permaneceu ali, sem o mínimo de vergonha pela gafe.

Realidade contemporânea e uma Marcha da Maconha para além da marcha

Na edição sobre “As Grandes Marchas” do programa online Criminologia de Garagem (confira o programa no final deste texto), os antiproibicionistas Moysés Pinto Neto e Salo de Carvalho comentam a Marcha das Vadias, a Marcha da Maconha e a primavera árabe. Nele, descem o relho dizendo que a das Vadias é menos legalista que a da Maconha, ainda muito careta no que diz respeito aos movimentos contemporâneos de ocupação, como a própria primavera árabe ou o movimento occupy. O OcupaPoA, aliás, estava presente na Marcha do FST, mesmo mantendo distância de sua programação por entendê-lo muito vinculado à estrutura de estado (o que é verdade). Isso não impediu que o Princípio Ativo desejasse tocar por lá alguma aproximação.

A Marcha da Maconha ocorreu, e foi “um sucesso”. Mas já não se medem manifestações com o número de pessoas nas ruas, e tampouco as conquistas estarão na mudança efetiva das leis. Além disso, não medimos mais o ativismo pela resistência ao fazer acontecer a marcha. A grande mudança será que sentido podemos dar ao debate (se mais caretas/legalistas ou com caráter de ocupação), e é isto que os diversos coletivos espalhados pelo país têm à disposição a partir de agora. Com as marchas “liberadas” pelo STF, pessoas nas ruas já serão realidade em 2012. Cidades que historicamente enfrentaram proibições e durezas dos Ministérios Públicos agora farão marchas – e agora alguns tópicos já surgem no amadurecimento do movimento…

Criminologia de Garagem 3 – Grandes Marchas

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=sH3wkdhzmO0[/youtube]

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