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Fevereiro 07, 2012

Os peixes-pequenos: 1/3 dos presos na Luz acusados de tráfico são moradores de rua

1/3 dos suspeitos de tráfico moram na rua

Levantamento sobre a origem de 136 prisões na região da cracolândia indica que 41 pessoas não tinham residência fixa

Falta de endereço dificulta obtenção do benefício de a pessoa responder ao processo na Justiça em liberdade

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

Marcos José de Oliveira Lima, 31, foi preso sob suspeita de tráfico de drogas na região conhecida como cracolândia. Estava com 2,3 gramas de crack e R$ 61.

Mesmo sendo réu primário e estando com pouca droga, é quase certo que não vai conseguir responder ao seu processo em liberdade por não ter um documento exigido pela maioria dos magistrados para esse tipo de concessão: comprovante de residência.

Lima é morador de rua.

Assim como ele, outras 40 pessoas presas por equipes do Denarc (departamento de narcóticos) na operação na cracolândia se declararam moradores de rua.

Isso significa que, praticamente, um a cada três presos não tem comprovante de residência e deve permanecer preso durante todo o processo. Os números do Denarc são das 136 prisões feitas até a última quinta-feira, das 196 prisões realizadas até então.

Para o delegado Wagner Giudice, diretor do Denarc, o perfil do dependente em crack é problemático porque muitos traficam para sustentar o vício. “Eles abandonam o vínculo familiar e vão morar na rua por conta da droga. Para subsistir, acabam traficando. Acabam vivendo do microtráfico.”

Para o delegado, não há dúvidas sobre o crime atribuído a Lima. “Ele é um vendedor de droga de fato. A gente filma, acompanha. Não é que ele vende uma vez só. Ele vende continuamente”, disse.

DEVER LEGAL

A Polícia Militar não informou quantos dos seus presos eram moradores de rua. Segundo o comandante Álvaro Camilo, a PM precisa cumprir o dever legal de prender, independentemente da condição social. “Quando ele está traficando, ele está prejudicando outras pessoas. Pode ser pouco, ou muito, está prejudicando alguém.”

Para a defensora pública Virginia Catelan, o número de moradores de rua presos na cracolândia e a falta de endereço fixo dificulta em muito a obtenção de benefícios com os magistrados. Mesmo não tendo previsão legal, esse tipo de exigência é quase unânime na Justiça.

 

À noite, traficantes e usuários de drogas persistem na cracolândia

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um mês atrás era comum ouvir quatro frases gritadas na cracolândia: “Quem tem cinco pra rachar? Quem me vende um real? Eu tenho bloco! Ó a loira na reta!”

No fim de semana passado, contrariando a expectativa da Polícia Militar e do governo paulista, essas frases ainda eram ditas por traficantes e usuários que insistem em ficar na cracolândia do centro de São Paulo.

Antes de mais nada, é necessário traduzir cada frase dita pelo grupo. As gírias significam respectivamente: “Quem tem R$ 5 para dividir a compra de uma pedra de crack comigo, que custa R$ 10? Quem deixa eu dar um trago em seu cachimbo por R$ 1? Eu tenho pedra de crack para vender! Olha o carro da polícia se aproximando!”.

Na noite de sábado e na madrugada de ontem, a Folha acompanhou a movimentação de policiais, dependentes químicos e traficantes nas principais ruas da cracolândia. Por cerca de seis horas, presenciou diversas vezes a venda de crack e o consumo por pessoas de várias idades, inclusive idosos e jovens.

Diferentemente do que ocorreu no início da operação policial, não houve violência por parte dos PMs.

Dessa vez, não usaram bombas de efeitos moral e balas de borracha, conforme constatado pela Folha no dia 7 de janeiro. O uso desses artefatos foi proibido pelo governo paulista. A polícia dispersou usuários ligando sirenes e os afastando com carros subindo em calçadas.

O jogo era de empurra-empurra. Enquanto a polícia seguia por uma rua, a turba ia para outra. “Temos de fumar andando”, disse um viciado.

Colaboraram APU GOMES e FELIX LIMA

Em dia de sol, famílias começam a voltar para as ruas da região

RAPHAEL MARCHIORI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A analista Cleide de Aguiar, 56, mora há sete anos em frente à praça Princesa Isabel (centro de SP) e a menos de cinco minutos do trabalho.

Tinha tudo para ser uma paulistana a menos a usar carro. Com medo dos dependentes de crack, sempre preferiu o veículo à caminhada.

Situação semelhante vivia Maria da Conceição, 41. Ela criou dois filhos e agora um neto em um prédio da rua Helvétia. Devido à precariedade do entorno, dizia-se obrigada a pegar ônibus para se divertir no parque Buenos Aires (avenida Angélica).

PRAÇA, À NOITE

Exemplos de quem não saía na cracolândia não faltam. Mas isso começa a mudar na região que tem mais de 400 mil moradores. “Agora, até a noite vou à praça com meu marido. Está cheio de crianças”, diz Cleide.

Não muito longe dali, na rua dos Andradas, já é possível encontrar até quem não mora na região, mas já se sente seguro para se sentar à mesa do bar e ouvir um samba.

“Quando saí de casa, não me imaginava ouvindo samba na cracolândia”, diverte-se Acácia Coialo, 52, que vive em Santos (litoral de SP) e veio à capital paulista visitar a Pinacoteca do Estado.

Para alguns moradores, porém, essa sensação de segurança pode ser passageira.

“Realmente mais pessoas transitam por aqui. Mas tenho receio de que essa operação seja só para ‘inglês ver’ e político aparecer na mídia”, diz Carivaldino Soares, 74.

Até sexta-feira, a operação na cracolândia havia realizado 245 prisões e 194 internações -números superiores à média mensal dos últimos dois anos.

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