MANAUS – Jovens de todas as classes sociais, movimentos anarquistas e estudantes usaram o direito de manifestação em favor da descriminalizaçãda maconha, na marcha que ocorreu na tarde deste sábado (19), na capital. O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou, em novembro do ano passado, que esse tipo de passeata não é apologia ao crime. Debate polÃtico, economia e o caráter social da legalização foram apontados pelos manifestantes que compareram ao movimento. A saÃda aconteceu no Parque dos Bilhares, percorreu a Avenida Djalma Batista – no bairro Nossa Senhora das Graças – foi até a Avenida Constantino Nery e retornou ao Parque. Cerca de 200 pessoas participaram da Marcha em Manaus.
Um dos organizadores do evento, Luan Dante, reclamou da atitude do Comandante Gera dal PolÃcia Militar, Almir David, que se recusou a acompanhar a Marcha. Ele disse ter ficado preocupado com a integridade fÃsica dos manifestantes. “Algumas pessoas poderiam deturpar o objetivo da Marcha. Além disso, os motoristas não nos respeitaram. A falta de segurança foi preocupante. Ainda assim, o evento foi pacÃfico e sem contratempos. Quem veio, se divertiuâ€, afirmou.
Confira a galeria de fotos da Marcha da Maconha, em Manaus
Debate polÃtico e economia
A legalização da droga teve o apoio do psiquiatra Rogelio Casado. Ele assinalou o duplo caráter da Marcha. Uma delas seria a liberdade de expressão, devido à resposta da PolÃcia. “Se o comandante emitiu uma opinião pessoal ou não, o importante é respeitar a Lei. É legÃtimo garantir o debate polÃtico acerca da descriminalização. Ainda há muita desinformação sobre o assuntoâ€, disse.
A minimização dos efeitos da maconha é tema de pesquisa do quÃmico Mandacaru Ribeiro. Vindo do Rio de Janeiro especialmente para a manifestação, ele defende a legalização do consumo da erva. ‘A guerra contra as drogas acontece há 80 anos e foi perdida. A sociedade brasileira passou por transformações econômicas e sociais. O tráfico de drogas lota as prisões. O paÃs pode é lucrar com a legalização, pois o consumo vai gerar emprego e rendaâ€, opinou.
De acordo com o estudante de agroecologia, um dos organizadores da marcha, Victor Permaculturando, historicamente o homem sempre usou a planta e outras drogas. “A proibição é uma forma clara e concreta de onerar o poder público, com os julgamentos de quem vende a droga. No Amazonas, de Manaus até o municÃpio de Itacoatiara há plantações. Com a legalização, este comércio pode se transformar em imposto e postos de trabalhoâ€, defendeu.
Brasil ainda não está preparado, afirma estudante
Já à s 16h30, os manifestantes organizavam-se com faixas e cartazes. Um tambor marcava o tempo para o inÃcio da Marcha.
Presente na passeata, o estudante Robert Anderson disse que morou cinco anos em Amsterdã, a capital da Holanda, onde a droga é legalizada há muitos anos. Ele disse que, naquele paÃs, a droga é vendida inclusive em lojas de café. “Estou apoiandao a manifestação, mas não acredito na maturidade brasileira para descriminalizar a maconha. Quero poder usar na minha casa sem me sentir um criminoso, mas acho que não vou viver para ver issoâ€, finalizou.