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Julho 01, 2012

Cocaína vendida no Brasil é ‘batizada’ até com vermífugo

Folha

Droga é misturada a remédio vetado no país

Antitérmico de venda proibida foi encontrado pela Polícia Federal em 35% das amostras de cocaína analisadas

Vermífugo, cafeína e anestésicos também foram encontrados; médicos alertam para riscos cardíacos

FERNANDO MELLO
DE BRASÍLIA

A Polícia Federal desvendou o “DNA” das drogas que entram no Brasil. Após sete anos entre microscópios e reagentes químicos, peritos identificaram a origem da cocaína e do crack, o grau de pureza das drogas e o que os traficantes misturam a elas.

Quando um usuário consome cocaína pode estar ingerindo, por exemplo, antitérmicos, cafeína, anestésicos e até vermífugos.

Tudo isso misturado à droga aumenta ainda mais os riscos à saúde dos usuários.

Batizado de Pequi (Perfil Químico), o projeto que identificou como as drogas são “batizadas” começou a ser desenhado em 2005, mas foi a partir de 2009 que os policiais padronizaram o envio de amostras para Brasília sempre que as apreensões ultrapassavam cinco quilos.

A fenacetina, um antitérmico e analgésico de venda proibida no país, aparece em 35% das amostras de cocaína.

Os peritos também localizaram em 11% dos casos o levamisol, um vermífugo que costuma ser utilizado em criações de gado, suínos e ovinos.

Depois aparecem cafeína (8%) -especialmente em São Paulo, Paraná, Distrito Federal e Amazonas -e produtos com efeitos anestésicos como benzoína e lindocaína, essa última encontrada de forma mais significativa (15% das amostras) em São Paulo.

A PF analisou as misturas tanto na pasta-base -etapa inicial do processo de transformação da cocaína- quanto na cocaína refinada e no crack. Nas últimas semanas, os peritos iniciaram a análise das amostras de maconha, ecstasy e outras drogas.

Em alguns casos, a mesma amostra de cocaína contém mais de um adulterante. Esse produtos são utilizados para diminuir o percentual de droga pura em cada quantidade vendida ao consumidor final e aumentar o lucro dos traficantes.

Para o psiquiatra Dartiu Xavier, do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, apesar de ainda faltarem estudos sabre os riscos à saúde dos adulterantes, a constatação da PF é preocupante.

“A cocaína apresenta, por exemplo, riscos cardíacos, o que pode ser aumentado quando se mistura outros estimulantes, como a cafeína.”

Segundo o perito Adriano Maldaner, responsável pelo projeto da PF, saber o que há nas drogas pode ajudar no tratamento de saúde.

Mais da metade da cocaína no Brasil tem ‘DNA’ boliviano

Segundo análise de projeto da PF, 54,3% da droga tem origem na Bolívia

Exame químico permite identificar de onde parte a cocaína e traçar estratégias de defesa nas fronteiras

DE BRASÍLIA

A Bolívia é a origem de 54,3% da cocaína que entra no Brasil. A partir da análise química da droga apreendida no país, a Polícia Federal descobriu a procedência exata do que circula pelo país.

De acordo com os resultados do projeto da PF, em seguida aparece o Peru, de onde partem 38% da cocaína que vem para o Brasil; e a Colômbia, origem de 7,5% da droga.

As análises foram realizadas a partir das apreensões de 2010 e 2011: 51 toneladas, no total. Os resultados foram enviados à Coordenação de Repressão a Drogas.

O exame que é feito pelos peritos na droga apreendida permite chegar à origem da folha de coca, que é a matéria prima da cocaína.

Os peritos procuram pela truxilina, um elemento natural que varia de acordo com altitude, exposição ao sol e local onde a coca é plantada.

A partir dessa “assinatura” natural é possível saber se a droga é boliviana, peruana ou colombiana.

O trabalho de laboratório serve também para a Polícia Federal montar sua estratégia da proteção de fronteiras -focando nas principais portas de entrada de drogas no Brasil-, estabelecer rotas do tráfico e produzir provas contra os traficantes.

INVESTIGAÇÃO

Esse tipo de análise também permite esclarecer casos como o de uma investigação recente, na qual a PF monitorou quadrilhas em Goiás, no Ceará e no Pará.

Os investigadores pensaram haver três grupos distintos, mas a análise química mostrou que a correlação das amostras era de 99,8%. Ou seja, todas as drogas tinham a mesma origem e haviam passado pelos mesmos processos de refino.

Resultado: os envolvidos foram condenados por associação ao tráfico, receberam penas mais severas, e foi possível desvendar uma rota internacional. Após as prisões, a PF descobriu que os carregamentos tinham origem no Paraná, onde foi feita uma nova apreensão da droga.

A análise também possibilitou a condenação do homem apontado como chefe da quadrilha. Ele foi detido com um quilo de cocaína, mas passou a ser responsabilizado por centenas.

“O combate ao tráfico é feito com várias ferramentas e o Pequi (Perfil Químico) é uma arma importante”, afirma o delegado Oslain Santana, diretor de Combate ao Crime Organizado.

Para especialistas, desvendar rotas significa atingir a logística da distribuição das drogas. “Sabendo por onde sai e por onde chega a droga, fica mais fácil investigar a rota”, diz o coronel José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional de Segurança Pública.

Para Silva, porém, a PF precisa investir na prisão de traficantes internacionais que exportam droga. “Além disso, é preciso aumentar interação entre a Polícia Federal e as dos Estados, com sistemas interligados de inteligência e melhorar o aparato nas fronteiras, por onde passa a droga.”

(FERNANDO MELLO)

 

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