Soninha defende que maconha seja vendida “como cerveja”
A candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, disse nesta quarta-feira (15) durante sabatina Folha/UOLque é a favor da legalização da maconha.
“Seria vender como cerveja. [Em bar], por exemplo. Os bandidos têm o monopólio do comércio. Eles é que fazem o modelo de concorrência. Eles é que recrutam a mão de obra, inclusive molecada de 13 anos. Eles matam adolescente na frente da mãe aqui na Brasilândia [zona norte]. Se esse comércio fosse praticado por pessoas decentes, que pagam impostos, eu acredito mesmo que seria um bem para a sociedade”, disse Soninha.
“Prefiro que o monopólio desse comércio não seja do PCC [facção criminosa Primeiro Comando da Capital]”, declarou a candidata.
Soninha, que em 2001 admitiu publicamente fumar maconha em uma entrevista à revista Época, disse que hoje não consome mais a droga. “Por causa da minha religião, o budismoâ€. Questionada, Soninha disse que não se arrepende da declaração, que na época custou seu emprego de apresentadora de uma programa voltado para o público jovem na TV Cultura.
Sobre as medidas que adotaria para melhorar o trânsito caótico na cidade, a candidata defendeu a implementação do pedágio urbano em “perÃmetro reduzido” com uma “tarifa de ônibus no valor de R$ 3”.
Soninha disse que, se eleita, fará um plebiscito na cidade para que a população escolha pela adoção ou não da medida. “Eu faria um plebiscito para saber se a população prefere o rodÃzio ampliado ou o pedágio urbano”, afirmou. Ela é a segunda entrevistada de uma série de sabatinas com os candidatos a prefeito da capital paulista. Ontem o sabatinado foi Gabriel Chalita (PMDB).
“Pedágio é uma alternativa para coibir uso supérfluo de automóvel. Pedágio urbano, se fosse implantado, seria nesse perÃmetro mais restrito. Há resultado concreto em todas as cidades que adotaram o pedágio urbano”, disse Soninha.
Soninha também afirmou que “é possÃvel” comprar um vereador na Câmara de São Paulo em troca de apoio. Sem revelar nomes, ela afirmou que conhece um caso concreto. “Eu soube, e não foi a pior das hipóteses, com apoio em troca de dinheiro, mas em troca de 120 cargos. Não posso dar nomes”, disse.
De acordo com a candidata, “nenhum projeto passa na câmara, na assembleia, sem um acordo prévio”. “Tudo é acordo, cada projeto de vereador que foi aprovado foi acordado antes no colégio de lideres. Na melhor das hipóteses é um acordo republicano, em que a cidade ganha. Agora um apoio não republicano é quando o projeto é uma porcaria, com acordo feito em troca de dinheiro”, disse.
Durante o encontro, ela criticou a gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD). “Falta empenho, faca no dente e sangue nozóio [sic] do Kassab”, afirmou.
A candidata disse ainda que, se eleita, sua primeira medida será acompanhar a elaboração do Orçamento de 2013, “que é elaborado antes da posse da prefeita”. Em seguida Soninha disse que, no primeiro dia de governo, irá cuidar das áreas verdes da cidade porque “São Paulo precisa ter menos concreto”.
“Eu tomaria providências simples com resultados imediatos, como despermeabilizar o maior número possÃvel de áreas públicas, quebrar o chão de pseudo-praças, e fazer telhados verdes em prédios públicos.”
Soninha, que já disse que apoiará o candidato José Serra (PSDB) caso não vá para o segundo turno, negou que esteja na disputa para ajudar o tucano. “Vou me eleger prefeita, e com tudo contra”, declarou. Ela disse que vai morrer tentando ser prefeita.
Candidata é a 3ª nas pesquisas
De acordo com a última pesquisa Ibope/Globo, divulgada no dia 3 de agosto, Soninha ocupa o quarto lugar nas intenções de voto (7%) e está tecnicamente empatada com os candidatos Fernando Haddad (6%), do PT, Gabriel Chalita (5%), do PMDB, e Paulinho da Força (5%), do PDT. A liderança está com o candidato José Serra (PSDB), que tem 26% das intenções de voto, seguido por Celso Russomanno (PRB), com 25%.
Já a última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 21 de julho, aponta Soninha empatada no terceiro lugar com Haddad, com 7% das intenções de voto.
Quem é Soninha?
Soninha Francine tem 44 anos e nasceu na cidade de São Paulo. Formada em cinema pela USP, trabalhou no canal de televisão MTV de 1990 a 2000, ano em que foi para a TV Cultura, onde apresentou um programa voltado para o público jovem até 2001. Foi demitida da emissora depois de uma entrevista à revista Época em que admitia fumar maconha.
Em 2004, foi eleita vereadora de São Paulo pelo PT, com quase 51 mil votos. Em 2008, já pelo PPS, seu atual partido, Soninha concorreu à Prefeitura de São Paulo e foi a quinta candidata mais votada, com quase 267 mil votos. Também foi subprefeita da Lapa, cargo que assumiu em 2009, nomeada pelo prefeito Gilberto Kassab.
Deixou o cargo em março de 2010 com a intenção de se candidatar ao governo do Estado de São Paulo, mas o PPS acabou decidindo apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin. No mesmo ano, foi coordenadora da campanha na internet de José Serra à Presidência da República.
Sabatinas Folha/UOL
Soninha foi a segunda entrevistada na série de sabatinas com os candidatos a prefeito da cidade de São Paulo. No dia 22 de agosto, o sabatinado será Celso Russomanno (PRB). As sabatinas com José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) estão programadas para o inÃcio de setembro, mas ainda não foram confirmadas.
Os eventos são divididos em três blocos e têm duração prevista de uma hora e meia, no Teatro Cultura ArtÃstica Itaim (av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1.830, Itaim Bibi, zona oeste), e são transmitidos ao vivo pelo UOL. Os candidatos são entrevistados por Denise Chiarato, editora de “Cotidiano”, Mario Cesar Carvalho, repórter especial do jornal, Barbara Gancia, colunista da Folha, e MaurÃcio Stycer, repórter especial do UOL.