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Agosto 16, 2012

Livro expõe benefícios de drogas ilegais

Opinião & Notícia

David Nutt quer que a Grã-Bretanha faça uma análise mais sóbria dos riscos apresentados pelos medicamentos ilegais antes de decidir se quer ou não bani-los

Por alguns meses em 2009, David Nutt foi o farmacologista mais famoso na Grã-Bretanha. Como presidente do Conselho Consultivo sobre o Abuso de Drogas (ACMD), ele era responsável por assessorar o governo sobre os perigos  apresentados por diferentes tipos de substâncias ilegais. Ele publicou um artigo científico polêmico, onde e comparou os riscos de tomar ecstasy com os decorrentes da equitação. No artigo, Nutt afirmava que praticar equitação era várias vezes mais arriscado.

Na época, ele foi publicamente repreendido pelo ministro do Interior, Jacqui Smith, por motivos óbvios, sob o argumento que as duas atividades não são comparáveis. No ano seguinte, com outro estudo, Nutt chegou à conclusão de que o álcool era uma substância mais nociva do que LSD e o Ecstasy. Alan Johnson, sucessor de Smith, respondeu, removendo o professor Nutt da comissão.


Teoricamente, as regras da Grã-Bretanha referentes às drogas se concentram na ideia de redução de danos, com drogas ilícitas classificadas em três categorias, dependendo do quanto elas são perigosas para os seus usuários, e para a sociedade como um todo. Na prática, porém, poucos políticos são capazes de resistir à popularidade dessa jornada moral alarmista. É esta hipocrisia e, talvez, um pouco de orgulho, que inspirou o professor Nutt a escrever seu livro, “Drugs Without the Hot Air: Minimising the Harms of Legal and Illegal Drugs”

O professor quer que a Grã-Bretanha, que, antes da década de 1970, teve políticas de drogas que parecem impossíveis de serem honradas hoje, faça uma análise mais sóbria dos riscos apresentados pelos medicamentos individuais antes de decidir se quer ou não bani-los. Ele argumenta que os pronunciamentos do governo sobre os perigos das drogas ilegais são histéricas e exageradas, e, portanto, prejudicam a sua credibilidade. E, uma vez que a proibição falhou em todos os lugares que tentaram implementá-la, ele quer divulgar seu estudo sobre os males (e benefícios) que diferentes drogas podem proporcionar, de modo que os usuários possam tirar suas próprias conclusões sobre cada uma delas.

O título do livro é uma homenagem ao “Sustainable Energy Without the Hot Air”, um estudo recente feito por professor David MacKay. Armado apenas com as leis da física, informações publicamente disponíveis, com uma matemática simples e muita perspicácia, MacKay tentou dissipar as dúvidas em torno da energia renovável. Seu objetivo era demonstrar exatamente o quanto de energia a Grã-Bretanha poderia ganhar através de parques eólicos, painéis solares, reatores nucleares e similares.

Nutt claramente quer fazer algo semelhante com as drogas, lembrando aos leitores que, como o tipo legal, drogas ilegais oferecem uma mistura de benefícios e danos. Ele apresenta dados de estudos farmacológicos ou epidemiológicos sobre o que exatamente elas provocam, reforçando seu argumento com discussões sobre a natureza da dependência e a mudança de atitudes devido ao uso de substâncias psicoativas ao longo da história.

Para drogas relativamente bem conhecidas, como o álcool ou maconha, há muitos dados para analisar e a abordagem de Nutt funciona bem. Sua conclusão de que o álcool é uma das drogas mais nocivas disponíveis pode surpreender alguns, mas é apoiada por fatos sólidos, assim como as discussões sobre a relativa segurança de alucinógenos como o LSD. No entanto, o rigor científico nem sempre é possível. Novas drogas aparecem com uma frequência desconcertante e combinam com o instinto de repreensão, sem esperar para ver quanto prejudicial uma substância realmente é, e a evidência dos benefícios muitas vezes é difícil de ser encontrada.

A proibição torna o assunto ainda mais complexo. Embora as drogas, como a maconha, sejam farmacologicamente menos prejudicial que o álcool, o fato de que elas serem ilegais representa um risco particular. Uma anedota sobre a mefedrona, um derivado sintético de um composto encontrado no kat, uma droga estimulante popular em partes da África Oriental, ilustra o problema. Histórias falsas publicadas em tabloide britânico provocou um verdadeiro pânico em relação aos perigos da droga. A pressão política para a proibição logo se tornou irresistível, mesmo que a ACMD não tenha praticamente nenhuma evidência sobre as propriedades farmacológicas da droga em si.

Independentemente das evidências sobre essa droga, a abordagem racional do professor Nutt é certamente o caminho certo, mesmo que algumas de suas observações sejam descartáveis, por exemplo, no capítulo sobre o álcool, ou sobre o problema do vício no videogame, devem ter uma leitura cautelosa. Essas são pequenas manchas em um trabalho inédito sobre o assunto. Quem estiver procurando por uma visão centrada e objetiva sobre medicamentos disponíveis na Grã-Bretanha faria muito melhor em ler o livro do professor Nutt do que acreditar no que leem nos jornais, ou no que ouvem dos lábios dos ministros do governo.

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