Local da chacina, a Praça da Sé, no centro de São Paulo, receberá no domingo (19) um acampamento formado por militantes de diversos movimentos sociais
Entre 19 e 22 de agosto de 2004, sete moradores de rua foram assassinados com golpes na cabeça enquanto dormiam na Praça da Sé, no centro de São Paulo. Os ataques também deixaram oito pessoas feridas.
Para lembrar os oito anos do “Massacre da Séâ€, organizações e movimentos sociais realizam diversas atividades para cobrar punição aos responsáveis e denunciar as atuais violações contra a população em situação de rua.
No domingo (19), Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, as açõesiniciarão às 19h no Vale do Anhangabaú, de onde sairá uma caminhada rumo à Praça da Sé. Ali, serão realizadas atividades culturais e será montado o Acampamento da Cidadania, onde os participantes passarão a noite.
Na segunda-feira (20), os manifestantes se reunião na Quadra do Sindicato dos Bancários e, de lá, seguirão até a Faculdade de Direito da USP, onde se reunirão com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. No encontro, será apresentada uma carta-compromisso, que cobra polÃticas públicas articuladas entre diversas pastas para garantir a estruturação de uma rede de proteção à s pessoas em situação de rua.
“Essa população não está na rua porque quer, é porque existe muita omissão do Estado. Por isso cobramos polÃticas de saúde e moradiaâ€, explica o integrante do Movimento Nacional da População de Rua Anderson Lopes Miranda.
Além de São Paulo, haverá atividades em Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Distrito Federal, Fortaleza, Porto Alegre, Florianópolis e Vitória.
Impunidade
Segundo investigações policiais, os crimes estariam relacionados a um esquema de proteção clandestina e tráfico de drogas, comandado pelos autores da chacina. As mortes teriam ocorrido para silenciar os moradores de rua, que sabiam do envolvimento de policiais militares. De acordo com o Ministério Público, algumas agressões teriam sido feitas para encobrir o verdadeiro motivo dos ataques.
Foram denunciados seis PMs e um segurança particular. Três soldados chegaram ser presos, mas foram soltos ainda em 2004 por falta de provas.
Em março deste ano, a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou recurso do Ministério Público que tentava levar a julgamento quatro policiais militares acusados de envolvimento no massacre.
Dados do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores (CNDDH) revelam que, a cada dois dias, um morador em situação de rua é assassinado no Brasil. De fevereiro de 2011 a maio de 2012, foram registrados 195 casos de homicÃdios contra moradores de rua em todo o paÃs.
“Todo dia tem população de rua apanhando, levando pedrada, tomando tiro, não podemos aceitar issoâ€, diz Miranda.