Segundo a Secretaria da Segurança Pública, policiais foram recebidos a tiros por bando em chácara de Várzea Paulista
De acordo com a pasta, suspeitos eram ligados ao crime organizado e estavam ‘julgando’ um suspeito de estupro
Nove homens foram mortos e oito presos ontem durante operação de policiais da Rota, grupo de elite da PolÃcia Militar, na cidade de Várzea Paulista, na região de Jundiaà (a 54 km de São Paulo).
Segundo a PM, oito mortos eram ligados à facção criminosa, supostamente o PCC, e foram baleados após reagirem a tiros à chegada de dez equipes da Rota. Nenhum dos 40 policiais se feriu.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a PM foi acionada após o setor de inteligência da Rota receber uma denúncia anônima informando o local onde um homem suspeito de estupro seria julgado por um “tribunal do crime”.
Um dos mortos na ação era, segundo a PM, o suspeito que estava sendo “julgado” pelo bando. Ele pode ter sido morto antes da chegada da Rota.
A PM diz que a suposta vÃtima do estupro (uma menina de 12 anos), a mãe dela e o irmão estavam na chácara e presenciaram o “julgamento” do suspeito. Segundo a polÃcia, foi o irmão da vÃtima quem pediu ajuda aos criminosos para punir o suspeito.
Os “tribunais do crime” são considerados uma prática do PCC para evitar que alguns casos atraiam a atenção da polÃcia e atrapalhem as atividades criminosas da facção. Um grupo formado por membros da facção “julga”, “condena” e “executa”.
O número de mortos na operação de ontem é o maior em uma ação da polÃcia paulista desde junho de 2006, quando 13 suspeitos -também acusados de ligação com o PCC- foram mortos pela PolÃcia Civil em São Bernardo do Campo (Grande ABC).
Na ocasião, a informação era que o grupo faria um ataque contra agentes penitenciários. O episódio ocorreu no auge dos atentados da facção criminosa a policiais e unidades de segurança pública.
FUGA E TIROTEIO
Segundo a PM, os homens da Rota chegaram ao local do “tribunal”, uma chácara alugada de um candidato a vereador, por volta das 16h30. A polÃcia local só ficou sabendo da operação quando os baleados começaram a chegar ao hospital.
Segundo a PM, dois carros fugiram em direções opostas e houve confrontos. Em um veÃculo, dois suspeitos foram mortos e outro foi preso. No outro carro, foram dois mortos e dois detidos. Outros quatro foram mortos na chácara e cinco deles, presos.
De acordo com a secretaria, foram apreendidos no local uma granada e dinamite, além de uma metralhadora, duas espingardas calibre 12, sete pistolas, quatro revólveres, cinco veÃculos roubados e 20 quilos de maconha.
Segundo a Prefeitura de Várzea Paulista, os baleados foram levados pelos próprios veÃculos da Rota ao Hospital da Cidade entre 16h e 16h30.
Em nota oficial, a prefeitura diz que “alguns desses indivÃduos já chegaram sem vida ao local” e que “uma equipe médica foi mobilizada para atender as ocorrências”.
Comandante-geral da PM afirma que ação dos policiais foi legÃtima
DE SÃO PAULO
O comandante-geral da PolÃcia Militar, Roberval Ferreira França, disse ontem que não havia até a noite de ontem nenhum indÃcio de irregularidade na ação da Rota.
“Todos os indicativos, até o presente momento, atestam uma ação legÃtima. Nos três pontos de confrontos nós tivemos a prisão de criminosos ilesos. Isso indica uma ação legÃtima”, afirmou ele.
O policial disse que o arsenal apreendido com a quadrilha indica a disposição dos criminosos para o confronto. Segundo ele, a opção do confronto é do criminoso e à polÃcia cabe preservar a vida.
“Primeiro a vida da vÃtima, em segundo lugar a dos policiais e, em terceiro, se possÃvel, a dos criminosos. Desde que eles se rendam”, disse.
“Nós temos neste ano um total de 67 policiais militares mortos no Estado e 92 policiais vÃtimas de tentativa de homicÃdio. Isso demonstra, de fato, que os criminosos estão confrontando a polÃcia.”
Ação da PM em 2002 acabou com 12 mortes
DE SÃO PAULO
A ação da PolÃcia Militar que acabou com a morte do maior número de suspeitos ocorreu há dez anos.
Em março de 2002, PMs fizeram uma operação na rodovia Senador José ErmÃrio de Moraes, conhecida como Castelinho, em que 12 supostos integrantes da facção criminosa PCC foram mortos.
Em junho de 2006, um mês após a onda de ataques promovida pelo PCC no Estado, 13 pessoas supostamente ligadas à facção foram mortas pela PolÃcia Civil.
O caso ocorreu antes de uma tentativa de ataque a agentes penitenciários em São Bernardo do Campo.
Ações com mortes de suspeitos que chamaram atenção se repetiram ainda em 2011, em uma tentativa de roubo de caixas eletrônicos na zona norte. Em maio deste ano, outra ação da Rota terminou com seis mortos.