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Setembro 15, 2012

Entrevista com André Caramante, o repórter que enfrenta a Rota

Na Rota da ROTA: André Caramante


Olha, tá meio difícil faz uns 42 anos [imagem tirada da página Admiradores Rota (sic) do Facebook]. 

Revista Vice

Provavelmente você já leu o Caramante. Talvez você lembre do perfil do Mano Brown que ele fez pra capa da revista Rolling Stone. Talvez você acompanhe sua coluna semanal do jornal Agora São Paulo. Ou quem sabe alguma das matérias denunciando abusos cabulosos da polícia paulista que foram publicadas na Folha de São Paulo durante a última década chamaram a sua atenção. Você leu o Caramante. É normal não ter fixado o nome dele, não tem superstar no jornalismo diário de segurança pública. Em geral, se as vítimas não são de classe média pra cima — e geralmente não são —, nem o nome delas o leitor lembra.

E talvez você tenha lido sobre o Caramante, já que dois meses atrás ele começou a ser ameaçado por correligionários (e fãs, por que não?) do ex-comandante da ROTA Adriano Lopes Lucinda Telhada. Telhada é candidato a vereador nas eleições deste ano. A matéria estopim dessa onda de ataques ao jornalista reportava que o candidato fazia apologia à morte de suspeitos em sua página oficial numa rede social.

Comentários selecionados da matéria “Dois PMs são detidos após morte de suspeito de roubo em SP” na Folha Online.

Provavelmente você já está acostumado a uma polícia violenta (ou pelo menos à ideia de que nossa polícia é muito violenta), mas não se engane: é horripilante que um candidato e coronel reformado da Polícia Militar incite seus simpatizantes a hostilizarem um profissional fazendo seu trabalho, e não tem conversa. O Caramante é um dos profissionais mais íntegros em atividade no Brasil hoje. Além disso, seu trabalho esmerado de apuração é a antítese do colunismo, ou do jornalismo novidadeiro de produtos. Ele faz jornalismo sem grife. E barra pesada. Foi por todas essas questões que resolvi pedir pra entrevistá-lo. No dia, ele me disse: “Essa última semana foi muito difícil resolver essa questão ‘falo ou não falo’. Se você for ver, falei pouco, porque as pessoas podem chegar amanhã e dizer ‘o cara tá querendo se somar pra cima dessas tretas todas’ e não é nada disso. Sou só um repórter. Quem tem que aparecer são as histórias que conto, não eu”.  Aconselhado por profissionais mais experientes — inclusive o Caco Barcelos, que foi avaliador de seu TCC na faculdade — ele deixou suas reservas de lado e conversou comigo. Leia o homem.

VICE: O que aconteceu com o Telhada?
André Caramante: 
Fiz um texto pra nossa edição [da Folha de Sãõ Paulo] do dia 14 de julho falando que, na página oficial dele no Facebook, acontecia uma exaltação da violência, que ele tratava ali suspeitos enquanto “vagabundos”. E acho que ele ficou incomodado com a matéria e passou a convocar as pessoas a me atacar.

Afinal de contas, o cara é candidato.
É candidato, por isso que aconteceu. A manifestação dele, batendo na matéria que fiz, pedia pra que as pessoas escrevessem pro jornal pra me criticar. Além disso, as pessoas passaram também a me ameaçar. Todo mundo pode ver os posts que foram feitos na página pessoal dele.

Post conclamando seus apoiadores contra o Caramante.

E o jornal te apoia?
O jornal tem me apoiado. A questão do Telhada especificamente está sob avaliação do departamento jurídico, estou aguardando o retorno deles pra saber o que vai ser feito.

Mas essa não é a primeira vez que você sofre ameaças, né?
Não é a primeira vez, e a questão toda tem a ver com o trabalho que desenvolvo há 12 anos como jornalista da área de segurança pública. O meu trabalho é muito voltado pra questão dos direitos humanos, da polícia legalista. Conheço dezenas de milhares de policiais que agem dentro da lei e primam pela polícia de qualidade, querem fazer com que a população não tenha medo da polícia. Pra essas pessoas, o meu trabalho também tem importância. Uso o jornalismo como uma tentativa de fazer algo pra melhorar o lugar em que a gente vive, o estado, o país. Pode parecer pretensioso, mas não é. Depois do caso do Telhada, alguns disseram que quero manchar o nome da Polícia Militar do Estado de São Paulo — pelo contrário, os bons policiais têm que ser exaltados, a gente precisa tirar de perto os maus policiais. Tudo dentro do processo legal, como a lei diz.

Por que você começou a trabalhar nessa área?
Sou morador da periferia de São Paulo, o que as pessoas costumavam chamar de classe D, E. Minha origem é essa, então sei muito bem que, principalmente na cidade de São Paulo, a gente que está fora da zona do rodízio de carros, sabe que alguns policiais que andam fora dessa zona não agem da mesma maneira que os outros. Então, muitas vezes — não é sempre e não é regra — acaba tendo duas polícias: uma que atende as classes mais favorecidas e a outra que atende a periferia, que é a maior parte dessa cidade.

E é por isso que você resolveu…
Porque sou da parte menos favorecida. Tem muita coisa que precisa ser contada e mostrada pra quem não conhece de perto essa realidade fora do centro expandido.

Pode crer. Sempre achei que você tinha feito essa escolha por ser do rap. Você tem a coluna no jornal Agora São Paulo.
Escrevo há 10 anos sobre rap. Na grande mídia, esse talvez seja o único jornal do Brasil que dá espaço pra a cultura do hip hop. Nesse período de internet e todas as ameaças que surgiram em função das declarações desse senhor ex-comandante da ROTA, muitas pessoas tentaram usar até a coluna do Agora pra me atacar. Também chamaram o que faço lá de “defesa de bandido”. Só que aquele espaço é pra mostrar o que acontece de bacana na periferia de São Paulo. Muitos dos saraus que hoje são venerados por grandes veículos de comunicação, apareceram pela primeira vez naquele espaço. É pra exaltar a cultura, o lado bom da periferia, não só “dos meus manos”. Também tem, mas tem os manos de muita gente. E a minha formação tem sim a ver com o rap. Cresci ouvindo o que o meu pai dizia e o que o Mano Brown cantava. Isso ajudou a formar o que acredito, a minha linha de conduta. Se for ouvir um som, ouço rap e tenho muito orgulho disso.

Você acha que as ameaças se tornam mais assustadoras pelo momento que a gente tá vivendo na cidade de São Paulo agora?
A gente está conversando no dia 23 de julho de 2012, e ainda tem um resquício de uma onda de homicídios do mês de julho. A cidade ainda está meio em choque também por conta da morte do empresário Ricardo Aquino no Alto de Pinheiros, que inclusive é o bairro onde moram diversas autoridades de São Paulo. Então, quando essa violência começa a chegar perto dessas pessoas, todo mundo para pra refletir, só que o meu trabalho vem tentando mostrar que essa violência não está restrita apenas a essa região. Meu trabalho é uma luz pra que as pessoas percebam que outras pessoas inocentes também podem ter sido mortas por maus policiais fora dessa zona do centro expandido. Gostaria muito que nós revíssemos essa sociedade, discutíssemos essa violência da polícia.

Você não vê o colunista, o articulista juntando as informações e dando alguma coisa, mas a parte policial está lá no jornal.
Sim, isso é uma luta diária. Muitas pessoas ficam preocupadas porque a Folha é o único jornal que põe esse número aqui: a gente teve quatro mil e tantas pessoas mortas por policiais entre 2005 e maio desse ano. E tenho esse dado porque atualizo minha planilha de Excel e posso dizer isso pra você. Se você entrar no site do governo, você vai ver outro dado.


Infográfico que acompanha a matéria “Mortes cometidas por policiais da Rota sobem 45% em SP“.

Por quê?
Porque eles consideram como fatalidade policial. O policial tem uma condição diferenciada. Ele está armado 24h por dia. Se ele prende um ladrão, é um herói. E se ele mata, é o quê? É homicida. É uma violência policial. Não estou perseguindo os caras, só estou mostrando, meu trabalho é esse.

Você acha que pro leitor é difícil contextualizar as noticias diárias?
Nem todo mundo tem disponibilidade pra ficar acompanhando o noticiário. Faço isso porque está dentro do meu trabalho. É muito desgastante, abro mão de muita coisa, da vida em sociedade, de ir numa festa. Tem gente que acha que estou fazendo uma defesa do bandido. Ele foi julgado? Pelo que eu sei, a lei diz: prenda, apresente à Polícia Civil, ao Ministério Público e ao Judiciário e aí sim… O que acontece fora disso está à margem da lei, está errado. Se a pessoa agride o policial, mata pra defender um terceiro, existe toda uma investigação pra provar se está dizendo a verdade ou não. Se ele fez isso, agiu dentro da lei. Aí a gente chega no caso do Ricardo Aquino. O que ele fez pra morrer? Depois vão lá pedir desculpa pro cara?

E falar que é um caso isolado…
Que a ação tecnicamente foi correta? Teria sido correta se ele estivesse preso, se tivesse cometido alguma coisa. Só que não, ele está lá numa vala de cemitério, 39 anos. Assim como ele, vários outros jovens têm sido mortos na periferia em situações como essa. E infelizmente a imprensa não tem braço pra cobrir tudo.

Você acha que é uma questão de braço mesmo? Ou é uma questão de interesse? Às vezes, é nesse tratamento diferenciado entre um profissional de classe média e um da periferia que se cria essa presunção de vagabundo.
É bem por aí, mas tento ao máximo mostrar que as mortes no Capão Redondo perigam explodir, a violência periga explodir. No mês de junho comecei esse texto falando de um rapaz pobre que foi morto. Então aí também vai muito da leitura e do espaço que o repórter tem dentro do jornal. É uma luta.

Leia aqui.

E qual a sua análise?
É muito claro pra quem cobre essa área, que a gente tá vivendo um período de enfrentamento entre o grupo criminoso PCC e os policiais. O Governo do Estado de São Paulo tem dito que existe um enfrentamento por parte dos grupos ligados ao tráfico de drogas e os policiais, por conta da atuação da polícia no combate ao tráfico, mas que isso não tem a ver com o PCC. O que é equivocado, porque não existe tráfico de drogas em São Paulo sem a influência do grupo criminoso PCC. Então se é o tráfico que está atacando os policiais, consequentemente é o grupo criminoso PCC. Não adianta a gente tentar esconder o que todo mundo fora do centro expandido sabe.

Existem alguns fatores que nós apuramos durante o mês de junho: uma operação da ROTA que deixou seis mortos na zona leste, e a transferência de um dos chefes do PCC pro Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes, pra passar mais tempo isolado. Uma carta contendo ameaças foi apreendida na cela desse detento quando ele estava numa penitenciária com regime intermediário, e por conta disso ele foi transferido. Oito policiais foram mortos na forma de crimes por encomenda — teve pessoas que estavam perto de familiares e foram mortas. A Folha de São Paulo foi o primeiro jornal do país a dizer “Policiais militares estão sendo assassinados em ações orquestradas pelo crime organizado”, e que mais policiais estavam sendo mortos durante as folgas. O comando da PM foi falar isso depois. Como é que um jornal que tem essa postura, pode não ter sido isento pra dar margem a esse comentário que surgiu na página desse senhor aí? E não estou assumindo uma postura de defesa, não preciso me defender, estou aqui pra deixar claro que a gente também mostra como é que os policiais foram mortos.

A minha questão não é com o chefe da Polícia Civil, é com o posto de chefe da PC. Não falo com o cidadão, falo com a pessoa que ocupa o cargo, e eles não entendem e levam pro pessoal. E outra, não vou parar o meu trabalho.

Quando você vai fazer o seu livro?
Tenho projetos de alguns livros, um deles já começou a ser desenhado, mas sempre tem aquela coisa de “querer esperar mais”. Quero falar sobre a Força Tática, que é uma miniROTA, uma espécie de grupo especial de cada um dos batalhões do Estado de São Paulo. A Força Tática surge em 1994 e muitos policiais que estavam na ROTA foram colocados nas Forças Táticas dos batalhões pra mostrar pros novatos como é que se deveria trabalhar na rua.

E isso é uma herança maldita, porque a ROTA vem diretamente das práticas de repressão da ditadura militar, não é isso?
É exatamente isso. A ROTA foi criada, pelo que dizem seus criadores, pra combater guerrilheiros. A gente vive num país democrático, então não sei o que justifica manter um batalhão de 820 homens que, quando saem às ruas, parecem que têm um instinto que não sei classificar agora pra você qual é, mas um instinto diferenciado. E é isso que eu mostro já há algum tempo.

Fiz até questão de trazer reportagens recentes. Por exemplo, essa matéria é de março de 2011…


Tenso…
Eles dizem ter apreendido uma quantidade de cocaína, mas em vez de deixar lá, fazer perícia, tudo direitinho — porque eles são pagos pra isso —, eles vão lá e jogam tudo num tambor e começam a misturar. Só que tinha uma câmera mostrando tudo aquilo.

Lembrei duma outra matéria que você tinha dado, do “estrebucha!”, dos caras no chão.
Fui eu que descolei e a gente que divulgou. Até então, eles [a Corregedoria] estavam quietos.

 

Matéria completa aqui.

Me diz, agora com câmera os caras estão se fodendo muito mais?
Com certeza. São mais elementos pra serem usados contra essas pessoas que cometem crime, principalmente o funcionário público.

Hoje em dia todo mundo fala de blog e que qualquer um pode ser jornalista. Pode ser ilusão minha, mas vejo claramente um fortalecimento do ofício do repórter no futuro. Você vê o contrário?
Não, concordo com você, tem uma coisa chamada approach que é o principal de um repórter. Acho que tem que saber chegar e sair dos lugares. E não é todo jornalista que tem essa pegada pra ir pra rua, de trocar uma ideia.

Se você ainda não está convencido e quiser outro exemplo bem prático, sugiro a leitura desse belo depoimento que o Fausto Salvadori, também jornalista de responsa, dá sobre o trabalho do André.

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