MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
As polÃcias do Brasil terão armas de choque e spray de pimenta para conter dependentes de crack. A distribuição desses dispositivos é uma das ações previstas no programa “Crack, é possÃvel vencer”, do Ministério da Justiça.
A utilização de força policial, incluindo armas não letais, para o controle de dependentes é controversa.
Em São Paulo, operação iniciada em janeiro por Estado e prefeitura foi criticada por especialistas, que defendiam foco maior em saúde.
A orientação para o uso de armas de choque, chamadas de taser, é da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), ligada ao ministério.
Segundo nota da pasta, a intenção é que “os policiais tenham opções menos letais, principalmente para situações em que existem aglomerados de pessoas”.
A determinação foi motivada pela portaria 4.226, de 2010, do ministério e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. A orientação é que as armas sejam usadas só por policiais treinados.
PROGRAMA
Até agora, 12 Estados estão no programa federal, totalizando R$ 62 milhões em recursos. O Rio recebeu mais recursos: R$ 9 milhões. O próximo a aderir deve ser São Paulo.
Além de armas, o programa prevê treinamento de policiais e a compra de câmeras para monitorar cracolândias.
No Rio, serão treinados 200 policiais. Os equipamentos, 250 armas de choque e 750 sprays de pimenta, já chegaram, segundo a Secretaria de Segurança do Rio.
Em nota, a pasta disse que as armas “serão usadas apenas em caso de extrema necessidade por agentes policiais” e que não há “qualquer estratégia repressiva de tratamento de choque para usuários”.
Os 150 homens da Força Nacional que desde maio ocupam o morro do Santo Amaro, zona sul, já usam armas de choque em ações contra viciados.
DE SÃO PAULO
Para Dartiu Xavier da Silveira, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp, usar armas como taser contra usuários de drogas é “abominável”.
A distribuição desses dispositivos é uma das ações previstas no programa “Crack, é possÃvel vencer”, do Ministério da Justiça. A orientação para o uso de armas de choque, chamadas de taser, é da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), ligada ao ministério.
Até agora, 12 Estados estão no programa federal, totalizando R$ 62 milhões em recursos. O Rio recebeu mais recursos: R$ 9 milhões. O próximo a aderir deve ser São Paulo. Além de armas, o programa prevê treinamento de policiais e a compra de câmeras para monitorar cracolândias.
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Folha – Como vê a medida?
Dartiu Xavier da Silveira – É absurdo, abominável. Qual a justificativa para usar métodos agressivos contra usuários de drogas? Está se supondo que ele é um agressor. Isso está fadado ao fracasso. Não se pode esperar que o indivÃduo pare de usar drogas com medidas agressivas.
Qual é a melhor medida?
É preciso chamar pessoas da área médica, especializadas em dependência quÃmica. A questão da cracolândia é multidisciplinar. Há uma leitura deturpada colocando a situação de miséria da cracolândia como consequência do uso de droga. Mas foi a situação de miséria social um prato cheio para a droga proliferar.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Chefe do setor de dependência quÃmica da Santa Casa do Rio, a psiquiatra Analice Gigliotti, é a favor do uso de tasers contra usuários de crack.
A distribuição desses dispositivos é uma das ações previstas no programa “Crack, é possÃvel vencer”, do Ministério da Justiça. A orientação para o uso de armas de choque, chamadas de taser, é da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), ligada ao ministério.
Até agora, 12 Estados estão no programa federal, totalizando R$ 62 milhões em recursos. O Rio recebeu mais recursos: R$ 9 milhões. O próximo a aderir deve ser São Paulo. Além de armas, o programa prevê treinamento de policiais e a compra de câmeras para monitorar cracolândias.
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Folha – Como vê a medida?
Analice Gigliotti – É uma questão policial. Se legalmente ele pode usar essa arma contra uma pessoa para tirá-la do meio de uma via, por exemplo, por colocar em risco a segurança de quem trafega, ele também pode usar contra um usuário de drogas.
E em casos de internação?
Sou contra. Essa abordagem deve ser feita com apoio de enfermeiros e médicos. O uso do choque iria contra essa abordagem.
Usar choque em alguém que usa drogas é seguro?
Dependendo da descarga, em um paciente que já apresenta uma sobrecarga no organismo, em uma crise hipertensiva, pode ser letal, e até levar a um ataque cardÃaco.