SÃO PAULO – O delegado de polÃcia e supervisor da Unidade de Inteligência do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Clemente Calvo Castilhone Júnior, preso sob acusação de participar de um esquema de cobrança de propina em troca de proteção a traficantes em São Paulo, costumava dar palestras sobre o combate à s drogas. Em uma delas, em julho de 2011, o delegado participou da audiência pública de relançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack, na Câmara dos Deputados, em BrasÃlia. Após a prisão do delegado e de outros seis agentes, o Denarc passará por uma reestruturação. O governador Geraldo Alckmin e o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, devem se reunir nesta terça-feira para definir como será feita a reestruturação no departamento.
O delegado do Denarc chegou a falar sobre as estratégias de prevenção e repressão adotadas pelo órgão no estado. E defendeu ainda a “necessidade de integração da polÃcias estaduais e federal, tanto operacionalmente quanto em atividade de inteligência, como forma de combater esse problema sistêmicoâ€. As informações da palestra estão em um release publicado, com foto, no site da Secretaria da Segurança Pública. Castilhone ainda falou da “dinâmica da atividade do tráfico, desde a transformação até a distribuição do crackâ€.
O delegado e outros seis agentes do órgão foram presos nesta segunda-feira em uma operação conjunta do Ministério Público de São Paulo e a PolÃcia Civil. Segundo as investigações, eles recebiam R$ 300 mil por ano, além de uma mesada mensal, para proteger traficantes e permitir o tráfico de drogas. Castilhone Júnior também atuava na agência integrada de inteligência dos governos estadual e federal para combater a violência. O delegado é suspeito de ter vazado informações a criminosos que poderiam comprometer a investigação do Ministério Público.
O advogado do delegado, João Batista Augusto Jr., não foi localizado em seu escritório na manhã desta terça-feira. Em entrevista à rádio CBN nesta terça-feira, o diretor do Denarc, Marco Antonio Pereira dos Santos, disse que vai apresentar algumas mudanças. Entre elas estão o maior controle de policiais de departamento que atuam no interior e Grande São Paulo e a redução no número de policiais. Hoje, o Denarc conta com 362 policiais.
Nesta terça-feira, a Corregedoria-Geral da PolÃcia Civil tenta cumprir seis dos 13 mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça à pedido do Ministério Público Estadual contra policiais civis suspeitos de envolvimento com traficantes. Na segunda-feira, sete policiais foram presos.
À rádio CBN, o governador Geraldo Alckmin declarou que o desvio de conduta de policiais é intolerável. – PolÃcia aliada de bandido, é bandido ao quadrado. Xadrez neles. Não há a menor hipótese de tolerar. Tem que agir rapidamente e tirar da polÃcia – disse o governador.