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Agosto 18, 2013

A “guerra às drogas” também fracassou no futebol

Impedimento

 

Demorou bem uns 40 anos mas, antes tarde do que nunca, a comunidade internacional começou a perceber que a política de “guerra às drogas” liderada pelos Estados Unidos nos anos 70 foi ineficaz e, pior do que isso, acabou surtindo efeito contrário. Em resumo, enfrentar a violência do narcotráfico com a violência do Estado gerou ainda mais violência, que se tornou um grande negócio.

O tráfico, por sua vez, continuou crescendo, as drogas, aliadas à violência também crescente, continuaram a consumir vidas, e sobrou –- continua sobrando –- para aquelas pessoas que não tinham nada que ver com a história.

Mas, como dizíamos, a comunidade internacional aos poucos acorda para o tema e percebe que a repressão fracassou. “A guerra global contra as drogas falhou, com consequências devastadoras para indivíduos e sociedades pelo mundo”, anunciou em 2011 a Comissão Global de Política sobre Drogas, da Organização das Nações Unidas. No sul do mundo, o Uruguai ensaia uma nova forma de o Estado lidar com as drogas. José Mujica é nosso pastor e nada nos faltará.

A relação pode parecer forçada, mas de certa forma a “guerra às drogas” no futebol também fracassou. Falta, porém, cartolas e governos se darem conta.

No Brasil, a estratégia de combate à violência nos estádios, assim como na guerra às drogas, se mostrou pouco inteligente e teve efeito contrário. A opção sempre foi pela repressão generalizada aos torcedores e muita complacência com os reais responsáveis por episódios de violência. A política do medo sempre gera dividendos e no futebol não foi diferente. E assim os ingressos ficaram cada vez mais caros, para que nos estádios só entrasse gente de bem.

Não conheço indicadores que mostrem se a violência nos estádios aumentou ou diminui, mas brigas entre torcidas continuam acontecendo e torcedores continuam morrendo. A presença policial nos estádios também gera violência –- há uma série de episódios recentes para provar. Em muitos clássicos do nosso futebol, parece que há mais policiais que torcedores da torcida adversária. Medidas como a escolta de torcedores com policiais a cavalo e fortemente armados só contribuem para gerar ainda mais tensão.

Aquelas pessoas que praticam crimes continuam frequentando estádios, muitas vezes com o apoio das direções de clubes. Enquanto isso, os estádios vão ficando à míngua, porque o público sonhado para as novas arenas brasileiras e seus ingressos a cem reais simplesmente não existe no Brasil.

A guerra contra a violência no futebol falhou, com consequências devastadoras para torcedores e clubes brasileiros. É hora de implementarmos alternativas e discutirmos, por exemplo, se não é o caso de a Polícia Militar abandonar o interior dos estádios. Se, ao contrário de afastar os torcedores, não é preciso chamá-los de volta às partidas. É hora de testar se não é mais seguro e eficiente colocar duas torcidas rivais em igualdade numérica num clássico.

Parece difícil, porém, que isso aconteça tão cedo. O texto do consultor de marketing e gestor esportivo Amir Somoggi publicado nesta quinta-feira (15) pelo Lance é interessante porque escancara justamente qual é a posição daqueles que pensam e gerem o futebol brasileiro. “Quando o preço cai muito, o nível do torcedor que vai ao estádio é muito pior. Inclusive, atrai um perfil de público que devemos abolir dos estádios, que é uma bandidagem”, diz no texto o consultor, com todas as letras.

Há uma relação nisso tudo. Nos últimos anos, o futebol brasileiro determinou que a violência nos estádios era causada pelos torcedores de baixa renda, apostou na presença ostensiva das polícias e na repressão generalizada às torcidas ao mesmo tempo em que inflacionava os ingressos para que apenas “gente de bem” frequentasse nossas canchas. O resultado é o que estamos vendo: estádios vazios e a violência no futebol mais ou menos como sempre esteve.

Nesta quinta, o São Paulo tentou mobilizar sua torcida baixando o preço dos ingressos. Com 25 mil torcedores, conseguiu seu maior público no campeonato e sua terceira melhor renda. Pelo bolso, talvez, os clubes comecem a se dar conta que estavam errados este tempo todo.

Venceremos,
Daniel Cassol

A foto é de Gabriel Uchida, do FotoTorcida

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