RIO – A 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania vai notificar o comandante do 22º BPM (Maré), o delegado da 21ª DP e o secretário de Desenvolvimento Social do municÃpio para que esclareçam por que os cem usuários de crack recolhidos durante a operação desta terça-feira na Favela Nova Holanda foram levados para um batalhão de polÃcia e não para unidades de saúde do municÃpio. De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, medidas de recolhimento compulsório de moradores de rua são ilegais.
Segundo a assessoria do órgão, uma ação civil pública foi ajuizada contra o prefeito Eduardo Paes, em abril deste ano, por abusos cometidos em ações de remoção. A ação foi rejeitada em primeira instância pelo Tribunal de Justiça. O MP apresentou recurso, que está sendo analisado pela Justiça. O MPRJ acrescentou que recomendou que a prefeitura amplie a rede de saúde mental para o atendimento de usuários de crack, o que, segundo o órgão, não ocorreu.
Operação recolheu cem pessoas
A operação que está sendo criticada pelo MP foi feita, no inÃcio da manhã desta terça-feira, por policiais militares no interior da Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. Um acampamento de usuários de crack foi desfeito no local e cem dependentes da droga foram acolhidos. Mas antes mesmo de passar pela triagem para serem levados para casas de recolhimento, cerca de 50 detidos fugiram pulando o muro do Batalhão da PolÃcia Militar da Maré, para onde foram levados.
A ação contou com apoio de um veÃculo blindado e de agentes da Secretaria municipal de Desenvolvimento Social e da PolÃcia Civil. Seis vans da prefeitura foram utilizadas para o transporte dos detidos. Entre eles, havia idosos, menores, deficientes fÃsicos e uma grávida. No pátio do Batalhão da Maré, foi montado um posto avançado da 21ª DP (Bonsucesso).
Cracolândia muda de lugar
Antes instalados nas avenidas Brasil e Brigadeiro Trompowisky, às margens das favelas Nova Holanda e Parque União, os usuários de crack mudaram a estratégia para não ter tanta visibilidade. O grupo, que por dia reúne mais de cem pessoas, fez um acampamento na Rua Flavia Farnese, dentro da favela Nova Holanda.
O grupo dividiu um trecho da rua em pequenos cômodos onde ficam em sofás e colchões. O acampamento fica ao lado de uma das bocas de fumo da Nova Holanda, o que facilita a compra e a utilização da droga.
Na segunda-feira, um usuário da droga foi flagrado se arriscando ao andar pelas pistas da Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso. O episódio provocou tumulto e engarrafando no local. Situações como essa são comum na região. Desde o ano passado, dezenas de operações já foram realizadas na cracolândia do Parque União, mas os usuários insistem em voltar para a região.
No ano passado, depois de um perÃodo ocupando as margens da Avenida Brigadeiro Trompovsky, que dá acesso à Ilha do Fundão, os usuários passaram a se concentrar nas laterais da Avenida Brasil, arriscando suas vidas e ameaçando a de quem trafega pelo local. Alguns chegam a atravessar a via expressa correndo quando as equipes da prefeitura se aproximam.