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Fevereiro 18, 2014

Carta ao Raskólnikov brasileiro – de Xico Sá para Caio Silva de Souza

POR XICOSA 

dostoievski-fiodor-crime-e-castigo

Meu caro menino Caio Silva de Souza, antes de qualquer choro, mais que digno,  um abraço forte, por tudo, e aqui me compadeço, sinceramente, por saber que tua  tristeza, de certa forma, é também a minha angústia ao melhor modo Graciliano Ramos, para quem não sabe o maior escritor russo de todos os tempos, só ele te entenderia nessa maldita hora.

Só quem vem de lá saca essa coisa dos nordestinos como os melhores escritores  russos do planeta: Clarice Lispector, por exemplo, aos dois meses era uma recifense completa. Só nasceu na Ucrania. Deixa quieto.

Que merda, caro Caio, mais triste que teu olho exposto, sob os urubus televisivos da montanha dos sete abutres, foi a versão sobre suas pausas e silêncios. Ninguém respeita.

Quem pode dizer o que pensa um olho sem estar no branco ou no vermelho dele?

Tô puto pelo Santiago, um cara que conheci em meus 30 anos de jornalismo.

Ele se foi, o cara que sabia filmar o mundo, mas quem morreu de fato foste tu diante de todas as câmeras, meu velho Raskólnikov.

Grande Raskólnikov, acompanhei as tuas horas antes da chegada da Polícia lá no hotel da Bahia… Torcia, sinceramente, pela tua fuga para o Ceará, chega de mentira nessa hora. O pior estava feito.

Torcia por saber o proveito que tirariam e mais ainda por conhecer a polícia… Qual um apanhador no campo de centeio achavas que irias ser morto.

Acho que corres muito esse risco agora no presídio. Sinto te falar dessas coisas…

Óbvio que serias o troféu de toda uma gente, a grande redescoberta para salvar o Cabral, argh!, etc, foste produto desse povo.

Que tal cobrar por direto de imagem na campanha eleitoral, meu jovem?

Òbvio que matar é o mesmo que morrer em matéria de culpa e seguir vivo. És o novo Raskólnikov, o personagem de Crime & Castigo do gênio Dostoievski, menino.

Os heróis e os fodidos se igualam no Brasil ou na Rússia, isonomia da narrativa, nessa hora: Caio e Santiago são os mesmos para as minhas sinceras lágrimas. Choro pelos dois.

Choro, me apiedo, não culpo.

Um não queria matar, outro, menos ainda, ser morto.

Como o jovem da pensão e a velha do romance russo acima citado.

Imprudências juvenis à parte, todo dia nego mete o cano na nuca de zilhoes e está lá o corpo estendido no chão, que bosta.

Que merda.

A dor da gente não sai no jornal. Só sai quando interessa ideologicamente. Posso estar exagerando… Sempre amo o contraditório.

Caio, falo do rapaz acusado de acender o rojão, ainda bem que você tem uma mulher que te ama, que bela namorada, sempre perto, isso é que é mulher, porra. Imagina você sozinho de tudo nessa hora!

O amor é sempre inimputável. E o inferno talvez seja mais cruel para quem ficou vivo.

Quem ama defende apesar de tudo. Todo homem, até você ai, metido a civilizadíssimo.

Que merda, né, te diria, em uma missa de corpo presente, menino Caio, sem julgamento, até pediria a tua última cerveja, todo homem, seja quem for, merece, beberíamos e lamentaríamos juntos, chorando, certamente, a morte do velho Santiago.

Só um louco ou a ideia corrente da mídia conclui  que saíste de casa para matar uma pessoa naquele dia.

Não importa a razão que saíste de casa naquele fatídico evento. Importa é que deu merda e por isso a doideira dessa história.

Todo dia nego mata zilhões de não-jornalistas na perifa. Longe de mim cobrar que também, velho e amado Santiago, isso seja notícia de pelo menos 2 minutos no “Jornal Nacional”.

Jamais veremos isso na tela. Pelo que te conheci, Santiago, tu farias belas imagens sobre qualquer assunto, embora tenha te visto muito reclamando que nego não editava a vida como ela é etc.

Receberia as piores notícias, amada Patrícia Poeta, dos teus lindos lábios.

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