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Abril 23, 2014

Carta aberta: segurança e autonomia da Marcha da Maconha SP

Marcha da Maconha

Em tempos em que o povo – mas também o Estado – lembram muito bem que é possível conquistar vitórias nas ruas; em que a PM tem enviado o mesmo número de soldados que de manifestantes para escoltar protestos; em que um inquérito em São Paulo já interrogou mais de 300 pessoas por participarem de atos políticos; achamos conveniente dizer umas palavrinhas.

 

 

Nosso protesto é pacífico

Antes de mais nada, é sempre bom lembrar: a Marcha da Maconha SP é uma manifestação absolutamente pacífica. Diferente de outras formas legítimas de protesto, a marcha visa – por meio de um ato tranquilo, colorido, lúdico – não interromper o cotidiano da cidade, mas fomentar uma mudança de mentalidade em relação ao paradigma proibicionista das drogas. Afinal, a proibição se sustenta não apenas nas leis, mas nas instituições e na própria sociedade, que reproduz preconceitos, estereótipos e violência.

Com o entendimento de que a guerra às drogas afeta a todos, usuários ou não, e que combatê-la (no âmbito do debate) é tarefa de todos, convidamos ao ato não só a juventude, mas também as mães, as vovós, e toda a família para somar no nosso ato, que comporta muitos mundos.

 

Nóis por nóis

Como um movimento social, acreditamos que as transformações devem vir de baixo pra cima, não o contrário. E também que são urgentes: a cada dia que passa mais pessoas são mortas ou encarceradas por essa guerra falida. E se a mudança deve vir de baixo e deve ser já, é nossa responsabilidade botar em prática, dentro dos nossos limites, aquele mundo que queremos construir.

Na perspectiva da construção da nossa autonomia, nós, os manifestantes, podemos e devemos fazer a segurança do nosso próprio ato. Esse ano faremos um cordão de pessoas, que acompanha as duas laterais da marcha, do início ao fim. Não queremos a tutela militar típica que a polícia cumpre em protestos de rua.

 

Terrorista é o Estado

Apesar do discurso de que a polícia está presente “para fazer nossa segurança”, não é preciso que a gente se alongue muito pra dizer que via de regra a responsável pela violência nas manifestações é a própria polícia. Vale lembrar, durante as jornadas de junho, quando mais de cem mil foram às ruas e a presença policial era ínfima, do grito que ressoava “que coincidência: não tem polícia, não tem violência!”

Ultimamente, quando não reprimem com bombas, cassetetes, sprays e balas de borracha, usam de táticas arbitrárias como o “encapsulamento”. Antes que qualquer pessoa supostamente cometa algum delito, a PM impede o direito de livre manifestação, realiza “detenções para averiguação”, ilegais práticas que violam a Constituição Federal de 1988.

A Marcha da Maconha tem longa trajetória de luta pelo direito de falar. De 2008 a 2011 fomos censurados, e marchamos pelo direito à livre expressão. Em 2011 a PM promoveu um verdadeiro massacre nas ruas de São Paulo, com chuvas de bombas, balas de borracha, spray de pimenta, cassetetes e dentenões.  Naquele mesmo ano a Marcha da Maconha voltou ainda mais forte e garantiu a sua livre existência com uma belíssima vitória no STF (Superior Tribunal Federal), que afastou qualquer possibilidade das absurdas proibições à marcha realizadas pelos tribunais inferiores.

Em tempos de votação do PL que tipifica o crime de terrorismo e que limita o direito à livre manifestação democrática, não é só a Marcha da Maconha que está ameaçada. Com apenas uma canetada, todos os movimentos sociais podem acabar enquadrados como terroristas em clara tentativa de calar as vozes das ruas através da criminalização das lutas populares.

Nunca é demais lembrar o papel da polícia na produção da violência ontem e hoje, na tortura e extermínio de opositores políticos durante a ditadura civil-militar, na guerra às drogas vivida cotidianamente nas periferias das grandes cidades, nas manifestações legítimas do povo em tempos de democracia. Terrorista é o Estado!

 

Cultivar a liberdade para não colher a guerra

A presença ostensiva da PM nos atos, as estrelas estampadas em seu distintivo como prêmio de cada massacre por ela cometida, suas armas “menos letais”, sua tropa de choque e “de braço”, são reflexos da lógica militarizada que se retroalimenta, entre outras coisas, da proibição das drogas. Nós não queremos a reprodução disso em nossa manifestação.

 

Já basta de guerra. 

Nós queremos paz, queremos liberdade!

Liberdade de fazer o que bem entendermos com nosso próprio corpo, de nos manifestarmos sem a tutela ou a investigação policial, de andar na rua sem ser preso ou morto, de fazer um franco e qualificado debate com a sociedade, de lutar por dias mais livres.

 

LEGALIZE JÁ.

Marcha da Maconha São Paulo

Abril de 2014

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