Valor Econômico: Uruguai admite “privatização” da maconha
Valor Online, reproduzido por GS NotÃcias
O ministro da Agricultura do Uruguai, Enzo Benech, disse ao Valor na tarde de ontem que a produção de maconha em larga escala no paÃs, para vendas em farmácias, poderá ser concedida ao setor privado. Benech também contou que vários laboratórios farmacêuticos, inclusive multinacionais, estão consultando o governo uruguaio, interessados no plantio da erva no paÃs.
Produtores rurais de diferentes portes também estão interessados na produção, revelou o ministro. “Não é o Estado que terá que produzir a maconha necessariamente, é possÃvel que o Estado uruguaio faça concessão para o setor privado produzir. Pode ser uma atividade privada, mas com controle público muito, muito duro”, disse Benech.
O ministro uruguaio ponderou que o assunto ainda está sendo discutido dentro do governo e que se trata de uma decisão polÃtica. “Temos recebido o interesse de muitas empresas, várias farmacêuticas, mas é uma decisão polÃtica que estamos tratando com muita sensibilidade. Vamos anunciar a definição nos próximos dias.”
O Uruguai é o primeiro paÃs do mundo a criar um mercado legal de maconha. A lei que permite aos uruguaios o consumo de 40 gramas de maconha por mês entrou em vigor há dois dias e ganhou atenção global.
A nova legislação regulamenta o consumo e a produção própria de forma limitada. A maconha será vendida em farmácias, mas ainda falta definir como será a produção em larga escala e o fornecimento.
A regulamentação da lei da maconha estabelece que os interessados em produzir a erva no paÃs deverão detalhar a “origem dos fundos que pretendem destinar à execução do projeto, no marco da norma vigente em matéria de prevenção e lavagem de ativos e financiamento do terrorismo”. O recém-criado Instituto de Regulação solicitará informes à Secretaria Nacional Antilavagem de Ativos.
“A grande preocupação de todo mundo é que quem produz hoje maconha de forma ilegal no Paraguai se instale aqui para produzir maconha amparado na lei uruguaia”, disse ontem o secretário de Drogas do Uruguai, Julio Calzada, à agência Associated Press.
Segundo ele, mais de cem empresários já manifestaram ao governo a intenção de produzir maconha no paÃs. Calzada afirmou que deverão ser outorgadas de duas a seis licenças para tal.
O governo calcula que 10 hectares darão conta de produzir até 22 toneladas de maconha, suficiente para abastecer o mercado local. Um grama da droga custará entre 20 e 22 pesos uruguaios (em torno de R$ 2). “Não queremos estimular o consumo, pois nenhum vÃcio é bem vindo. Nossa ideia é minimizar o crime e o tráfico”, disse Benech. (Com Associated Press)