Eu entendi ali, enquanto estava sendo torturado, realmente o que os negros, as mulheres, os pobres dessa cidade passam todos os dias. É uma realidade cruel, indigna, em que eles não têm direitos a nada, não tem direito a moradia, não tem direito a serviços básicos, só tem direito de ficar calado, de baixar a cabeça, senão ele morre e ninguém fica sabendo.
Eu fiquei muito assustado quando o governador Geraldo Alckmin, que já é conhecido pela sua truculência, por ser inimigo dos pobres e dos movimentos sociais, aumentou a repressão contra essa greve dos metroviários numa proporção muito grande, a ponto de levar a Tropa de Choque para dentro das estações do metrô para impedir os trabalhadores de fazerem a greve, que é algo legÃtimo.Murilo Magalhães, estudante torturado dentro da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo
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O estudante de direito da PUC e ativista da Assembléia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), participou do ato em solidariedade aos metroviários na manhã de segunda-feira (9), foi detido e levado por policiais para uma sala no interior da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Murilo Magalhães foi obrigado a ficar nu enquanto ouvia xingamentos de “veado†que todo o Brasil iria ver o que ele tinha feito, e que jamais conseguiria a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil.
O ato em solidariedade aos metroviários já tinha acabado e, como forma de protestar contra a truculência policial e a prisão de funcionários do metrô, um grupo de militantes se encaminhou para a sede da Secretaria de Segurança Pública, no centro da cidade.
Ao tentar se acorrentar ao portão da Secretaria, como forma de protesto, Murilo foi abordado por três policiais não identificados, que o carregaram para dentro da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo. Murilo foi detido próximo das 10h da manhã, foi carregado para dentro da secretaria perto do meio dia, onde permaneceu em torno de 1h.
Ficou agachado por um tempo em um corredor escuro e depois foi carregado para uma sala sem câmeras, e relata: “Me obrigaram a ficar pelado e me fizeram revista vexatória. Me humilharam, pegaram meu celular e exigiram que eu entregasse os endereços dos meu contatosâ€
Murilo diz que depois da tortura começou a chorar porque entendeu o que jovens negros passam nas periferias das cidades e diz que a repressão comandada por Geraldo Alckimim é uma forma de reprimir manifestações pacÃficas porque tem medo daquilo que pode vir. Ele relata que se preparou para morrer.
Além disso, foi obrigado a ligar para sua amiga que era quem estava no registro de sua última ligação e foi obrigado a mentir que estava tudo bem pedindo para e marcar encontro com a mesma. A amiga não foi, mas um advogado encontrou Murilo e os policiais em frente ä Secretaria. O Advogado perguntou o motivo da prisão e para onde iriam levar. Os policiais responderam que não interessava e que ele (advogado) deveria virar-se.
É assim que a polÃcia de São Paulo pratica suas ações criminais e tudo fica por isso mesmo. A sociedade permite. Nada se faz. É preciso combater este terrorismo de Estado com todas as nossas forças. Isto é inaceitável.