São Paulo – PerÃcias realizadas pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da PolÃcia Militar e pelo Instituto de CriminalÃstica (IC) de São Paulo apontaram que não são explosivos os artefatos supostamente encontrados com os manifestantes Fábio Hideki Harano e Rafael Marques Lusvargh em 23 de junho, quando foram detidos durante protesto na Avenida Paulista, na capital.
Os laudos foram entregues hoje (4) aos advogados de Hideki, que hoje mesmo ajuntaram ao processo os novos indÃcios e, depois, repassaram as informações à  RBA. A PM confirmou que as perÃcias foram concluÃdas, mas “não irá divulgar seu conteúdo por não ser a titular do inquéritoâ€. A Secretaria de Segurança Pública não quis se manifestar sob a alegação de que se trata de um assunto da esfera judicial.
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Os policiais civis que participaram da prisão de Hideki e Lusvargh atestam que ambos portavam explosivos. Os ativistas negam, e são respaldados pelo testemunho de manifestantes que acompanharam e filmaram as detenções. Ainda assim, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público acataram a versão dos policiais e levaram a denúncia à justiça.
Os jovens respondem por associação criminosa, resistência, desobediência, incitação ao crime e porte de explosivos – acusação que agora deve cair por terra com o resultado da perÃcia. Os dois estão presos há 44 dias: Hideki encontra-se na penitenciária de Tremembé, a 150 quilômetros da capital, e Lusvargh, na carceragem do 8º Distrito Policial, no Brás, centro de São Paulo.
Hideki é acusado de trazer na mochila “artefato explosivo†ou “artefato incendiário de fabricação rudimentarâ€, segundo boletim de ocorrência lavrado pelos agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) no momento da prisão. Um vÃdeo mostra trechos da abordagem dos policiais a Hideki e da revista feita em seus pertences.
Lusvargh estaria em posse de uma “garrafa de iogurte com forte odor de gasolinaâ€. O frasco consta no boletim de ocorrência, mas não é mencionado pelos policiais na narração dos fatos. Os agentes que abordaram Lusvargh tampouco se referem à garrafa de iogurte em seus depoimentos.
De acordo com o Gate, os materiais foram construÃdos à base de material inerte, desprovido de qualquer tipo de substâncias explosivas ou inflamáveis. Os objetos apresentaram ainda resultado negativo para todos os testes práticos e quÃmicos a que foram submetidos.
Por isso, dizem os peritos, não poderiam colocar em risco a integridade fÃsica das pessoas. O IC chegou a conclusão semelhante: os materiais não possuem composição quÃmica compatÃvel com a de materiais explosivos, nem compostos inflamáveis comumente usados em coquetéis molotov.
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“É outra prova que demonstra a ilegalidade da prisãoâ€, avalia Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Fábio Hideki. “Fábio foi vÃtima de um inquérito preparado e um flagrante preparado, que está se desmoronando.â€
Greenhalgh lembra que o porte de explosivos era a principal acusação contra o manifestante – e o que justificava, perante a justiça, sua prisão preventiva. “Agora isso caiu. Quero que ele saia imediatamente da cadeia. Se não sair, ficará claro que se trata de uma prisão polÃtica.â€
A Defensoria Pública, que representa Lusvargh, ainda não teve acesso ao laudo pericial do Gate e do IC, e preferiu não se pronunciar sobre as conclusões.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse hoje (4) que a polÃcia age com “absoluto critério†garantindo o direito de manifestação, e afirmou que o trabalho das autoridades na prisão de Hideki e Lusvargh foi tão bem conduzido que a justiça ainda não teve como soltá-los.
“As pessoas acham que o governo prende e solta. Mas não temos o poder nem de prender nem de soltar. Tanto o trabalho da polÃcia foi bem feito que a Justiça não soltouâ€, alegou Alckmin, que é candidato à reeleição. O governador negou insinuações de que a polÃcia plantaria provas contra os manifestantes.
“Por que a polÃcia plantaria provas contra alguém? Os trabalhos da polÃcia são documentados. O trabalho da polÃcia é monitoradoâ€, defendeu. “A polÃcia tem agido com absoluto critério garantindo o direito de manifestação. Infelizmente há infiltrados que começam a depredação.â€