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Agosto 10, 2014

Polícia de SP mata sempre nos mesmos lugares, nos mais pobres

Ponte (clique pra ver tabelas e mapas completos)

A zona leste da capital, região com quase 4 milhões de habitantes e que reúne 35,5% da população da cidade,  lidera o ranking dos supostos confrontos com morte, com 56 casos no primeiro semestre deste ano e 28 no mesmo período de 2013. Eles representam mais de 4 de cada 10 embates ocorridos na cidade nos dois períodos. Em reportagem publicada em junho, a Ponte já alertava para a guerra silenciosa que ocorre na região (chegou a ter a metade dos confrontos nos quatro primeiros meses do ano).

Mais populosa, a zona leste também é proporcionalmente o principal alvo das ações violentas dos agentes de segurança do estado. No primeiro semestre de 2014, a região teve 1,4 confronto com morte envolvendo a polícia para cada 100 mil habitantes. Em segundo, a zona sul, com praticamente um caso por 100 mil moradores (1,087), quase empatada com a zona norte (1,083). Por fim, a zona oeste, com 0,89. Os bairros do centro não tiveram embates com mortos neste ano.

Violência e pobreza

Na prática, ocorre aquilo que boa parte da população já vê no dia a dia: quanto mais pobre, maior a chance de um paulistano se deparar com uma ação violenta envolvendo a polícia na vizinhança de casa.

Palco principal das mortes decorrentes de intervenção policial, a zona leste é também aquela com a renda média mais baixa de São Paulo e conta com 4 em cada 10 pessoas que ganham até meio salário-mínimo na capital. Proporcionalmente, também têm os menos ricos. A participação dos moradores dos bairros do leste entre aqueles que ganham mais de 20 salários mínimos é de apenas 1 em cada 15 (7,4%). Quase 8 em cada 10 habitantes da região ganham, no máximo, 2 salários mínimos.

No outro extremo da capital, onde a polícia mata menos, a zona oeste concentra os mais ricos da cidade, tanto em números absolutos quanto proporcionalmente. Segundo dados do censo de 2010,  quase a metade dos paulistanos com renda superior a 20 salários mínimos vive na região (43,7%). São bairros vigiados por câmeras de segurança e onde tudo o que acontece ganha destaque nos meios de comunicação.

Os confrontos mortais envolvendo a polícia também andam lado a lado com a baixa escolaridade. A zona leste é a região da capital que concentra, proporcionalmente e em número absolutos, a maior parte da população com, no máximo, o ensino fundamental incompleto: são 4 em cada grupo de 10 pessoas. Apenas 1 em cada 10 moradores da região tem o ensino superior completo. Na zona oeste, onde há menos confrontos com mortes envolvendo a polícia, 4 em cada 10 pessoas concluíram a universidade.

A polícia mata mais onde menos crianças chegam com vida ao primeiro ano de idade. A maior taxa de mortalidade infantil da capital é justamente na zona leste (12,59 por mil nascidos vivos), 73,24% maior do que na oeste (7,27), a mais rica da cidade.

De forma geral, os indicadores sociais mostram que o braço do estado, quando vai à região mais violenta da cidade, chega armado e atirando.

Na capital, só a Polícia Militar matou 163 pessoas nos primeiros seis meses deste ano.  No mesmo período do ano passado, foram 65.

Ação concentrada

A análise de local e data mostra uma concentração de ações policiais violentas em curtos períodos de tempo, numa mesma região, um padrão que se manteve de 2013 para 2014.

Entre a avenida Jacu-Pêssego e os limites da cidade (o “fundão” da zona leste), por exemplo, foram registrados 14 supostos confrontos com morte envolvendo a polícia entre janeiro e junho de 2013. Do total, 12 casos aconteceram nos primeiros 2 meses do ano, numa área de 50 km². Neste ano, já foram pelo menos seis grandes ondas de embates mortais envolvendo policiais em toda a zona leste.

Também chama a atenção o pequeno número de confrontos no centro expandido, região que fica entre as marginais Pinheiros e Tietê, avenidas Bandeirantes, Tancredo Neves, Juntas Provisórias, Professor Luiz Anhaia Mello e Salim Farah Maluf, onde também estão os bairros mais ricos da capital e com maior circulação de pessoas durante o dia.

Nos primeiros seis meses de 2013, foram cinco casos, 1 a cada 15 (7,6%). No mesmo período deste ano, caiu ainda mais o percentual em comparação com o restante da cidade: 4 casos, 1 a cada 32 (3,1%).

Com relação ao horário das ocorrências com morte envolvendo a polícia, cresceu o número de confrontos entre as 18h e as 23h59, justamente o período de retorno do trabalhador para casa —foi de 35,9% para 52,3%.

Outro lado

O coronel Glauco Carvalho, que assumiu o Comando de Policiamento da Capital (CPC) na metade de julho deste ano, diz que está acompanhando os índices de letalidade na tropa. “Ainda estou tomando pé da situação em relação a indicadores criminais, em relação a letalidade e violência policial. Quero deixar claro que, no meu comando, nós não vamos compactuar com abusos, ilegalidades, infrações aos direitos e garantias individuais das pessoas”, diz.

Carvalho, que é doutor em Ciência Política pela FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo), pretende iniciar um conjunto de palestras nos próximos dois meses para conscientizar policiais sobre sua importância na sociedade, como garantidores e cumpridores das leis. “A nossa política vai ser de severidade em relação a transgressões. Estamos em estudo com algumas medidas mais específicas em relação a essa temática, que eu não poderia adiantar nesse momento, mas vamos começar, em dois meses, uma ação”, afirma.

Sobre o fato de os confrontos com morte ocorrerem sempre nas mesmas regiões, Carvalho afirma que a letalidade policial é maior onde também há níveis maiores de violência na sociedade. “Mesmo assim, podemos tomar providências para diminuir a letalidade por parte da sociedade como, eventualmente, temos que estudar caso a caso (envolvendo a PM). Não posso adiantar ou afirmar que exista um abuso por parte dos policiais. Seria prematuro, não honesto e não ético da minha parte fazer qualquer tipo de acusação”, diz.

Em entrevista à Ponte, o secretário estadual da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, afirmou que o aumento no número de confrontos, motivado pela alta nos roubos, é um dos motivos para o crescimento da letalidade policial.

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