Em plebiscito apertado no domingo, paÃs desaprova diminuição de 18 para 16 anos; 47% dos eleitores foram favoráveis
Resultado da votação foi golpe para partidos de direita e motivou festa da base aliada do presidente José Mujica
DE SÃO PAULO DAS AGÊNCIAS DE NOTÃCIAS
A maioria dos eleitores do Uruguai rejeitou neste domingo (27) a redução da maioridade penal no paÃs de 18 para 16 anos para criminosos que cometem delitos graves.
Segundo a Corte Eleitoral uruguaia, 46,99% dos eleitores votaram pela mudança, que aconteceu junto com a escolha do sucessor do presidente José Mujica e dos membros do Congresso.
A proposta só seria aprovada se mais de 50% dos eleitores colocassem na urna a cédula do “sim”. Quem optou pelo “não” não colocou nenhuma papeleta na urna.
Dos 19 departamentos uruguaios, em nove a votação foi favorável à redução. Neles, também houve as votações mais altas do direitista Partido Colorado, principal apoiador da proposta.
O candidato à Presidência do partido, Pedro Bordaberry, disse que o grupo de campanha pela redução, chamado de Comissão para Viver em Paz, fez um bom trabalho, apesar da derrota.
Para ele, a diferença pequena entre os favoráveis e os contrários é uma mensagem de que boa parte da população “exige mudanças profundas” no manejo da segurança pública.
“Essa voz deve ser ouvida porque demanda ao Estado que nos proteja e nos permita viver em paz”.
O senador, que é filho do ex-ditador Juan MarÃa Bordaberry, ficou em terceiro lugar no pleito presidencial e voltará ao Senado, para onde foi reeleito (no paÃs, candidatos podem disputar mais de um cargo simultaneamente).
Se a mudança fosse aprovada, adolescentes entre 16 e 18 anos que cometessem homicÃdio, lesão corporal grave, sequestro, estupro, roubo, roubo com cárcere privado e extorsão seriam condenados como adultos.
O paÃs tem uma taxa de homicÃdios de 7,9 casos para cada 100 mil habitantes, mais de duas vezes menor que a taxa brasileira, de 25,2. Por outro lado, o Ãndice de sequestros é de 0,6/100 mil, o triplo do registrado no Brasil.
FESTA
Enquanto os colorados lamentavam a derrota, militantes da esquerdista Frente Ampla, do presidente José Mujica, comemoraram a rejeição à redução com festa na capital, Montevidéu.
Uma das dirigentes da campanha do “não”, Fabiana Goyeneche, disse que venceram a informação e a reflexão de que a proposta não era a melhor alternativa.
“Quando as pessoas começaram a ver que até os defensores [da redução] tiveram que admitir que não era uma solução para a segurança, aà começaram a refletir.”
Para ela, a redução seria um retrocesso. “Isso é um sinal de que não vamos aceitar propostas simplistas. Não significa que não queiramos melhoras e que não se trate com o que preocupa o Uruguai, o que inclui a segurança”.
DE SÃO PAULO
Se for eleito para seu segundo mandato, o ex-presidente Tabaré Vázquez será beneficiado pela composição do Congresso uruguaio definida neste domingo (27).
A Frente Ampla, à qual pertencem o candidato e o atual presidente José Mujica, obteve 50 das 99 cadeiras da Câmara de Deputados e 15 dos 30 assentos do Senado.
Apesar do empate numérico com a oposição, a coalizão garantiria vantagem em um governo Vázquez porque seu vice será o presidente do Senado e terá voto de minerva.
O mesmo recurso poderá ser usado por Luis Lacalle Pou se conquistar a Presidência em 30 de novembro. Ele, porém, terá que formar maioria com outros partidos.
Além dos colorados, que já lhe deram apoio no segundo turno, ele terá também que negociar com o Partido Independente, que negocia o apoio a um dos candidatos.
Na Câmara, porém, Luis Lacalle Pou precisaria contar com a mudança de lado de alguns dos deputados da Frente Ampla para aprovar seus projetos ou derrubar medidas como a legalização do aborto e da maconha.
Se não vencer, o candidato do Partido Nacional assumirá uma cadeira no Senado. Sua lista foi a mais votada do paÃs, com 363 mil votos, mais da metade de todos os votos que obteve seu partido.
Além de Lacalle Pou, outro presidenciável, Pedro Bordaberry, voltará ao Congresso. Seu partido recebeu 299 mil votos e ficou em terceiro na disputa legislativa.
O quarto foi o Partido Independente, com 69 mil votos, seguido pela da Unidade Popular, com 23 mil.
DE SÃO PAULO
O atual presidente do Uruguai, José Mujica, 79, foi eleito neste domingo (27) como um dos senadores da próxima legislatura do Uruguai, entre 2015 e 2020.
Com 99,6% das urnas apuradas, a lista encabeçada pelo atual mandatário recebeu mais de 348 mil votos, a que teve o maior apoio entre os integrantes da Frente Ampla.
Além dele, estão no mesmo grupo a mulher de Mujica, a atual senadora LucÃa Topolansky, e o ministro do Interior, Eduardo Bonomi.
Segundo prognósticos feitos pelo jornal uruguaio “El PaÃs”, a Frente Ampla se manterá com a maioria no Congresso, com 50 das 99 cadeiras da Câmara de Deputados e 15 das 30 do Senado.
Nesta segunda, o presidente criticou a aliança entre o senador Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, e o candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou. A união tenta derrotar o candidato do governo, o ex-presidente Tabaré Vázquez.
“Deus os criou, e eles se juntam. São a mesma coisa, não historicamente, mas agora sim. São pessoas que concordam em muitas coisas. O bom disso é que [a união] não é hipócrita”, ironizou.
Mujica será um dos senadores mais velhos da próxima legislatura uruguaia. Caso permaneça no cargo até o fim, em 2020, deixará a casa a dias de completar 85 anos.