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Abril 01, 2015

Cartas na mesa – Do medo da morte às infinitas realidades: relato de experiências com LSD

“Me contem, me contem aonde eles se escondem?
atrás de leis que não favorecem vocês
então por que não resolvem de uma vez:
ponham as cartas na mesa e discutam essas leis”

Planet Hemp

A seção Cartas na mesa é composta por opiniões de leitores e membros do DAR acerca das drogas, de seus efeitos político-sociais e de sua proibição, e também de suas experiências pessoais e relatos sobre a forma com que se relacionam com elas. Vale tudo, em qualquer formato e tamanho, desde que você não esteja aqui para reforçar o proibicionismo! Caso queira ter seu desabafo desentorpecido publicado, envie seu texto para coletivodar@gmail.com e ponha as cartas na mesa para falar sobre drogas com o enfoque que quiser.

Nesta edição, nosso leitor KFC relata a evolução de sua relação e reflexões sobre LSD, desde uma primeira viagem com ácido impuro ao entendimento de como a substância proporciona abertura das portas das “infinitas realidades” nas quais vivemos diariamente. Vale prestar atenção!

***

Carnaval no Guarujá com os amigos. A idéia inicial era tomar 1 blotter de LSD, no calçadão da praia. Já havia tomado LSD umas 2 vezes antes, porém não havia tido nada demais (não sei se devido a pequenas quantidades, ou fatores externos que não me fizeram aproveita-lo ao máximo). Na areia da praia, com a água batendo nos pés, coloquei-o em baixo da língua, como de costume. Um gosto amargo já tomou conta da boca, e a leve sensação de body load (sensação de enjoo). Os primeiros efeitos vieram em cerca de 15 a 30 minutos. Aquele gosto amargo persistia, o que me fez ter a certeza de que o que eu havia tomado não era LSD, e sim algo como 2C-E ou 25i nbome (não sei ao certo). Voltei em direção ao mar e vomitei. E, como um gatilho, o vomito ficou colorido e sintilante. O céu se acendeu e a experiência começou. Voltei para os meus amigos, e o suor frio e as pupilas dilatas deixaram todos assustados, principalmente Ana (namorada de um amigo). Fui perdendo o controle em relação aos aspectos visuais e fui levado para casa (quase sem conseguir andar, fui guiado pelos braços).Já deitado, num quarto escuro, imagens iam e voltavam, e raios verdes me atingiam e me faziam vibrar numa frequência de onda a qual me levaria para um mundo desconhecido. Palavras surgiam, rodopiavam e iam embora. Risos de fundo entravam pela porta do quarto dançando e se transformando em bonecos que olhavam para mim e me contornavam. O som de um pássaro ia e voltava, e me fazia procura-lo no quarto. Sons de sirenes começaram a me amedrontar. Já não lembrava mais o que tinha acontecido a pouco tempo, e achava que a polícia estava atrás de mim. Vou ao banheiro e molho minhas mãos com água da pia (minhas mãos estavam a uma grande distância do meu corpo, e existiam universos entre a minha imagem no espelho e minhas mãos sendo lavadas automaticamente) para passar no rosto. A água é roxa, verde e amarela. Ligo o chuveiro e as gotas caem perfeitamente coordenadas de acordo com as vibrações que ainda sinto serem a real forma de expressão da nossa chamada “realidade”. Entro no chuveiro, de roupa, derrubando minha toalha no chão molhado. Piso nela para tentar “secá-la” e jatos roxos me acertam no rosto. Já sem roupa, sento-me no canto do banheiro e o Casal de amigos entra no banheiro, preocupado.”Só não deixe eu me matar” foi a frase que consegui dizer ao meu amigo.

Bêbados e com medo por mim (um conhecido havia morrido a poucas semanas, devido a se jogar de uma varanda sob efeito de alucinógenos), me tiraram do banheiro, pegaram minhas roupas e me fizeram tomar copos de água. A água do galão me parecia cheia de química, e preferi a da torneira por achar que seria mais “pura”. Voltei para o quarto e entrava em transe. Meu corpo se desfazia com o colchão e se derretia de uma forma altamente deliciosa e me deixava em pânico. No ápice da montanha russa, eu era euforia e medo ao mesmo tempo.

O ritual de quarto / banho / água da pia se repetiu por aproximadamente 5 vezes. Falando muitas vezes sozinho, chamando pessoas que percebi que eram consideradas os “pilares” da minha consciência, fui aos poucos abrindo a mente e entendendo o real efeito do LSD.A viagem foi passando, mas os pensamentos ficaram. Estudei durante bom tempo, lendo todos os livros relacionados ao assunto. Desde Albert Hoffman e Timothy Leary, ao Livro Tibetano dos Mortos, o que me fez acreditar que a religião que eu mais me identifico hoje em dia, é a budista.
E, depois de tanto ler e entender como me portar diante de todas essas situações, fiz o uso mais uma vez (agora com LSD com alto grau de pureza), dessa vez em local mais controlado, seguro e calmo, da melhor maneira para aproveitar toda a consciência limpa e clara que eu pudesse alcançarE aí que vieram os pensamentos, idéias e insights maravilhosos que nunca consegui explicar para ninguém, e mesmo se tentasse, céticos me chamariam de louco.Tudo que enxergamos, são vibrações de ondas que chegam aos nossos olhos. Cores por exemplo, são apenas um modo do cérebro diferenciar a frequência dessas ondas (Qualquer pessoa que terminou o colegial já aprendeu isso em física). O LSD interfere inicialmente nas cores, as deixando mais vívidas, intensas e brilhantes. Após esse período, ocorre uma certa oscilação nas cores, as quais fazem um mesmo objeto se tornar azul, lilás, amarelo e verde, voltando ao azul e por assim vai… (Um gif que exemplifica esse efeito: http://i.imgur.com/wcYKq.gif).

Percebendo isso, notei que a primeira “camada” de consciência alterada que atingimos é a sintonização do cérebro em outra frequência, diferente da usual.
Por exemplo, um rádio. Nosso cérebro funciona exatamente como tal. Se estiver sintonizado a uma frenquência de 105 Hz, por exemplo, captaremos sempre essa frequência (mas isso não quer dizer que a frequencia 105 seja a “correta” ou a única). Alterando quimicamente as estruturas cerebrais, o LSD altera nossa frequência de onda de 105 para 104, por exemplo. É uma frequência existente, e tão real quanto a 105 que estamos acostumados, porém por ser diferente, é tratada como estranha, ilusória e perigosa.
Mas não é bem assim. Penso que estudos feitos com o uso de alucinógenos um dia serão feitos a fundo e descobriram exatamente que, a realidade é MUITO mais complexa do que imaginamos hoje.
Outro exemplo que posso dar para reforçar minha teoria, é dos nossos sentidos.
Nossos olhos captam vibrações de ondas, como já falei anteriormente.
Nossos ouvidos captam outro tipo de vibrações de ondas, e as transformam em sons.
Já a boca, o nariz e a pele, captam outras frequências as quais distinguem-se em paladar, olfato e tato.
Essa é a definição usual, ou preguiçosa. Mas se fizermos as perguntas certas, chegaremos a uma solução altamente provável.Como será então, que existem pessoas sinestésicas? (Para quem não sabe, sinestesia é basicamente e cientificamente descrito como uma confusão sensorial).
O grande Ludwig van Beethoven, por exemplo, um dos maiores artistas que a humanidade já teve o prazer de ter, era uma pessoa altamente sinestésica. Mesmo tendo ficado surdo, ele conseguia compôr com perfeição e dizia enxergar a música.
Será mesmo que uma “confusão” de sentidos é um problema entre sinapses? Pode até ser, porém ainda acredito na minha teoria, a qual pessoas sinestésicas na verdade, possuem ou desenvolvem a capacidade de alterar a frequência de certo órgão (olhos, nariz, boca, etc) para uma frequência diferente da usual, a qual a faz captar vibrações existentes, porém que surgem de forma diferente do comum (enxergar a música, ou sentir o cheiro de um som, por exemplo).Finalizando então, minhas experiencias com LSD me fizeram acreditar que não existe apenas uma única realidade, mas sim infinitas delas, a qual o nosso cérebro instintivamente faz uma “peneiração” (com a finalidade o qual o cérebro sempre age: sobrevivência) e nós infelizmente a consideramos como únicas e descartamos tudo que possa existir diferente disso, como Alucinógenos (Alteradores de consciência), ou esquizofrenia por exemplo (tratada como doença).

Porém, como tudo na vida, existem outros caminhos para atingir tal “consciência elevada”, as quais são descritas a milhares de anos, como a meditação, privação sensorial, jejum, etc…

Espero que gostem do meu relato e que pelo menos os façam pensar. Não sou dono da verdade, mas estarei sempre em busca dela.
Por favor, critiquem, julguem e contrariem o que acharem necessário.
Abraços a todos.

K.C.F.

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