Coletivo DAR
Segundo notícia publicada na Folha de S.Paulo de hoje, a prefeitura de São Paulo oficializou a troca do coordenador do programa De Braços Abertos, que tem como objetivo oferecer tratamento e reinserção social a usuários de crack ou higienizar o centro da cidade, a depender da interpretação ou do cargo do analista. O nunca oficializado (e maçom) Capitão Renato Gomes Lopes da Silva volta para a guarda pessoal de Haddad, desgastado após diversas ações truculentas como a ocorrida, com conivência do secretário Eduardo Suplicy, em 29 de abril e que resultou em uma pessoa baleada. Em seu lugar o governo anuncia Benedito Mariano, ex secretário de na gestão Marta e de São Bernardo na gestão Luiz Marinho.
Se pelo menos dessa vez parece haver uma transparência maior, afinal o meganha, quer dizer, o capitão ocupava um cargo público sem que isso fosse corretamente divulgado – quanto ganhava? quais atribuições e jornada? foi contratado com base no quê? – a mudança de nomes já indica que não há nenhuma mudança de convicção: o programa segue com a esfera da segurança pública e da repressão preponderando.
Olhando um pouco mais para a trajetória de Benedito Mariano, isso parece ficar ainda mais claro. Deixando de lado informações curiosas como ele já ter publicado, em 1981, um livro de poesias junto com João Paulo Cunha, ex-deputado do PT condenado pelo STF no caso do Mensalão, encontra-se ao menos dois momentos em que a atuação de Mariano como secretário recebeu duras críticas por ser violenta e repressiva.
O primeiro caso aconteceu em São Paulo, 2004, quando a gestão Marta decidiu expulsar camelôs d centro e a descrição da Folha de S.Paulo não deixa muitas dúvidas dos abusos cometidos, fato depois reconhecido pelo próprio Mariano: “Cerca de 300 camelôs e 300 guardas enfrentaram-se por mais de três horas na região do Vale do Anhangabaú na segunda-feira à tarde, segundo estimativa do secretário de Segurança do município, Benedito Mariano”.
O segundo é do final do ano passado, quando ele já desempenhava suas funções em São Bernardo e teve sua cabeça pedida por movimentos após liberar a GCM para realizar uma violenta reintegração de posse em um terreno privado da cidade, ou seja, completamente fora da esfera de atuação da guarda. Em outro momento, demonstraria sua visão sobre segurança ao dizer que a solução para a questão na cidade seria o aumento do efetivo da PM e o “controle total” da cidade através de câmeras de vigilância 24h. Em outra situação no ABC, seu carro oficial foi flagrado em alta velocidade, no
Vale lembrar que Luiz Marinho, prefeito que o colocou como secretário de segurança em São Bernardo está envolvido em denúncias na Operação Lava Jato (ver por exemplo aqui , aqui , aqui e aqui ) , como não poderia deixar de ser para um político importante do PT. Talvez isso o esteja tirando um pouco do sério: recentemente gritou com servidores públicos dizendo não ter obrigação de oferecer almoço, após ter cortado a merenda de 85 mil alunos das escolas públicas.
(Aliás por falar em Lava-Jato e Braços Abertos, outro envolvidíssimo nas denúncias é José de Filippi, secretário de saúde da cidade desde a criação do programa e que antes já foi tesoureiro de Lula e Dilma – ver por exemplo aqui e aqui )
Em relação a drogas, Benedito Mariano declarou em entrevista algo que pode ser cobrado em relação a sua atuação no De Braços Abertos: “Não se combate o tráfico de drogas reprimindo os “aviões”; combate-se com eficiência o tráfico de drogas prendendo os grandes traficantes, atuando nas redes do tráfico. E aí precisa ter inteligência policial porque se não não vai chegar lá.”
Em relação ao coordenador anterior, Mariano já traz a grande vantagem de não usar farda, esperemos que não seja sua única. De todo modo, pelo menos é um PM a menos na gestão pública da cidade e do estado, agora só faltam todos os outros.
(E enquanto você lê esse texto a GCM segue roubando carroças e pertences das pessoas!)