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Março 14, 2016

Como funcionam os clubes que produzem maconha legalmente no Uruguai?

Terra

O máximo permitido pela lei uruguaia são 99 plantas com flor
BBC BRASIL.com

O clube Tricoma, no centro de Montevidéu, capital do Uruguai, é um espaço de poucos metros quadrados no qual são produzidas e distribuídas legalmente até dez variedades diferentes de maconha.

O que chama atenção logo na chegada ao pequeno galpão onde fica a base de operações é o cheiro, que impregna tudo.

Os donos do clube são Pedro Bianchi e Federico Mello. É Bianchi que recebe a reportagem da BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, no portão do que parece uma casa de família. Nada indica que o local produz centenas de gramas de maconha por mês.

O Tricoma funciona legalmente desde o ano passado. Foi o segundo clube autorizado a produzir maconha no Uruguai – hoje, dez já têm autorização para funcionar.

Apesar de ser legalizado, Bianchi e outros sócios preferem que o local exato permaneça em segredo. “Por segurança e para não ter problemas com os vizinhos”, afirmou.

Estes “clubes canábicos” são uma das alternativas legais que existem atualmente no Uruguai para a compra da maconha. Nestes locais, entre 15 e 45 consumidores se associam para produzir e distribuir a maconha de forma coletiva.

A regulamentação da lei de produção, distribuição e venda de maconha aprovada no fim de 2014 abriu o caminho para esta produção.

Bianchi e Mello cultivavam de forma ilegal há anos. “Corríamos este risco porque queríamos saber o que estávamos fumando, ter o controle sobre o que introduzíamos em nosso corpo”, disse Bianchi.
99 plantas

O diretor de cultivo do clube Tricoma leva a reportagem da BBC Mundo para uma visita guiada às instalações.

Bianchi explica o detalhe do ciclo de vida da planta e conta cada passo para conseguir os melhores “cogollos”, a palavra usada no Uruguai para denominar as flores da planta da maconha que têm as substâncias canabinóides.

O controle é cuidadoso para manter o produto o mais natural possível: o ciclo noturno das plantas é obedecido, com as luzes da sala de floração apagadas durante 12 horas e a porta da sala que permanece fechada.

Bianchi abre um cadeado e mostra o tesouro mais valioso do clube: 99 plantas em flor, o máximo permitido pela lei uruguaia.

Depois de examinar algumas flores, ele explica as características de cada variedade e as diferentes formas de cultivo. Como um produtor de vinhos, ele diferencia cada variedade pelo odor e aparência dos “cogollos”.

“Neste tipo de cultivo interno devemos simular à perfeição (as condições) do ar livre para fazer a produção render”, disse.

A lei uruguaia
Além deste tipo de clube, os uruguaios também podem conseguir maconha cultivando para consumo próprio e por meio do sistema de produção estatal, que vai comercializar o produto em farmácias até o fim de 2016.

Aprovada durante o governo do ex-presidente José Mujica como uma aposta para combater o narcotráfico, esta lei colocou o Uruguai na vanguarda internacional e transformou-o no primeiro país do mundo a regulamentar o cultivo, distribuição e consumo.

Segundo a lei cada clube pode ter entre 15 e 45 sócios. Além disso, a lei exige que sejam residentes no país.

O máximo anual permitido é de 480 gramas para cada um dos sócios do clube.

O Instituto de Regulamentação e Controle de Cannabis (IRCCA) é a organização responsável por conceder as certificações legais depois de analisar o plano de produção e visitar as instalações onde o clube funcionará. Até o momento dez clubes já estão regularizados.

Música brasileira e vizinhos

Quando todos saem para o pátio da casa onde funciona o clube, música brasileira começa a tocar. A discrição é fundamental para o funcionamento do Tricoma e é melhor que os vizinhos não ouçam o que Bianchi e a reportagem da BBC estão conversando.

O Tricoma conta com 22 sócios que sempre visitam a casa e, durante estas visitas, ajudam com os cuidados com as plantas, experimentam alguma variedade nova e compartilham sensações.

Além disso levam cerca de 40 gramas de maconha por mês para consumo com fins recreativos.

Como eles mesmos se definem, o Tricoma é um grupo de amigos e, graças à perseverança deles, é o segundo clube autorizado a produzir maconha no Uruguai. A idade média dos membros do clube é de cerca de 35 anos. O preço da matrícula no clube é de 6 mil pesos (pouco mais de R$ 680) e a mensalidade custa 2,8 mil pesos uruguaios (cerca de R$ 318).
Entregas personalizadas

Duas das características mais marcantes do Tricoma são pesquisa e rastreabilidade. Os cultivadores registram cuidadosamente cada passo durante o crescimento da planta para identificar as propriedades de cada uma.

E, nas encomendas que eles montam todos os meses para entregar aos sócios, são incluídas etiquetas onde são especificadas as origem de cada “cogollo”. Desta forma eles podem personalizar as entregas mensais a gosto do consumidor.

“Cada nutriente importa, cada variação que você faz leva a um efeito e potência diferentes, um uso diferente”, disse Bianchi.

Mas a maconha produzida no clube também tem outros usos. “Fumar de forma recreativa é apenas a ponta do iceberg de todos os usos da maconha. Existem possibilidades de utilizar o cânhamo como fibra têxtil ou na fabricação de pomadas e óleos com fins medicinais”, afirmou a secretária do clube, identificada apenas como Lucía.

“Uma vez que entregamos a maconha, cada sócio decide como deve consumi-la. As possibilidades são muito amplas. Sabemos que há sócios que cozinham com ela e outros que usam com fins medicinais para eles mesmos ou algum familiar próximo”, acrescentou.

Os sócios do clube conseguiram realizar o primeiro sonho: fumar legalmente a maconha que eles mesmos cultivam. Agora eles se preparam para a próxima colheita e entre os próximos planos está a mudança para um lugar maior onde possam plantar mais e dar melhores condições para as plantas.

Além disso, o clube quer abrir suas atividades para a comunidade organizando workshops e debates sobre como e para quê cultivar maconha.

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