Jaqueline Silveira
Milhares de pessoas cruzaram as principais ruas centrais de Porto Alegre, no inÃcio da noite de sábado (7), pela causa da descriminalização da maconha. Usuários e simpatizantes da legalização do cultivo da Cannabis sativase concentraram no Parque da Redenção. A Marcha da Maconha é realizada todos os anos em várias partes do mundo com o fim de levantar o debate sobre o cultivo e consumo da planta.
A concentração no parque começou à s 4h20min (16h20min), horário identificado com a cultura canábica. No local, os manifestantes pintaram cartazes e rostos e usaram um megafone para dar seu recado sobre a importância da legalização das drogas. “A guerra do tráfico como acontece é muito injusta à sociedade. Tem muito jovem sendo massacrado de alguma formaâ€, afirmou Ronita Maria, historiadora e “artivistaâ€, uma das organizadoras da marcha, na capital gaúcha. Ela acrescentou que, a cannabis, além ser utilizada como remédio, pode ser usada, por exemplo, para fabricação de tecidos e reduzir os impactos dos agrotóxicos na terra, ao contrário da plantação do eucalipto, que é prejudicial ao meio ambiente.
Depois de algumas manifestações em frente ao Monumento do Expedicionário, usuários e simpatizantes saÃram em caminhada carregando faixas e cartazes com frases como “Legaliza STFâ€, “Mais Conha, menos Cunhaâ€, numa referência ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, réu na operação Lava Jato e afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira (5). A marcha atravessou a Redenção em direção à Avenida Osvaldo Aranha, onde estava um brigadiano e o ônibus da Brigada Militar com a frase “Crack, é possÃvel vencerâ€, estacionado. Na passagem, os manifestantes cantaram em tom irônico: “Ei, polÃcia! Maconha é uma delÃcia!†A BM não acompanhou a Marcha da Maconha.
No trajeto até o Cais Mauá, baseados eram acesos e alguns até passado de mão em mão. Cantos foram entoados durante a caminhada, que aumentou ao longo do percurso com a incorporação de mais apoiadores e simpatizantes. “Arroz, feijão, maconha, educaçãoâ€, “Não tenha vergonha, é bom fumar maconhaâ€, e “Ah! Mas que vergonha, a passagem está mais cara do que a maconhaâ€, eram alguns dos cantos puxados pelos milhares, enquanto marcham. Um grande baseado simbólico que, em alguns momentos, era aceso também chamava atenção.
Um dos cantos mais repetidos ao longo da marcha resumia a causa pela qual estavam na rua: “Chega de morte, chega de prisão, eu quero já a legalização!†Outro dos organizadores da atividade, Alexandre Thomaz ressaltou que o Brasil está ficando para trás na comparação com paÃses vizinhos em relação à descriminalização das drogas.  O Chile, exemplificou ele, tem plantações da cannabis para uso medicinal, e o Uruguai permite que seus habitantes possam cultivar até seis pés de maconha legalmente em casa.
“Temos uma lei repressora: se é pego com uma planta, com um baseado é tratado como traficante. O primeiro passo seria a descriminalizaçãoâ€, avaliou ele, sobre a legislação brasileira. Na opinião de Thomaz, o modelo de legalização adotado no Uruguai poderia ser um bom começo para o Brasil, embora prefira o de Portugal. “A gente acha que o certo seria legalizar todas as drogas como em Portugal. Lá, é tratado como caso de saúde e não de polÃciaâ€, acrescentou ele, sobre o problema das drogas.
Uso da planta no tratamento do câncer
Thomaz já recorreu à planta como remédio para o tratamento de um câncer e, desde então, passou defender e a integrar as manifestações pela legalização da maconha. A cannabis, conforme ele, ajudou a reduzir os efeitos da quimioterapia, dando alÃvio aos enjoos e “abrindo o apetite.â€
Mas, além dos benefÃcios medicinais, a descriminalização, na opinião de um dos organizadores da Marcha da Maconha, terá impacto no tráfico. “A legalização pode tirar o poder dos traficantesâ€, afirmou ele, a partir do momento em que o comércio da droga passa a ser dentro da lei. O estado do Colorado, primeiro a legalizar a maconha nos Estados Unidos, segundo Thomaz, conseguiu diminuir a criminalidade, além de registrar uma maior arrecadação com a venda, desde que adotou a medida.
Nos lugares com público nas ruas ou em bares e paradas de ônibus, os manifestantes convidavam a se junta à causa. Foi assim na Cidade Baixo, bairro boêmio de Porto Alegre. “Vem, vem, vem pra Marcha vem, que é da maconha.†Ainda no trajeto, eles fizeram uma crÃtica pelo fato de a homofobia não ser crime: “Que contradição, maconha é crime, homofobia não.â€
Apoio ao coletivo Cais Mauá de Todos
Depois de duas horas e meia, os manifestantes chegaram ao Cais Mauá, na Avenida Mauá, onde integrantes do coletivo Cais Mauá para Todos os aguardavam. Eles foram até lá dar apoio à causa defendida pelo grupo que reivindica a anulação do contrato entre governo do Estado, prefeitura e o Consórcio Cais Mauá Brasil S.A para arevitalização do local. O Cais Mauá de Todos defende um projeto de revitalização que priorize as pessoas e que seja elaborado com a participação da comunidade. No local, foram feitas algumas manifestações em defesa da causa do coletivo. Antes da chegada da marcha, pelas 17h, os integrantes do Cais Mauá de Todos deram um abraço simbólico no Cais.
Confira mais fotos da marcha:
Tags: ”Porto Alegre sem Preconceito – Cidade LGBT”, Cais Mauá, cannabis, Capital, cartazes,desciminalização, drogas, legalização, maconha, manisfestação, marcha, PolÃcia, protesto, Redenção,revitalização, tráfico