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Janeiro 23, 2017

Abre a Roda: canal ‘RD com Logan’ deixa a caretice de lado pra falar de drogas e Redução de Danos

Coletivo DAR

Desempoeirando a seção Abre a Roda, trocamos ideia com o psicólogo e redutor de danos Bruno Logan, do canal RD com Logan e criador do que foi o maior aplicativo de RD para usuários de drogas no Brasil. O app teve um fim prematuro em 2015, mas a página no Facebook vive (curte aqui ó), e o conteúdo de pesquisa vem aos poucos sendo passado para o Youtube. Quem não conhece o trampo do Logan, vale dar uma navegada pelo canal e sacar os vídeos antes (ou depois, sei lá, cê que manda) de ler a entrevista. E quem já tá por dentro do trabalho dele vai poder ficar sabendo um pouco mais sobre a trajetória do Logan, que inclusive colou numa das primeiras reuniões do DAR em 2009 e na organização da Marcha da Maconha. Nesses anos dedicados à questão das drogas, o psicólogo já participou de debate até no Batalhão da Guarda Municipal e não esconde a paixão em espalhar a RD por aí.

Como surgiu seu interesse por Redução de Danos?

A minha inserção na RD foi um grande acaso. No inicio da marcha da maconha, eu tive contato com o coletivo DAR e, se não me engano, cheguei a participar da primeira reunião do coletivo. Me recordo que naquela época meu interesse era só pela legalização da maconha, mesmo não sendo usuário – sequer tinha experimentado maconha -, eu acompanha e colaborava com o coletivo da MM. Após essa reunião do DAR, eu entrei para lista de e-mail, nos quais, muitas vezes, os membros falavam mal de lugares que atendiam os usuários; eu não entendia absolutamente nada de saúde mental e nunca tinha ouvido falar em CAPS AD. Então, eu perguntei se existia algum lugar que tratava os usuários bem e com dignidade, me falaram de um lugar chamado –É de Lei“, e isso ficou na minha cabeça. Meses ou anos depois, acabei indo no É de lei e eu não entendi nada nesta primeira visita, não falei com ninguém e só observei. Depois desta visita passei a ler sobre o que era o É de lei e descobri o que era RD.

Por acaso, retornei na galeria onde é a sede do É de Lei e resolvi passar por lá, assim conheci o Rogério e Thiago Calil, que me explicaram o que era RD e um pouco da história do É de Lei. Nessa ocasião, eu perguntei que tipo de profissional trabalhava lá e o Thika (Thiago Calil) me falou de Terapeuta Ocupacional, Psicólogo, Assistente Social… Enfim, cheguei em casa e estudei sobre essas profissões e acabei escolhendo psicologia e as drogas.

Terminei o Ensino Médio e entrei na faculdade de Psicologia. Faltando 6 meses para o término da faculdade, surgiu nesta mesma lista de e-mail do DAR, uma oportunidade para trabalhar no Projeto ResPire (um projeto de RD em contexto de festa , do É de Lei) e eu me candidatei e acabei indo em minha primeira ação de RD. Foi apaixonante! Assim que me formei, por um grande acaso, o Bruno Ramos Gomes, que era o presidente na época do É de Lei, me perguntou se eu não conhecia alguém que gostaria de trabalhar na convivência do É de Lei, eu disse : “sim, eu”, fiz uma entrevista e uma semana depois que me formei, entrei como Redutor de Danos do É de Lei.
E a ideia de fazer o app e o canal no youtube?

Eu sempre fui uma pessoa muito virtual, nerd, sempre adorei jogos, videogame, celular e aplicativos… Na realidade, eu só juntei a fome com a vontade de comer: Peguei a experiência que tive de três anos no É de Lei e coloquei, junto com alguns amigos, em um aplicativo de celular.

O App Redução de Danos existiu por dois anos, tendo seu fim em novembro de 2015. Como nunca tive patrocínio ou financiamento, o App era mantido pelo meu bolso, fiz até uma vaquinha no Catarse, mas não demorou muito para esgotar todo o dinheiro levantado. Por isso, eu tive que escolher continuar bancando ou tentar outra alternativa. Até que um dia vi um cara muito engraçado chamado Molusco, em um canal chamado Mundo Molusco, no qual esse publicitário com uma máscara de lucha libre, conta suas histórias de vinte e poucos anos, quando ele usava drogas e fazia bobagens; o cara é super engraçado. Assim, tive o insight de pegar todo o conteúdo do App e passar para o Youtube, porque lá eu não precisaria pagar para manter as informações no ar. E foi assim que surgiu a ideia.

Por ser um canal que fala abertamente sobre drogas, tema que ainda é tabu no Brasil, você já sofreu algum tipo de ataque? Como lida com isso?

A maioria dos feedbacks que eu tenho, ainda, são positivos. Eu acredito que isso tem a ver com os canais e páginas que os vídeos estão circulando, acho que se os vídeos viralizarem isso vai mudar. Na verdade, estou esperando os “ataques” e estou esperando de braços abertos, eles vão me ajudar muito, me orientando por onde tenho que ir e onde preciso aprofundar para quebrar mais este tabu, que é a questão das drogas.

O app e o canal tem alcance nacional, o que deve render umas idas a eventos por esse Brasilzão. Qual a cidade mais afastada do centro Rio-SP que você já foi?

O canal do Youtube ainda não me deu retorno, eu acho. Mas, o App já me levou uma vez para Palmas-To e Curitiba-PR e umas cinco vezes para MG. A coisa que mais gosto de fazer na minha profissão, com certeza, é falar dela por aí, e um dos meus objetivos profissionais é conhecer todos os Estados Brasileiros através da RD.
Se alguém que não manja nada do assunto te pergunta o que é RD, o que você responde?

Honestamente, esta é a pergunta mais difícil de responder, porque muita coisa é RD e muita coisa não é, dependerá de muitos fatores. Definir a RD é, a meu ver, uma coisa bastante difícil, não é à toa que este vídeo eu ainda não gravei. Mas, eu diria que é uma forma de lidar com a questão das drogas (lembrando que RD vai para além da questão das drogas) muito mais realista, que visa a melhoria da qualidade de vida dos usuários, levando sempre em consideração sua autonomia e escolhas, pensando junto com usuário estratégias que fazem sentido na sua vida, que dê conta dos riscos e danos associados ao seu uso de drogas.


Em geral, como é a recepção das pessoas ao tema drogas e RD pelas cidades que você passa? Já rolou alguma fita curiosa?

Eu realmente não me recordo de nenhuma vez na qual fui fazer alguma fala e as pessoas não tenham recebido bem a proposta da RD. Talvez, por que eu não me proponho a descontruir nada, eu tento falar de forma descontraída, pois, eu acredito que as drogas são um tabu para os proibicionistas, porém, acho que é algo natural da existência humana querer alterar a consciência, e eu falo naturalmente sobre isso. Me recordo de uma situação bastante curiosa, quando fui fazer uma fala sobre RD no Batalhão da Guarda Municipal da minha cidade (Diadema), onde tinham mais ou menos 50 guardas e no meio da minha fala um deles levanta a mão e pergunta “Você esta falando isso ai, mas, você é usuário de drogas, né?”, respondi que todos nós éramos e o por que ele também era usuário de drogas. No final da palestra, um dos guardas veio falar comigo e eu fiquei meio tenso pois, ele tinha cara de mau, até que ele disse: “Olha, você mudou minha visão sobre esse tema, não tenho duvida que minha prática vai mudar também”, apertou minha mão como uma morsa, se virou e saiu sem esboçar nem um sorriso. rs

Quais as suas principais referências (aí vale da academia, da rua e da rede)?

Não tenho duvida que minhas maiores referências são os usuários de drogas que fui me tornando amigo na minha trajetória, na verdade, alguns deles eu até apelidei, como o “guru psicodélico”, quando ele ver esta matéria saberá que é dele que estou falando. Quando iniciei na academia, as pessoas mais próximas, como a Gabi Moncau, Renato Filev, o Julio Delmanto e toda a galera do DAR me colocavam muito para pensar. Depois, já Redutor de Danos, tive contato com Dartiu Xavier e Henrique Carneiro, sem falar que eu comecei a trabalhar com a galera que eu era fã, do É de Lei, né? Então, conheci os textos do Denis Petuco, foi ai que tudo começou a fazer sentido e as peças do quebra cabeça foram aparecendo, sem dúvidas, estas pessoas são minhas referências. Hoje, estou lendo muito, também, o francês Claude Olievenstein.

Já participou de alguma ação de RD que te marcou por algum motivo específico?

Todas elas me marcam muito, mas, as primeiras ações no Respire foram muito intensas para mim, pois, eu comecei a perceber que eu não tinha que só “proteger” e informar os usuários sobre os riscos e danos do uso de drogas, mas sim, compreender que existia um objetivo maior que era a busca do prazer do usuário. Comecei a entender que eu precisava pensar neste prazer, e que este prazer era tão importante quanto informar dos riscos das drogas, isso foi um grande divisor de águas para mim.

O Dória acabou de anunciar que fará testes antidoping nos usuários participantes do programa Recomeço, medida que vai contra os princípios da RD. Como você avalia o recém-anunciado programa de Dória para usuários de crack em situação de rua?

Se esta ideia for concretizada, será o maior fiasco e um grande retrocesso na atenção e cuidado dos usuários de crack na região central de SP. A primeira coisa que vem na minha cabeça com esta ideia, é uma pessoa gripada chegar em uma UBS e a atendente mandar ela voltar quando ela estiver melhor. Quero dizer com isso que, pessoas que conseguem parar com seu uso de crack serão atendidas, pessoas que não conseguem parar de usar ou não querem para de usar e que precisam de uma atenção maior, serão negligenciadas. Parece que o Dória não sabe que um dos princípios do SUS é equidade, ou seja, ofertar mais cuidados para aqueles que precisam mais.


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